Bogotá: quando ir, onde ficar, passeios, patacones e mais

Por Adrian Medeiros Atualizado em 11 mar 2024, 17h51 - Publicado em 10 out 2011, 15h56

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Ninguém dá nada para a Calle 26, uma das principais artérias de Bogotá e incontornável via para quem vai do aeroporto ao Centro da cidade. As construções cor de terra que ladeiam a rua parecem anunciar que a capital colombiana não é, pelo menos num primeiro olhar, interessante. Falta-lhe o carisma europeu de Buenos Aires ou mesmo o urbanismo organizado de Santiago.

Até que, lá pelo cruzamento com a Avenida NQS, uma profusão de desenhos e cores tinge a fachada dos prédios: amarelos, roxos, vermelhos, cabeças gigantes, seres amorfos, caveiras, mandalas. Sim, a partir dali, a antes sem graça Calle 26 se veste de grafites. O ápice do conjunto é o mural El Beso de los Invisibles, de 23 metros de altura, com um casal entrelaçado se beijando.

Graças a um decreto de fevereiro de 2013 que determinou espaços para serem dedicados à arte de rua, grafites de artistas colombianos e estrangeiros deram roupa nova à cidade. Muitos deles pedem paz e esperança e tematizam a violência que um dia também inundou Bogotá. Mas os tempos são outros.

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A qualidade de vida e a infraestrutura melhoraram muito – a primeira linha de metrô da cidade começará a ser construída em 2020 -, a vida cultural está aquecida, hotéis não param de inaugurar e a gastronomia decola para o deleite dos foodies. Os grafites foram só um prelúdio da moderna metrópole de 8 milhões de habitantes.

Havia mais deles em La Candelaria, o centro histórico, fazendo uma composição interessante com as casinhas e os edifícios antigos. A Plaza de Bolívar abriga a bela Catedral Primada. Ao adentrar uma travessa estreita, dois ótimos museus: o Del Oro, com 34 mil peças de ouro confeccionadas por povos pré-colombianos; e o que guarda vasta coleção de pinturas e esculturas de Fernando Botero, o artista que ficou famoso por retratar personagens roliças.

Vale também dar uma espiada no prédio modernista onde funciona o Centro Cultural Gabriel García Márquez, que, apesar do nome, não traz qualquer exposição sobre a vida do maior escritor colombiano; mas, se quiser ler suas obras no original, é possível comprá-las na ótima livraria que há lá dentro.

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Patacones, si señor

O crocante patacones para se deliciar pelas ruas (David Berkowitz/Flickr)

Não deixe de experimentar o patacones, petisco salgado de bananas-da-terra fatiadas bem finas e fritas, vendidas em saquinhos pelas ruas. De La Candelaria, tome o funicular para o alto do Cerro de Monserrat, o Pão de Açúcar bogotano, que balançava de leve com o vento que sopra constantemente (a cidade está 2 640 metros acima do nível do mar). Lá no alto, você se senta nos degraus da igreja e vê Bogotá todinha.

Transcorrendo uns 2 quilômetros pela Carrera 7, chega-se ao bairro de La Macarena, um pequeno enclave boêmio e cultural, com lojinhas de decoração, cafés com poltronas que vendem salgados orgânicos e o ateliê de César Giraldo, um espanhol que vende bolsas e carteiras de couro artesanais que quase me fizeram entregar todo o meu orçamento de pesos da viagem numa tacada só. E restaurantes e bares de toda sorte, desde tapas e frutos do mar até comida sérvia.

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Carrera 7 em linha reta

Bogotá tem proporções gigantescas – sua área é maior que a de São Paulo. Porém, a maioria das atrações turísticas se concentra numa linha reta. O melhor jeito de se orientar é usar como referência a Carrera 7, a avenida – principal. Ela vai do Centro a Usaquén (no norte da cidade). Entre eles vêm, nesta ordem, La Macarena (o bairro boêmio descolado), a Zona G (dos restaurantes top), a Zona T/Rosa (para comprar e tomar umas à noite) e o Parque 93 (com boa concentração de hotéis).

