Praga: passeios, hotéis, restaurantes, cervejarias e mais

Por Da Redação Atualizado em 24 out 2023, 20h51 - Publicado em 4 out 2022, 11h28

Não é de hoje que, monumental e poética, Praga faz tremer os joelhos de quem a visita pela primeira vez. Mas, com seu ar elegantemente sombrio, e suas torres góticas compondo o skyline, a metrópole com mil anos de história está mais bela e vibrante do que nunca. Não à toa, a diva da República Tcheca recebe quase sete milhões de turistas ao ano e já é uma das dez cidades mais visitadas da Europa.

Mais de três décadas após a queda do regime comunista, restam poucos vestígios daquela decadence avec elegance característica do velho Leste Europeu. Recentemente, o célebre relógio astronômico da principal praça do centro histórico foi reinaugurado, após passar por uma minuciosa restauração. Assim como ele, a maioria dos monumentos está impecável, ornando com ruas que impressionam pela limpeza e jardins cuidados com precisão matemática.

Ainda que a República Tcheca faça parte da União Europeia desde 2004, o país não aderiu ao euro, o que ainda mantém os preços – em coroas tchecas – um tiquinho mais baixos em Praga do que em capitais como Madri ou Lisboa. Mas é bom que se diga que, pechincha de verdade, hoje em dia, só na hora de pagar a conta do bar. No país com maior consumo de cerveja per capita do mundo, a bebida custa mais barato que água e o levantamento de canecões – com dois dedos de colarinho – é o grande esporte nacional, seguido pelo hóquei no gelo.

Apesar do grande porte da cidade, a maioria das atrações concentra-se em uma área relativamente compacta, repartida entre os bairros de Staré Město, Nové Město, Malá Strana e Hradčany (Distrito do Castelo). Quatro dias é o tempo mínimo que você deve investir para atravessar repetidas vezes a Ponte Carlos, flanar pelos jardins de Malá Strana, explorar igrejas barrocas e góticas, visitar o maior castelo do mundo e o Josefov, o bairro judeu. Mas vale esticar até uma semana para curtir a vida noturna da badalada rua Dlouhá, dar uma chance à nova cozinha tcheca e conferir o que rola no Karlín o bairro da vez.

QUANDO IR

Do ponto de vista climático, o verão é a melhor época para visitar Praga. Nesta época, o sol brilha na maior parte do tempo, convertendo os parques e beer gardens (cervejarias com mesas no jardim) da cidade em uma festa ao ar livre. Vale lembrar, no entanto, que o auge do “calor” na República Tcheca pode ser mais frio do que o inverno em grande parte do Brasil. Durante o dia, a temperatura costuma variar entre 19oC e 23oC graus e, à noite, os termômetros chegam a cair para a faixa dos 10oC. O efeito colateral do verão é a (enorme) quantidade de turistas. Para ver Praga com mais tranquilidade, prefira a primavera (abril e maio) ou o outono (outubro e novembro), evitando feriados internacionais, como a Semana Santa. No inverno (dezembro a março), prepare-se para enfrentar temperaturas negativas, dias curtos e muita neve.

COMO CHEGAR

Não há voos diretos do Brasil para a República Tcheca. O caminho mais curto para chegar a Praga é via Frankfurt, Paris e Zurique com Lufthansa, Air France e Swiss, respectivamente.

Para ir do aeroporto ao centro da cidade de transporte público, o mais fácil é pegar o ônibus 119 até a estação de trem Nádraží Veleslavín, conectada ao metrô. O trajeto dura aproximadamente 15 minutos. É possível comprar o bilhete direto do motorista (em coroas tchecas), nas máquinas ou no guichê de informação do transporte público. Um táxi até o centro custa cerca de CZK600(€23) e, um Uber, ao redor de CZK450 (€18).

