Johannesburgo

Por Adrian Medeiros Atualizado em 19 dez 2016, 14h47 - Publicado em 28 set 2011, 13h21

Não, Johannesburgo não é a capital da África do Sul (nenhuma das três, aliás – a legislativa é a Cidade do Cabo, a administrativa é Pretória e a judicial é Bloemfontein). É, sim, a maior cidade do país. Antiga capital de ouro do mundo, no século 19, continua a fervilhar de vida e de cosmopolitismo.

Jo’burg, como é chamada pelos moradores, surgiu na corrida do ouro da década de 1880. O outrora pequeno assentamento africâner – isto é, descendente da colonização holandesa – tornou-se a principal cidade do país já na primeira metade do século 20. Atualmente, vive uma grande transformação. Bairros cheios de shoppings sofisticados e restaurantes caros, antes apenas frequentados por brancos, começam a se mesclar. Desde o fim do apartheid, uma enorme massa de negros ascendeu socialmente. Além disso, Jo’burg não é uma cidade no sentido clássico, mas um arquipélago de distritos e subdistritos que se conectam por autopistas. Como em Los Angeles e em São Paulo, o carro dita as regras e a “urbanidade” do lugar. Sandton, Melrose, Melville e Rosebank são alguns dos nomes associados a lugares com mansões, bons restaurantes, gigantescos shoppings e hotéis cinco estrelas. Os complexos de lojas de Sandton City e Nelson Mandela Square (interligados por uma passarela coberta sobre a rua) são labirintos de extensos corredores repletos de lojas de departamentos e de grife, livrarias e cafés. Na hora do almoço ou no fim o expediente, engravatados descem dos escritórios das redondezas, ou saem da Bolsa de Valores (que fica ali, e não mais no centro) para bater perna por suas lojas. O lugar é majoritariamente branco, mas os negros são cada vez mais presentes. Na zona sudoeste está Soweto, o mitológico distrito onde perduram velhas imagens de cães policiais ladrando para jovens negros e bombas de gás lacrimogêneo sendo atiradas por policiais brancos. De lá saíram Nelson Mandela, Desmond Tutu e milhares de estudantes e jovens desempregados que derrubariam o apartheid.Soweto não é só mais uma das maiores favelas do mundo. Como qualquer favela brasileira, muros de tijolo aparente e uma constelação de antenas parabólicas são vistos por todo lado.

Aproveite para conhecer o Museu do Apartheid, que fica entre Soweto e a área central de Jo’burg. Ele não economiza em recursos visuais para mostrar como era a vida dos negros sob o regime segregacionista. Logo à entrada, o visitante é classificado de acordo com a tonalidade da pele, como era feito com os negros e mestiços sul-africanos. Johannesburgo requer uma dose de tolerância do visitante. Ao tomar cuidados básicos como usar táxis recomendados por hotéis e não se aventurar desacompanhado por lugares de má reputação, o turista passará incólume pelos riscos.

Atenção: assim como todas as áreas urbanas da África do Sul, Johannesburgo sofre com graves problemas de segurança pública, mesmo para os padrões brasileiros. Não carregar muitos valores e não deixar câmeras fotográficas à mostra são apenas dicas básicas para evitar problemas.

COMO CHEGAR

Aéreo – Johannesburgo possui o principal aeroporto da África do Sul, o Oliver Reginald Tambo (JNB, www.johannesburg-airport.com). Há voos diretos entre São Paulo e a cidade, com serviço da South African Airways com duração a partir de 8 horas. Distante 25 quilômeetros do Centro da cidade, a forma mais segura e conveniente (mas não a mais barata) para chegar até lá é através de táxi. A jornada dura de 30 a 45 minutos. Se quiser tentar, há também serviços de ônibus e trem à disposição.

Ferroviário – Johannesburgo é muito bem conectada com o resto do país através de suas linhas de trem, uma das heranças que os britânicos sempre deixam em suas ex-colônias. Há composições que interligam a cidade a destinos turísticos importantes, com os mais distintos níveis de conforto. O serviço Shosholoza Meyl (www.shosholozameyl.co.za) vai até a Cidade do Cabo em 14 horas (Rand 560), Durban (11 horas, Rand 290) e Port Elizabeth (18 horas, Rand 420). Há ainda uma alternativa luxuosa, o Premier Classe, que possui vagões muito confortáveis e incluem as refeições no preço. O valor do passeio desde a Cidade do Cabo é Rand 2500 (com duração de 25 horas) e desde Durban é Rand 990 (em 14 horas), com duas saídas semanais.

Informações ao viajante

Línguas: Nguni,Sotho,Inglês e Africâner

Saúde: Recomenda-se possuir certificação para vacina para febre amarela

Melhor época para visitar: O verão costuma vir com boas temperaturas, mas chuvas frequentes. Entre Maio e Outubro as temperaturas podem cair a 4 graus, mas chuvas são mais raras

Publicidade