E é lá que está o Leo Cocina y Cava, da chef superstar Leonor Espinosa, que está para a Colômbia como Alex Atala está para o Brasil – ela já apresentou uma espécie de MasterChef local, chamado La Prueba. Leonor encabeça o grupo de chefs mais inventivos do país, que, seguindo uma tendência da gastronomia mundial, viaja pelos rincões do país em busca de pequenos produtores e novos sabores, retomando e ao mesmo tempo transformando ingredientes tradicionais. Sua criação mais aclamada é, veja você, atum selado com formigas.

A festa pantagruélica continua na Zona G, aonde se chega de preferência de táxi, o jeito mais fácil de se locomover pela cidade (são abundantes e baratos, sempre tocando vallenato, ritmo local que lembra o sertanejo, mas um pouco menos irritante). De nome sugestivo, o bairro reúne um grupo de restaurantes top, como o francês Criterion, dos chefs hermanos Raush, e outros que figuram em programas de TV e livros de receita. O salão é classudo, e o cardápio, extenso (carnes, peixes, massas, risotos…), que contém tanto pratos à la carte quanto menu degustação.

A noite pode seguir pela adjacente Zona T/Rosa, em que a Calle 83 e a Carrera 12-A são de acesso exclusivo a pedestres. Bares animados montam mesas pelas varandas e calçadas e os frequentadores se dedicam aos trabalhos etílicos ao som de música alta. O El Coq, com sofás dispostos em volta de uma árvore sob um teto retrátil, é a pedida tanto para a happy hour quanto para dançar até às 3 da madrugada.

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Isso muda o mundo

O clima do pueblo de Usaquén (Rosalba Tarazona/Flickr)

Igualmente movimentada e alto-astral é a área do Parque 93, alguns quarteirões ao norte, que concentra uma porção de hotéis, comércio de rua, turistas e muitos bogotanos engravatados. O Click Clack é bacanérrimo: aberto no fim de 2013, o hotel tem decoração cool milimetricamente pensada, restaurante badalado, bar no terraço, apartamentos com iPad e exposições de fotografia.

Ao redor, outros bons restaurantes de chefs da moda, como o Matiz, se misturam a redes locais, como o onipresente Juan Valdez Café. Nos moldes do Starbucks, o lugar vende várias versões do respeitadíssimo café colombiano (inclusive em embalagens para viagem).

Mas, se ainda não deu para entender quão moderninha está Bogotá, aqui vai a cartada final: nos últimos 20 anos, a cidade ganhou 392 quilômetros de ciclorutas, vias exclusivas para ciclistas separadas por canaletas de concreto e barras de ferro. Nos fins de semana, somam-se a esse número 120 quilômetros de ruas fechadas para automóveis e dedicadas apenas ao uso de ciclistas, skatistas e corredores. Resumo da ópera: Bogotá tem, hoje, uma das maiores malhas cicloviárias da América Latina.

Nessa onda, aproveite um domingão de sol para pular em uma bici e pedalar pela Carrera 7, que, sem carros, lembra a orla de Ipanema aos domingos (só faltou o mar). Em linha reta, dá para chegar até Usaquén, um antigo pueblo que foi engolido pela cidade. Uma feirinha maravilhosa de artesanato rola entre uma praça frondosa e ruelas estreitas, ocupadas também por, adivinhe, dezenas de restaurantes!

Em um deles, a Casa Vieja, aproveite para provar o típico ajiaco con pollo, sopa de batata com alcaparras, abacate, creme de leite e milho. “O melhor lugar para viver Bogotá é em volta da mesa”, decretou o garçom gentil e sorridente, num espanhol lento e bem pronunciado.