COMO CIRCULAR

As atrações de Praga estão concentradas em uma parte da cidade sob medida para ser percorrida a pé. Para subir ladeiras íngremes ou para cobrir trajetos mais longos, bondes, ônibus e metrô podem dar uma mão. O ótimo sistema de transporte público de Praga funciona com quatro tipos de bilhetes: para 30min (CZK24), 90min (CZK32), um dia (CZK110) ou três dias (CZK310) a contar do momento de validação (e não da compra!). Eles podem ser adquiridos nas estações de metrô (as máquinas mais antigas só aceitam moedas) ou em bancas de jornal. Simples e eficiente, o aplicativo PID Lítačka, com versão em inglês, traça itinerários e permite comprar bilhetes. Antes de embarcar, é só validá-los on-line.

Atenção: não há catraca em nenhum veículo de transporte público da cidade, mas é obrigatório validar o bilhete nas máquinas amarelas que você verá na entrada do metrô e dentro dos ônibus e bondes, sob pena de levar uma multa de CZK800 (€31) caso apareça um fiscal. O metrô funciona diariamente das 5h à 0h. Bondes e ônibus operam 24h.

A roubada mais clássica do transporte de Praga é pegar táxi direto na rua. Principalmente nos arredores da Ponte Carlos e em outras zonas turísticas, ainda é comum topar com motoristas desonestos que usam todas as artimanhas para enganar os turistas. Para escapar de golpes, use o aplicativo Liftago para pedir um carro. Através dele, você pode escolher o taxista de acordo com sua avaliação, tipo de veículo e tarifa proposta. Outras boas opções são o AAA e o TickTack Taxi.

O Uber funciona bem em Praga e tem tarifas significativamente mais baixas que os táxis. Se você usa o app no Brasil, pode acioná-lo automaticamente na República Tcheca.

O sistema Lime, de bicicletas e patinetes elétricos compartilhados, foi lançado recentemente em Praga. Para utilizá-lo, basta instalar o aplicativo, configurá-lo com um cartão de crédito e escanear o código QR para iniciar a viagem. O sistema é bem semelhante aos já conhecidos no Brasil.

PASSEIOS

 Staré Město (Cidade Velha)

A Staré Město (Cidade Velha) é a parte mais antiga do centro histórico de Praga. Neste emaranhado de ruas de paralelepípedos, todos os caminhos levam à Staroměstské náměstí (Praça da Cidade Velha), presença garantida em qualquer lista das praças mais bonitas do mundo. Cheia de vida (e de turistas), é um grande palco a céu aberto, com artistas de rua apresentando-se dia e noite, cercados por algumas das maiores joias arquitetônicas da cidade. Ali estão as magníficas torres góticas da Nossa Senhora de Týn, contrastando com o barroco da Igreja de São Nicolau. O conjunto se completa com o Palácio Kinsky, transbordando rococó e abrigando parte da coleção da Galeria Nacional de Praga. Não dá pra passar batido, também, pelo monumento em homenagem do herói nacional Jan Hus, filósofo e fundador da igreja Hussita, que antecedeu a Reforma Protestante e ainda tem seguidores na República Tcheca.

De hora em hora, entre 9h-23h, a multidão de turistas que circula pela Staroměstské náměstí se aglomera diante do recém-restaurado Relógio Astronômico. Vale o aperto para garantir um lugarzinho para ver a procissão de bonecos, que entram em ação ao som do badalo dos sinos. O “espetáculo”, que acontece desde 1410, dura 45 segundos e está repleto de simbolismos. Além dos Doze Apóstolos, você verá figuras que representam o Invasão Pagã, a Avareza, a Vaidade e a Morte.

Para ver o epicentro de Praga do alto, vale a pena subir ao topo da Torre da prefeitura da Cidade Velha, cujo mirante eleva-se a quase 60 metros de altura (respire, dá para subir de elevador). Compre a entrada pelo site oficial. Além de ser mais barato (CZK210), dá direito a entrar sem pegar a fila! O magnífico edifício também pode ser explorado em detalhes em um tour guiado.

