Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Relatos de um réveillon na Tailândia (longe de Bangcoc!)

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h07 - Publicado em 4 jan 2009, 11h01

Para vocês terem uma idéia do fora do mundo que é Koh Pha Ngan, mesmo estando na Tailândia, só fiquei sabendo do incêndio que matou dezenas de pessoas em Bangcoc no réveillon ontem, via Skype, pela minha mãe. Um horror, uma tristeza. E agradeço imensamente por ter saído de lá dois dias antes, já que a região boêmia-cool onde aconteceu a tragédia seria um dos prováveis lugares candidatos para passar a virada na capital.

Com todo o respeito às vítimas, aqui vai um relato do ano novo em Koh Pha Gnan:

O dia estava pavoroso. Não parava de chover um segundo sequer. E a chuva era profissional, com direito a trovões e vento. Mesmo assim, fomos valentes. De isopor com duas champas a tiracolo (trazidas especialmente de Barcelona), embarcamos naquele táxi (táxi por aqui = a caçamba de uma pick up) junto com alguns ingleses e um casal de canadenses. Depois dos primeiros jorros de lama, já éramos todos amigos. Mais cedo ou mais tarde, eu ficaria imunda mesmo… então deixei a vaidade no primeiro charco da estrada.

A chegada em Haad Rin – 40 minutos e uma baldeação de “táxi” depois – me  lembrou aqueles tempos de réveillon no Rosa no começo dos anos noventa, em que a praia se transformava numa espécie de garimpo da Serra Pelada, só que lotado da chamada “gente bonita”. A grande diferença daqui é que, como o público é quase totalmente europeu e australiano, ninguém usa técnicas aprendidas com os gladiadores romanos para tentar beijar alguém. E, verdade seja dita, pelo menos em público, não rolou uma grande beijação não…

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Abre parênteses para momento mico: antes de finalmente chegar até a praia, topei com um brasileiro empolgadão que, com uma garrafa de champanhe Cinzano na mão (coitado, deve ter acabado com o estoque de Epocler que trouxe de Goiânia), urrou e berrou um palavrão em português. Depois invadiu um canteiro para tentar arrancar uma flor (para Yemanjá ou para pastar, não sei) e levou um tombo. Agradeci a deus por ter cara de sueca e passei batido. Fecha parênteses.

Já na praia, o astral era imbatível. Todo mundo lindo, feliz, pacífico. O que acontece em Haad Rin na noite do dia 31 é exatamente o mesmo que uma “Full Moon Party” (a LOUCA festa da lua cheia que relatei neste post), só que sem lua, por motivos de força maior.

Alguns bares tem clima de rave borboleta, com pessoas pintadas com tintas fluorescentes super pirando no movimento da própria mão. Mas quem tem trancefobia, como eu, sobrevive tranquilamente. Muitos outros lugares tocam rock australiano, reggae, R&B…

Encontramos por milagre a turminha de amigas de malta (aquelas que conheci na festa do hotel Mandalai que relatei neste post) com quem tínhamos marcado um encontro. E nos sentamos numa mesinha estrategicamente colocada sobre um tapete. O céu abriu milagrosamente e ficou estreladaço.

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Depois de 8 anos passando o ano novo em Barcelona no frio, finalmente pulei as 7 ondas. E CHOREI de emoção com os fogos e o momento, de tanta felicidade.  

Uma vez que as duas champas desapareceram, as memórias são um bocado nebulosas. Mas muito felizes e engraçadas. Inclusive a garota tailandesa que rolou da escada do bar Outback, que fica no topo do morro do lado esquerdo da praia e, incorporando uma bola de boliche, foi derrubando todo mundo até acabar embaixo das nádegas do meu namorado (sim, ele também caiu, só que sentado na CARA dela). Uma cena memorável, daquelas para morrer de rir depois.

Feliz ano novo, com um pouco de atraso, a todos os queridíssimos leitores desse blog, que convertem a tarefa de escrever nas “férias” em um enorme prazer, quase um vício.

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