Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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O que a Costa Rica tem que o Brasil não tem?

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h52 - Publicado em 6 mar 2011, 02h10

Ponte sobre o Rio Tárcoles: no meio do caminho havia um crocodilo (ou melhor, vários)

Bichos, bichos e bichos.

Calma, gente. Sei muito bem que nós temos a Amazônia, o Pantanal, a Jureia e o escambal. Não leve o titulo deste post ao pé da letra. O que quero dizer é que, aqui na Costa Rica, os animais são onipresentes. Vê-los, portanto, não requer grandes deslocamentos, muito dinheiro ou sacrifício. A vida pulsa no mar, nas praias, nos bosques, nas estradas e até nas cidades.

Iguana: mais comum do que pombas

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Revoada de pelicanos: em toda e qualquer praia

Durante o primeiro café da manhã na capital, San José, um grupo de esquilos tentou avançar no meu croissant em pleno centro da cidade. A caminho de Montezuma (uma praia famosa no Pacífico), paramos em uma ponte e vimos mais de 20 crocodilos de mais de dois metros nadando no rio, enquanto duas araras magníficas deram um rasante sobre nossas cabeças. Na Playa Hermosa de Uvita, dois tucanos pousaram a poucos metros de onde rolava um campeonato de surfe. Iguanas enormes são mais comuns do que pombas. Em toda e qualquer praia, até mesmo em Tamarindo (de onde escrevo este post), a mais movimentada do país, centenas de pelicanos enormes mergulham na água em busca de peixes – e como há peixes. Nos últimos dias, tenho acordado com um enorme macaco-congo emitindo ruídos guturais ao lado do meu quarto. Quatis, bichos-preguiças, lagartos, tarântulas, serpentes raras, pássaros enormes e coloridos podem ser vistos facilmente em qualquer bosque. Está tudo ali: fácil, acessível, vivo e sem medo do homem.

Há uma explicação para isso, claro. Em primeiro lugar, sorte desde o início. Enquanto os portugueses devastaram a Mata Atlântica para plantar cana, algodão e café, os espanhóis foram intimidados pela geografia montanhosa (os picos mais altos chegam a quase 4 mil metros), os vulcões e a selva osso duro de roer da Costa Rica, deixando o país um pouco de lado enquanto sugavam outras partes da América. Mas o passo mais importante veio bem mais tarde.

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Na década de 60, quando os conceitos de ecologia e desenvolvimento sustentável estavam engatinhando no mundo (e mal tinham chegado ao Brasil), a Costa Rica foi visionária ao investir no ecoturismo como uma alternativa ao declínio da exportação do café, a principal atividade econômica do país. A partir de então, áreas públicas e também privadas foram gradativamente convertendo-se em parques nacionais.

Hoje, um terço do país está tombado como área de proteção natural. A bicharada e os turistas — que contribuem com 68% do PIB nacional –  estão aí para provar que ser verde dá certo.

Siga Dri Setti no Twitter: @drisetti

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