Ícone absoluto de Praga, a Ponte Carlos fica a poucos minutos de caminhada da Staroměstské náměstí. Com seus 516 metros e 16 arcos, e ladeada pelas estátuas de 30 santos, ela une a Staré Město ao bairro de Malá Strana, revelando vistas majestosas do castelo e das margens do rio Moldava. Encomendada em 1357 pelo venerado rei Carlos IV (daí o nome), ficou a cargo do célebre arquiteto Petr Parlér, o mesmo da catedral de São Vito. Inaugurada em 1390, só foi fechada para o trânsito depois da Segunda Guerra e, hoje em dia, carrega um desfile incessante de gente, que vai e vem ao ritmo de violinistas e bandas de música folclórica, ziguezagueando entre caricaturistas, vendedores de artesanato e milhares de turistas. Não deixe de passear por lá à noite, quando o movimento é menor e a iluminação da cidade se reflete nas águas do rio. E, por via das dúvidas, não se esqueça de tocar na imagem em bronze de São Nepomuceno sendo jogado no rio. Diz a lenda que isso garante voltar a Praga.

Na “cidade das 100 torres”, muitas merecem a sua atenção. Mas uma das mais belas é a Torre da Pólvora, em estilo neogótico, que marca o ponto inicial da rota da coroação dos reis tchecos (que culmina na catedral de São Vito, no castelo). Ela ficou pronta no século 15 e tem esse nome porque, de fato, servia para estocar munição. Para subir ao mirante, e preciso vencer 186 degraus.

Ainda na Staré Město, não deixe de passar pela rua Celetná, uma das mais antigas e bonitas do bairro. Ali, o edifício mais chamativo é a Casa da Nossa Senhora Preta, um ícone da arquitetura cubista tcheca, que guarda um bom acervo de arte no mesmo estilo.

Josefov (antigo bairro judeu)

 Parte fundamental da história da cidade, os judeus chegaram a representar um quarto da população de Praga no início do século 18, formando a maior comunidade judaica do mundo naquela época. Antes de que a Alemanha nazista invadisse a então Tchecoslováquia, na Segunda Guerra mundial, 92 mil judeus viviam na cidade. Estima-se que mais de dois terços deles tenham sido assassinados.

Seis monumentos que sobreviveram à destruição do antigo bairro judeu – que hoje em dia é um dos redutos mais elegantes da cidade – formam o  Jewish Museum. Uma das atrações indispensáveis da cidade, o circuito reúne uma vasta coleção de peças sagradas, incluindo itens que foram coletados de sinagogas tchecas destruídas na Segunda Guerra.

As principais atrações são a Sinagoga Velha-Nova (a mais antiga da Europa), erguida no século 13 nos primórdios do gótico; a belíssima Sinagoga Espanhola, lindamente ornamentada em estilo mourisco; e o impressionante antigo Cemitério Judeu. Fundado no século 15, é o mais antigo do velho continente e tem pelo menos 100 mil túmulos sob suas 12 mil lápides.

Nové Město (Cidade Nova)

De nova, esta parte da cidade só tem o nome. Fundado em 1348 pelo rei Carlos IV, o bairro forma uma meia lua ao redor da Staré Město (Cidade Velha), com seus bulevares amplos e monumentos cheios da pompa. Sua praça mais grandiosa é a Václavské Náměstí (Praça Venceslau). É lá que os tchecos se reúnem para celebrar suas vitórias e ou participar de acaloradas manifestações políticas. Testemunha de vários fatos históricos importantes, a praça foi palco do anúncio do fim do regime comunista da antiga Tchecoslováquia, em 1989. Ao redor da estátua equestre de São Venceslau, padroeiro da República Tcheca, há diversos edifícios da administração pública, lojas, cinemas, teatros e hotéis.

No alto da Václavské Náměstí está o opulento Museu Nacional de Praga, que reabriu em 2018 depois de uma interminável reforma que restaurou o brilho de sua arquitetura neorrenascentista. Erguido em 1880 pelo arquiteto Josef Schulz, guarda um acervo que repassa a linha do tempo da República Tcheca nas artes e nas ciências. Vale a visita, nem que seja só para apreciar os detalhes do interior do edifício. Outro museu para aprofundar-se na história do país é o Museu do Comunismo, que esmiúça os tempos em que a República Tcheca (então Tchecoslováquia) fez parte do Bloco Oriental de países aliados à União Soviética.

