Chapada Diamantina

Por Adrian Medeiros Atualizado em 19 jun 2018, 17h12 - Publicado em 28 nov 2011, 11h22

Do alto do Morro do Pai Inácio, tradicional e imperdível atração, parece que a Chapada não tem fim. Pudera, são mais de 1 500 km² cheios de grutas com grandes salões subterrâneos, cânions gigantes e cachoeiras das mais belas e altas do país. Tudo isso, junto, faz deste um dos principais destinos de ecoturismo do Brasil. Além dos cenários naturais encantadores, a estrutura é das mais preparadas para o turismo, sobretudo em Lençóis, a “capital da Chapada”, onde há bons hotéis e restaurantes gostosos. A cidade é a base para ir às outras seis localidades turísticas daqui, seja a hippie Vale do Capão, sejam as cachoeiras de Ibicoara, seja a histórica Igatu ou mesmo a “recém-descoberta” Itaetê, novidade do GUIA BRASIL 2015, que tem lindas quedas-d’água. A cereja no bolo da Chapada é o queridinho dos aventureiros: o Vale do Paty, mais cênico trekking do país.

COMO CHEGAR

Para uma viagem de carro, a partir de Salvador ou da região Centro-Oeste do país, o melhor caminho até a região da Chapada Diamantina (no caso, Lençóis) é pela BR-242; partindo do Sul, desde Vitória da Conquista, pegue a BA-262 e depois a BA-142. A Azul (voeazul.com.br; 0800-887-1118) faz o voo Salvador-Lençóis apenas aos domingos (13h30, uma hora de duração). De ônibus, partindo da capital baiana, a Real Expresso faz o trajeto (0800-280-7325; R$ 63,19; todos os dias às 7h, 13h, 17h e 23h; 6h30 de viagem).

COMO CIRCULAR

Dentro de cada destino, dá para fazer tudo a pé. Para as trilhas, contrate guias nas agências ou nas associações. Para ir de uma localidade a outra: a BA-142 (a partir da BR-242) liga Lençóis a Andaraí, Mucugê e Ibicoara. Entre Andaraí e Mucugê, uma estradinha de pedras parte em direção a Igatu. A BR-242 leva a Palmeiras e, de lá, uma estrada de terra chega ao Vale do Capão. De ônibus, o trecho Lençóis-Palmeiras é feito pela Real Expresso (0800-280-7325; R$ 4,28; segunda a sábado, às 5h05, 13h05, 19h05 e 22h55; 50 minutos de viagem); de Palmeiras, lotações levam ao Vale do Capão (cerca de R$ 12). De Lençóis a Andaraí e Mucugê, quem leva é a Emtram (3331-1525; R$ 15 a R$ 26; segunda a sábado, às 10h e 16h; uma hora de viagem até Andaraí, 1h40 até Mucugê).

ONDE FICAR

Lençóis possui a maior quantidade de hospedagens da Chapada e também as mais confortáveis. Os quartos com as melhores vistas estão nas pousadas do Vale do Capão. Nas demais localidades, a maioria dos hotéis é mais simples e com pouca estrutura.

ONDE COMER

Os principais estão em Lençóis. No O Bode é possível provar receitas da época do garimpo, servidas também no Dona Nena, em Mucugê. Destaque ainda para o pastel de palmito de jaca da Dona Dalva, no Vale do Capão, e para os sorvetes da Apollo, em Andaraí.

Pratos do garimpo Refeições calóricas, com frutas e legumes da região, faziam parte da dieta dos garimpeiros nos séculos 18 e 19. Há receitas com cortes e miúdos de bode, carne de sol e carne-seca, além do pirão de parida (galinha caipira com pirão do próprio caldo). Os acompanhamentos mais comuns são o purê de leite, o godó de banana (ensopado de banana-verde), o cortado de palma (um tipo de cacto) e o cortado de mamão verde ou de abóbora.

Onde comer O Bode (Lençóis) e Dona Nena (Mucugê).

EXPLORANDO A CHAPADA DIAMAN

SAIBA MAIS

É fundamental ter a companhia de um guia para a maioria dos passeios. A sinalização, nas estradas e trilhas, não costuma ajudar. Você pode contratá-los nas agências, como a Nas Alturas (informações pelo telefone (75) 3334-1054) e a Venturas e Aventuras (informações pelo telefone (75) 3334-1030), ambas com base em Lençóis, e a Pé no Mato (informações pelo telefone (75) 3344-1105), no Vale do Capão; ou nas Associações de Condutores de Visitantes (ACVs), com preços mais econômicos – nesse caso, não dá para pagar com cartão, os valores não incluem seguro e não há veículos para os traslados (é preciso usar carro próprio); as diárias para até quatro pessoas custam a partir de R$ 80.

Contatos das ACVs: Lençóis, (75) 3334-1435; Andaraí, (75) 8128-8441; Ibicoara, (77) 3413- 2048; Itaetê, (75) 3361-9001; Mucugê, (75) 8231- 1610; Vale do Capão, (75) 3344-1087. Pedir indicações nos hotéis e pousadas é sempre uma boa solução: em Andaraí, a Pousada Sincorá (75/3335-2210) organiza roteiros e indica condutores.

Por contata própria As atrações que você pode visitar sem contratar guia são: grutas Torrinha, Pratinha e Lapa Doce, Cachoeira dos Mosquitos, Poço do Diabo, Ribeirão do Meio e Morro do Pai Inácio, em Lençóis; Poço Azul, Cachoeira Donana e Fazenda Marimbus, em Andaraí; Galeria Arte & Memória, Mina Brejo-Verruga, Ponto do Amarildo e Trekking Igatu-Andaraí, em Igatu; Poço Encantado, em Itaetê; Cemitério Bizantino, Projeto Sempre- Viva e Museu Vivo do Garimpo, em Mucugê; cachoeiras da Fumaça e do Riachinho e Poço das Cobras, no Vale do Capão. Muitas dessas atrações estão distantes das vilas – é preciso ter carro para chegar a elas.

Equilíbrio é tudo Intercale passeios desgastantes com outros mais leves, já que algumas atrações exigem caminhadas longas, em terrenos íngremes.

O que levar Botas ou tênis para trekking são indispensáveis. Na maioria das trilhas, é recomendado o uso de calça. Na mochila, leve água, frutas, chapéu (ou boné), repelente, protetor solar e blusa para proteger do vento. Entre novembro e janeiro, inclua uma capa de chuva.

É TUDO VERDADE

Leve dinheiro suficiente para toda a estadia na Chapada. Boa parte dos lugares não aceita cartões e os que aceitam muitas vezes ficam sem sinal – afinal, estamos entre montanhas, chapadões. Só há uma agência bancária em toda a região: do Banco do Brasil, em Lençóis.

HISTÓRIA

Se hoje Lençóis é considerada a “capital da Chapada Diamantina”, foi em Mucugê que a região se desenvolveu no século 19. O motivo? A cidade foi o principal polo da extração de diamantes. Estimase que, na época, a população tenha chegado a 30 mil habitantes, o dobro dos 15 mil atuais.

QUANDO IR

De dezembro a fevereiro as diárias sobem e as trilhas lotam – e as cachoeiras estão com maior volume de água. De junho a agosto, o clima é seco (tome muita água). Junho também é o mês da festa de São João e, em outubro, ocorre o Festival de Lençóis.

Por Luiz Felipe Silva

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