Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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A balada de San Juan em Barcelona passo a passo

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h10 - Publicado em 25 jun 2008, 09h06

Costumo dizer que a noite de San Juan (do dia 23 para o dia 24 de junho) é a vingança dos que tiveram um reveillon mixuruca por causa do inverno. A principal festa do ano na Catalunha (e também em outros lugares da Espanha) é a única noite em que é permitido fazer fogueira e balada na praia. Os bares abrem até as 6 da manhã, chamam os melhores DJs e mandam ver no botão do volume (nos outros dias do ano o volume é limitado e os bares da praia fecham à meia noite).

Deveria ser proibido uma cidade ter um Sónar e um San Juan na mesma semana. Mas o verão por aqui é assim mesmo, jaca até o pescoço. Num ato heróico em nome deste blog, tentei registrar uma típica noite de San Juan passo a passo. Por favor, não reparem na ABSOLUTA falta de foco, por motivos óbvios.

Lá pelas 9 ou 10 da noite, o costume é se reunir com a família ou os amigos para uma festinha civilizada com comes e bebes. Ótimo pretexto para dar aquela forrada no pobre do estômago, que receberá doses cavalares de álcool nas próximas horas. No meu caso, o esquenta rolou com a simpática transformação da cobertura do meu irmão numa torre de Babel: amigos espanhóis, argentinos, alemães, brasileiros…

Lá pela 1, é hora de se locomover em direção ao mar antes que você “apalanque” (amo essa palavra, que quer dizer “empaque”) na casa de alguém e não consiga chegar à praia nunca mais. Como vocês podem reparar, todo mundo tem a mesma idéia na mesma hora, e o metrô (que fica aberto a noite toda) se transforma num verdadeiro trem da alegria.

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Começa o esquindô-le-le. A música está no talo, bombas (uma tradição pentelhésima de San Juan aqui também) explodem a noite inteira a um milímetro da sua cara e tem gente que pula até fogueira.

A multidão é absurda e a iluminação da praia é precária. Se você se perder dos seus amigos, babau.

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Amanheceu, a música dos bares já parou, mas surgem do além dezenas de pessoas munidas de bongôs, tamborins e outros instrumentos não identificados (tipo, chocalho de lata de cerveja). Começa a sinfonia mais desafinada e divertida de todos os tempos.

Às 6 da manhã a polícia diz “crianças, acabou a festa”, e começa a enxotar os últimos gatos pingados da areia para que o serviço de limpeza estabeleça a decência no litoral da cidade novamente. Preferi não passar por essa humilhação outra vez (teve um ano em que eu levei até empurrão) e me retirei às 5:59.

Nos próximos dez dias, serei movida a chá verde.

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