Caminhando rente ao rio Moldava, ninguém passa batido pelo  Teatro Nacional que ocupa um magnífico (e colossal) edifício neorrenascentista do século 19, onde acontecem as principais apresentações de ópera, balé e teatro na cidade. Para evitar roubadas, não compre os bilhetes de vendedores na rua ou revendedores sem referências, que podem ser falsificados ou caros demais. O mais seguro é comprar direto do site oficial.

Em meio a essas e outras construções seculares às margens do rio, a Casa Dançante chama a atenção, com seu semblante envidraçado e contorcido, que lembra (vagamente) um casal de dançarinos – por isso, foi apelidada de “Ginger e Fred”, em homenagem a Ginger Rogers e Fred Astaire. A obra é fruto de uma parceria entre o arquiteto croata radicado em Praga Vlado Milunić e Frank O. Gehry, o popstar canadense das pranchetas, autor do Walt Disney Concert Hall de Los Angeles e do museu Guggenheim de Bilbao. Tem um hotel de luxo em seu interior e, na cobertura, o espetacular Glass Bar, que oferece vistas incríveis de seu mirante.

Malá Strana

Do outro lado do rio Moldava (para quem vem da Staré Město), e aos pés do castelo, Malá Strana é um dos bairros mais agradáveis da cidade. A principal atração do pedaço é a Igreja de São Nicolau, verdadeira obra-prima do barroco em Praga (não confundir com a igreja de mesmo nome na praça da Cidade Velha!). O edifício guarda o maior afresco da Europa em seu teto: Apoteose de São Nicolau, pintado por Johann Kracker em 1770. Além disso, seu órgão de 2500 tubos foi tocado por ninguém menos que o compositor austríaco Mozart, em 1787. O jeito mais emocionante de conhecer o interior da igreja é assistindo um concerto de música clássica (CZK490). Cheque a programação no site e reserve sua entrada on-line. Saindo de lá, flane pela rua Nerudova, uma das mais lindas (e fotogênicas) de Praga.

Outra igreja essencial de Malá Strana é a de Nossa Senhora Vitoriosa, ou Santuário do Menino Jesus de Praga. Trazida da Espanha em 1628, a imagem do Menino Jesus teria protegido Praga da peste durante a Guerra dos Trinta Anos, no século 17, entre outros milagres atribuídos. O lugar atrai milhares de peregrinos e tem um pequeno museu.

Outro tipo de peregrino fará questão de deixar a sua marca no Muro de John Lennon, na Velkopřevorské náměstí. Logo após o assassinato do eterno Beatle, em 1980, este muro ganhou um mural com imagem do ídolo pacifista e passou a atrair pichações com reivindicações políticas – subversão grave durante a ditadura comunista. Pintado incontáveis vezes pela Ordem dos Cavaleiros de Malta (os proprietários, que desistiram de remar contra a maré nos últimos anos), é incansavelmente “redecorado” por grafiteiros, artistas e curiosos do mundo inteiro e acabou tornando-se uma atração turística acidental.

De lá, siga para a Ilha de Kampa. Entre os rios Moldava e Certovka, é um dos lugares mais gostosos de Praga para estar em um dia de sol. Tem um museu de arte contemporânea (repare nos pinguins amarelos enfileirados no rio!) de primeira linha e lindas vistas. Logo em frente, com acesso pela ponte Legií, há outra ilha-parque linda de morrer, ideal para um piquenique ou para tomar uma cervejinha no barco-bar que costuma atracar por ali no verão.

Outros lugares para espairecer são os jardins de Malá Strana. Cuidados com todo esmero, e enfeitados com laguinhos, fontes e canteiros floridos, eles abrem de abril a outubro. Um dos mais bonitos é o de Wallenstein, que abriga concertos de música clássica no verão. Quase vizinho, o Voyan é o mais antigo da cidade e entrega uma linda vista do castelo. Completando a “santíssima trindade” dos jardins dessa região, o Vtraba tem terraços em estilo barroco.

