Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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A volta ao mundo através do álcool

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h47 - Publicado em 18 jul 2012, 12h54

 

Meu primeiro porre foi de rum com coca-cola. E a ressaca durou vinte anos, tempo que levei para colocar a bebida na boca novamente. O reencontro deu-se na Nicarágua, país cujo orgulho nacional está engarrafado e selado com o rótulo Flor de Cañas. Enquanto estive por lá, tomei rum todo santo dia. Amei o rum. Venerei o rum. Ele retribuiu descendo, enfim, macio. Enamorada do álcool que, à seu modo, marcou a minha adolescência, carreguei o peso de vários litros da bebida na mala. De volta à vida real, voltei a abominá-la.

 

E as garrafas jazem em meu armário, semi-intactas.

 

Este ano foi a vez da tequila, líquido subversivo que sempre associei às piores ressacas morais. Uma vez no México, gamei. Descobri o maravilhoso mundo da tequila premium e, copinho a copinho, adquiri a resistência de um cangaceiro. Herradura, Quita Peñas, Don Julio… Junto a elas sobrevoei o Atlântico de volta a Barcelona, certa de que jamais seria capaz de digerir um alimento sem a ajuda de um traguito.

 

E as garrafas jazem em meu armário, semi-intactas.

 

Meu bar privê também conta com um carregamento de txacolis que trouxe da última viagem ao País Basco. E eles jazem ao lado das vodkas com capim de alimentar bisontes que garimpei Lituânia.

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Antes que arraste um carregamento de Anís del Mono na próxima viagem que se aproxima, aos confins da Catalunha, faço aqui uma reflexão: a bebida, assim como muitas coisas na vida, precisam de um contexto. E, no Mediterrâneo, sempre cai melhor uma cavinha, à despeito do meu estoque alcoólico globalizado. Eu hei de lembrar-me disso da próxima ver que for acometida por uma nova paixão etílico-cultural.

 

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