Bento Gonçalves

Por Adrian Medeiros Atualizado em 19 jun 2018, 17h20 - Publicado em 9 set 2011, 19h06

Se a Serra Gaúcha é a maior região vinífera do país, o Vale dos Vinhedos é o seu principal corte – e 60% dele fica em Bento Gonçalves. Na cidade marcada por vales e escarpas serpeadas por arroios, mais de 600 m acima do nível do mar, encontram-se dezenas de vinícolas – das maiores do país, como Casa Valduga e Miolo, às pequenas e artesanais, guardiãs da tradição dos imigrantes vindos da Itália no final do século 19. Mas há muito mais a percorrer em Bento. Para citar dois exemplos: o roteiro Caminhos de Pedra preserva boas compras e casas típicas dos colonos, e o Vale do Rio das Antas reúne vinícolas e um alambique. Há comida farta aqui também. O galeto, tradicional prato, está sempre acompanhado de massa ou polenta – macia e crocante.

RAIO X

Bons sonhos Na romântica pousada Borghetto Sant’Anna, todos os chalés têm vista para o Vale dos Vinhedos. Mas é a unidade chamada Casa das Fronteiras que exibe o visual mais incrível: a cama, no mezanino, fica de frente para uma ampla janela. Quando você deita, tudo o que enxerga é um campo repleto de parreiras.

Lugarzinho Pequenina e familiar, a Terragnolo é um achado no Vale dos Vinhedos. Os próprios donos recebem os turistas, apresentam os parreirais e explicam sobre o processo de fabricação do vinho feito com a uva Merlot. Além da bebida, há venda de geleias e sucos de uva, tudo orgânico e feito aqui.

Sacolinha Encha a mala (ou o porta-malas) com as delícias do sul. Além dos tradicionais vinhos e espumantes, há os Queijos Valbrenta, os Biscoitos Itallini, sucos de uva e comidinhas gostosas nas diversas paradas do roteiro Caminhosde Pedra, como as casas do Tomate, da Erva- Mate e Salumeria.

ONDE FICAR

Em Bento, a tradição de vinícolas está presente também nas hospedagens. Algumas inclusive ficam dentro delas, como ocorre nas pousadas Villa Valduga e Don Giovanni. Também está em Bento a Laghetto Viverone.

É comum ainda encontrar os sucos e vinhos locais no frigobar, e tratamentos estéticos que utilizam uva. Os endereços no Vale dos Vinhedos convivem mais com esse clima, como a Spa do Vinho Caudalie, Villa Mchelon e Pousada Borghetto Sant’anna. Quem opta pelo Centro tem a vantagem de estar perto de outros passeios interessantes, como o de Maria-fumaça até Garibaldi e Carlos Barbosa e o Caminhos de Pedra.

ONDE COMER

Refeições fartas, com sequências de pratos de carnes e massas, são frequentes por aqui. A principal atração gastronômica é o estrelado Casa di Paolo, que serve um dos melhores galetos do país. No roteiro Caminhos de Pedra, é possível garantir boas compras de comidinhas em lugares como a Casa do Tomate e Salumeria.

Comida TípicaGaleto (rodízio) As galeterias são uma espécie de instituição gastronômica gaúcha. As casas do gênero servem o chamado galeto italiano, originalmente feito com pombos ou aves de caça. No Brasil, eles foram substituídos por frangos, a maioria abatida al primo canto (ao primeiro canto), ou seja, entre o 23º e o 30º dia de vida. O galeto, temperado com sálvia, salsinha, sal e vinho branco, é assado em brasa de carvão. O rodízio da ave acompanha sopa de agnolini (capelete), maionese, radicce (almeirão) com bacon, polenta e massas caseiras, como o tortei (recheado com abóbora).

Vinícolas Os melhores tintos do país são produzidos aqui – a casta merlot é o grande expoente da região. Algumas vinícolas também produzem vinhos de mesa, mais doces e menos complexos. no armazém do restaurante Canta Maria você encontra os rótulos locais a preços parecidos com os das vinícolas. Entre gigantes do setor e empresas familiares, o roteiro é o mesmo: tour nos parreirais e pelo processo de elaboração, seguido de degustação. Enólogos acompanham os passeios. Algumas casas cobram pela visita, mas o valor pode ser revertido em compras. Além do vale dos vinhedos, há vinícolas em Pinto Bandeira, Faria Lemos, Tuiuty e no próprio Centro de Bento Gonçalves, caso da Aurora.

COMO CHEGAR

Os aeroportos mais próximos são os de Caxias do Sul e Porto Alegre. Da capital, são duas horas de carro. O acesso é pela BR-116. Depois, pegue a RS-122 seguida da RS-470. A mesma viagem de ônibus dura 2h30 e tem saídas todos os dias, de hora em hora, da rodoviária de Porto Alegre. De Caxias do Sul são 39 km pela RS-453 e mais 6 km pela RS-470. Há ônibus de Caxias a cada 30 minutos. A rodoviária de Bento fica no Centro.

COMO CIRCULAR

A RS-470 cruza a cidade. Por ela também é fácil chegar aos distritos de Tuiuty (onde está a vinícola Salton) e Faria Lemos (sede da Dal Pizzol) e à chamada Estrada do Vinho (RS-444), que leva ao Vale dos Vinhedos. Quem está sem carro pode embarcar no tour de van. Ônibus não é uma boa: há poucos, com trajetos longos. O aplicativo Turismo Bento, disponível para iOS e Android, têm mapas com a localização das atrações.

SUGESTÕES DE ROTEIROS

1 dia – Aproveite para iniciar o tour pela cidade visitando o que a distingue: as vinícolas famosas, como a Miolo e a Casa Valduga, e também as pequenas, como a Terragnolo, onde a ausência de uma megaestrutura é compensada pelo atendimento familiar. No almoço, prove o rodízio de galeto no estrelado Casa di Paolo. Depois, no Centro, que tal assistir à apresentação Epopeia Italiana, sobre a história dos imigrantes no estado?

3 dias – No distrito de Tuiuty, visite a Vinícola Salton e almoce no Pignatella, que serve receitas da região do Tirol, na Itália. Siga para o roteiro Caminhos de Pedra, na zona rural, e aprecie a vista da estrada, com casas de pedras centenárias e paradas divertidas, como o Parque da Ovelha. No dia seguinte, o passeio de Maria-Fumaça até Garibaldi e Carlos Barbosa inclui degustação de vinhos.

6 dias – Não faltam passeios em cidades próximas. Entre Bento e Garibaldi estão a Chandon, famosa pelos espumantes, e o restaurante Valle Rústico, na Estrada do Sabor. Em Carlos Barbosa, a 15 quilômetros, o varejo da Tramontina, traz descontos de 20%. Outra pedida é esticar a viagem até outras estrelas da Serra Gaúcha: Gramado e Canela.

QUANDO IR

A alta temporada é no inverno, principalmente nas férias de julho, quando as diárias dos hotéis sobem bastante. O verão é a época da colheita das uvas, quando os turistas podem acompanhar e participar do processo.

Por Renata Matromauro

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