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Esticadas

A impressionante Catedral de Sal, em Zipaquirá (Robert/Flickr)

Se o tempo permitir, de Bogotá é possível fazer ótimos bate e volta. Um dos mais clássicos é a Catedral de Sal, em Zipaquirá, a 48 quilômetros de distância ou a uma hora de ônibus, que sai do Terminal de Transporte de Bogotá (Diagonal 23, 69-60). O lugar é originalmente uma mina de sal escavada no interior de uma montanha – prova de que ali já foi um oceano, há milhões de anos. Ao mesmo tempo que cavavam túneis para extrair o sal, os mineradores talhavam salões que depois foram transformados em capelas e recantos de oração.

Do mesmo Terminal de Transporte saem ônibus para Villa de Leyva, a três horas da capital. O lugar é uma adorável vila, fundada, em 1572, aos pés dos Andes, com casinhas de arquitetura colonial espanhola lindamente conservadas. Quase todas exibem janelas e varandas invariavelmente floridas. A boa é simplesmente se sentar em um dos restaurantes da Casa Quintero e ver a vida passar na ampla e bucólica Plaza Mayor. Para imprimir ainda mais fotogenia ao passeio, vale subir em um cavalo e circular por trilhas que seguem rentes às espetaculares montanhas que formam a Cordilheira dos Andes. 

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Oásis de compras ao sul

Não dá para chamar a Colômbia de EUA no quesito compras, mas, em tempos de dólar alto, ela não fica tão longe. Bogotá tem todas as marcas gringas que a gente ama – algumas que até não têm loja no Brasil, como a Aeropostale, a Birkenstock e as filiadas da Zara Bershka e Pull and Bear.

Há também boas barganhas, como os preços dos iPhones na loja Mac Center. Se estiver à procura das famosas bolsas coloridas tecidas pela tribo Wayuu, saiba que dá para comprarnas lojas de shoppings, como a Colombia es Bella e nas feiras de rua, como as de Usaquén.

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Onde ficar 

O W Bogotá tem 168 luxuosos quartos. Se a pedida é localização, o GHL Hotel Hamilton fica na Zona T/Rosa. Se a ideia é ser descolado, o lugar é o Click Clack.

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Passeios

A Bogota Graffiti tem tour pela área dos grafites. O Museo del Oro guarda mais de 30 mil peças da era pré-colombiana; enquanto o Museu Botero tem vasto acervo do artista nacional. Ao norte de Bogotá, o mercado de pulgas de Usaquén vende artesanato local aos domingos.

Além de seus bons museus, a cidade oferece passeios agradáveis aos turistas. A La Candelaria é um deles, com atrações históricas que dizem muito sobre suas origens – ideias para quem curte roteiros urbanos com um olhar ao passado.

A Iglesia de São Francisco impressiona com sua arquitetura e riqueza de detalhes no interior. O altar, coberto de ouro, relembra o período barroco.

Para quem curte passeios mais arejados, a boa pedida é visitar o Jardin Botânico Jose Celestino Mutis. Apesar de pequeno, ele conta com uma vegetação variada, com lugares para fazer uma tranquila caminhada. O Parque Natural Chicaque, por outro lado, é grandioso e relaxante, promovendo uma sensação de paz inigualável ao turista.

Nos arredores da cidade, vale a pena dar um pulo na Laguna de Guatavita, um dos mais belos cenários naturais da região.

Agitar

Na badalada Zona T/Rosa, o El Coq (Calle 84BIS, 14) é agitado da happy hour às 3 da madruga.

Prepara!

Quando ir

Em Bogotá, o ideal é ir de dezembro a março e de julho a agosto, durante as estações secas.

Dinheiro

Peso colombiano

Línguas

O espanhol é o idioma oficial. Portunhol serve.

Fuso

-2h (horário de Brasília)

Saúde

Exige certificado internacional de vacinação contra febre amarela

Documentos

Brasileiros não precisam de visto por 180 dias. Entrada permitida tanto com passaporte quanto com carteira de identidade (RG) 

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