Hradčany (Distrito do Castelo) e arredores

Com mais de mil anos de história, o Castelo de Praga é a atração número um da cidade. Maior castelo do mundo, segundo o Guinness World Records, reúne em seu interior a magnífica Catedral de São Vito, a Basílica de São Jorge, o antigo Palácio Real e a residência presidencial oficial, entre outros monumentos. Há vários tipos de bilhetes de entrada. Escolha a sua de acordo com as atrações que faz questão de conhecer por dentro. E, antes de mais nada, muna-se de paciência para enfrentar a fila do controle de segurança (que pode ser enorme no verão).

Vale combinar uma visita ao castelo com uma passadinha no Santuário de Loreto, um lindo edifício barroco, cuja origem remonta a 1626. Em seu interior há uma réplica da Casa de Virgem Maria (a original está em Loreto, na Itália), onde teria acontecido a Anunciação. É um importante centro de peregrinação e organiza concertos de órgão nas tardes de sábado.

Outra beldade desta região é o Mosteiro de Strahov, onde a grande sensação é a biblioteca, construída entre os séculos 17 e 18. O difícil é saber qual de suas duas salas principais é mais bela, a da filosofia ou a da teologia – ambas foram cenários de vários filmes de Hollywood. Repletas de obras de arte e livros raros, elas foram ricamente ornamentadas com afrescos e relevos barrocos. A beleza tem seu preço: para fotografar é preciso pagar uma taxa extra (CZK50) além da entrada (CZK120).

Parques

Numa colina debruçada sobre o rio Moldava, o Parque Letná entrega algumas das vistas mais espetaculares da “cidade das 100 torres”. Não perca o seu baratíssimo beer garden (cervejaria com mesas no jardim) que, na falta de uma praia, funciona como o ponto de encontro dos moradores de Praga nos dias ensolarados.

Outro parque icônico e com vistas matadoras (sobre uma colina de 318 metros de altitude) é o Petřín, famoso por sua torre. Qualquer semelhança com a de Paris não é mera coincidência. Construída em 1891 (quatro anos depois da francesa) para a Exposição de Praga, ela foi mesmo inspirada na Eiffel e também tem um mirante. O parque ainda tem um labirinto de espelho do século 19 e abriga a bonita igreja de São Lourenço. Para chegar lá, pegue o funicular na estação da rua Újezd, no bairro de Malá Strana.

Navegar pelo rio Moldava

Navegar é preciso para ver Praga de ângulos exclusivos, com direito a ventinho no rosto. Empresas como a Prague Boats fazem tours básicos de uma hora, com várias saídas ao dia, e também organizam almoços e jantares temáticos nas águas do Moldava e seus canais. Para um programa mais original, você pode embarcar no Prague Venice, que opera barquinhos históricos; no Jazz Boat, com direito a show de jazz, ou no Wine Boat, que inclui degustação de cinco vinhos tchecos.

Nos dias de sol, o leito do rio – que não é poluído – também chega a ficar congestionado… de pedalinhos! A bordo de majestosos cisnes (e passando rente desses animais em versão de carne e osso!), ou de barquinhos em forma de carro retrô, você pode explorar as ilhas do rio e até fazer um piquenique aquático. E não pense que isso é programa só de turista. Os tchecos adoram pedalar na água e costumam celebrar aniversários, despedidas de solteir@ e até pedidos de casamento assim. Quem aluga esses e outros “veículos” é a Slovanka.

ONDE FICAR

A cinco minutos de caminhada da Staroměstské námesti, o Boho é uma boa pedida de luxo moderno. Outro que é tiro e queda para quem faz questão de mordomia é o Four Seasons, que fica a poucos metros da Ponte Carlos, em plena Staré Město, e tem uma das vistas mais lindas da cidade.

