Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Festival Sónar de Barcelona completa 20 anos de casa nova

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h43 - Publicado em 16 jun 2013, 19h22

Multidão no novo Sónar Village, sob o tórrido sol de Barcelona (foto de Cássio Leitão)

 

Encerrada hoje em Barcelona, a vigésima edição do Sónar foi uma festa com os grandes clássicos do festival, entre eles o britânico Matthew Herbert, e o bom e velho canadense Richie Hawtin (sempre Techno e sempre consistente). Batendo recorde de público em plena crise espanhola, com 121 mil visitantes provenientes de 102 países, o Sónar teve como grandes atrações Pet Shop Boys, que tocou na noite de abertura, na quinta-feira, e os vovôs alemães do Kraftwerk, pioneiríssimos da música e da estética eletrônica, que se apresentaram na sexta-feira.

 

Plaza de Espanya, o novo endereço do Sónar Día (foto de Cássio Leitão)

Era pra ser e foi: com efeitos 3D incríveis (e a plateia de óculos e tudo), o show do Kraftwerk foi o grande momento do festival. Pílulas caiam do céu, um satélite enorme “aterrissou” no meio do público e holografias gigantes elevaram a um patamar inigualável a estética dos anos 80 característica do grupo.

 

Sol e pouca sombra no Sónar Village (foto de Cássio Leitão)

Também prometia e cumpriu a badalada banda britânica Two Door Cinema Club, que fez a galera pular por 90 minutos seguidos ao seu som meio indie e algo melódico.

 

Apresentação no Sónar Día

Mas a grande novidade da vigésima edição foi o novo endereço do Sónar Día, a parte diurna do festival que se encarrega de mostrar as novas tendências da música eletrônica, aliadas a exposições multimídia. O evento agora acontece no centro de convenções Fira 1, na Plaça de Espanya. Até o ano passado, a vertente solar da festa se desenrolava de uma maneira mais intimista, em pleno centro de Barcelona, no bairro do Raval, entre o MACBA (Museu de Arte Contemporânea) e o CCCB (Centro de Cultura Contemporânea), envolvendo também o interior dos museus e suas exposições (para não deixar ambas instituições de fora, o MACBA e o CCCB abrigaram os shows de encerramento, para um público reduzido, hoje à tarde).

 

Público na Fira 1, espaço para eventos corporativos adaptado para o festival (foto de Cássio Leitão)

Comecemos pelo lado bom. No espaço N vezes maior, não houve problema para o acesso aos shows dos palcos internos, como sempre acontecia no antigo formato quando rolava alguma performance de um nome de peso (principalmente no palco Sónarhall). Também se descomplicaram algumas questões logísticas, como ir ao banheiro e comprar bebida. Em suma, a sensação foi a de que o Sónar Día ficou mais “espalhado”. O novo endereço também é mais próximo ao do Sónar Noite, na Fira 2, o que deveria facilitar o deslocamento entre ambos, se os ônibus que fazem o link tivessem sido posicionados de forma mais inteligente e se o horário da “migração” não coincidisse com o fim do show de luzes da Plaça de Espanya, que embolou o meio de campo com milhares de turistas.

 

Concebido para receber eventos corporativos, a Fira 1 é um espaço absolutamente frio e sem graça, para dizer o mínimo. Se antes o festival acontecia no coração de um dos bairros mais emblemáticos da cidade, agora rola dentro de um monstro de concreto. O palco aberto, Sónar Village, que antes era um deleite, com grama artificial entre várias árvores, agora parece um cenário de Mad Max, árido, quente, sem sombra. Quem não conseguia lugar sob um painel quadriculado que tentava em vão barrar um pouco do sol, estava fadado a torrar. Continua sendo legal? Sim. Mas perdeu grande parte do charme e do caráter único que tornava o Sónar diferente de todos os outros N festivais de música eletrônica. Que peninha.

 

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