A sua cidade é a que você escolhe
Há tempos li algo do crítico de arte australiano Robert Hughes – em seu livro Barcelona, um Grande Passeio pela Feiticeira – que serviu como uma luva para mim. Repito mentalmente suas palavras a cada vez que saio pedalando uma bici pública por uma ciclovia arborizada, quando levo meu sobrinho para brincar em um parquinho público, ou quando vejo uma avenida em obras para alargamento da… calçada. Mas acabei demorando pra postar. Com a palavra, Robert Hughes:
“Você tem sorte se descobre a tempo, na vida, uma cidade que não seja aquela onde nasceu e que se torna o seu verdadeiro lar. Certamente não penso em Sydney [Hughes é de lá] desta maneira. Ficaria triste se não visse mais sua baía azul, com muitas enseadas, mas sei (até onde se pode ver o futuro sob o prisma do desejo) que nunca morarei lá, que voltar para lá para sempre não seria uma aventura nem uma realização. Fica muito longe, pelo menos de mim. Por que o patriotismo tem que lhe ser determinado quando você ainda é um feto? Reivindico o direito de escolher o que amar, e isto inclui as cidades. Você pode não querer repudiar as suas origens (certamente não quero), mas deve abraçar aquela que preferir. Quarenta anos atrás tive este maravilhoso golpe de sorte: Barcelona…”
Nasci em São Paulo e a amo. Mas escolhi Barcelona. E isso faz toda a diferença.
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