Na categoria “design acessível”, o Motel One e o Nyx são escolhas certeiras, ambos  estrategicamente localizados perto da estação de metrô da Náměstí Republiky (entre outras), a poucos minutos de caminhada de várias atrações e restaurantes.  Para economizar em hospedagem sem perder no quesito localização, vale apostar no lindinho Sophie’s Hostel, que além dos dormitórios coletivos tem quartos privados com ar condicionado. Mais central ainda é o Hostel Downtown, que quartos de várias categorias de conforto, entre privados e coletivos. Outro que cabe em vários orçamentos é o Mosaic House, em Nové Město, que tem quarto dignos de hotel boutique e dormitórios coletivos, além de ser considerado um exemplo em sustentabilidade.

Achado econômico em Malá Strana, o Hostel Santini fica em uma das ruas mais bonitas de Praga (a Nerudova). E se a ideia foi celebrar uma ocasião especial (lua de mel?) no mesmo bairro, o Alchymist Prague Castle Suites é pura extravagância, ocupando um palacete histórico aos pés do castelo.

ONDE COMER

Foi-se o tempo em que a cozinha tcheca tradicional (nem sempre feita com amor) era a dieta básica do turista em Praga. A cena gastronômica da cidade está em plena ebulição, com jovens chefs fazendo versões modernas e mais saudáveis dos pratos tradicionais. Nos últimos anos, a capital também ganhou boas pedidas para vegetarianos e ótimos representantes da cozinha internacional – principalmente asiática.

Bom exemplo desses novos ventos é o Eska, estratégico para provar uma versão atualizada da gastronomia local e observar o vaivém do bairro do Karlín, a bola da vez. Com jeitão industrial, é um mix de restaurante, café, padaria artesanal e empório, com muitas opções para veganos, cardápios que mudam de acordo com os ingredientes da estação e ênfase nos produtos locais e orgânicos.

Outro ícone contemporâneo de Praga é o Lokal releitura de uma típica taverna tcheca. Produz uma ótima cerveja preta e serve a Pilsner Urquell mais bem tirada que você já bebeu, direto do gigantesco tanque metálico. A comida, feita com ingredientes frescos e regionais, é excelente e em conta. Tem várias unidades na cidade, mas a mais animada é sempre a da badalada rua Dlouhá, que também é o endereço do Bottega Bistroteka. Nesta outra rede de sucesso, a essência do cardápio é italiana, mas também há clássicos tchecos com pitadas criativas. Ainda na mesma rua, será inevitável reparar no movimento do Naše Maso. É um açougue? É um bar? Sim e sim. Para enfartar veganos, este lugar escondidinho em uma galeria faz um sucesso bombástico com carnes maturadas, defumados, frios e embutidos de altíssima qualidade, que vão direto do mostrador às (poucas) mesas.

Outro cercado de burburinho é o Sansho, que une duas correntes gastronômicas em alta num lugar só: produtos comprados diretamente de fazendeiros das redondezas e aproveitamento total do animal (a chamada cozinha nose to tail, “do focinho ao rabo” em tradução literal). Em um ambiente todo branquinho e minimalista, serve receitas asiáticas com referências de países como Japão, Tailândia, Vietnã, Malásia e Índia.

Ok, mas uma vez em Praga, você faz questão de provar a comida tcheca clássica, certo? Então toca para o Mincovna, que teria tudo para ser mais um restaurante “pega turista” em plena Staroměstská, mas serve cozinha típica honesta em apresentações bem-cuidadas e tem pratos do dia a precinhos camaradas de segunda a sexta na hora do almoço. Outro achado em endereço improvável é o U Magistra Kelly, pequenino e acolhedor, perto do castelo. Aposte no goulash de Angus ou nos dumplings de batata recheados de carne de porco defumada. Dentro do edifício art nouveau mais escandalosamente belo de Praga, a Casa Municipal, o café Obecní dum tem menu turístico de almoço acessível e vale pela ambientação. Para um jantar romântico, vá ao Peklo escondido na adega milenar subterrânea – escavada na rocha! – do mosteiro de Strahov. Misterioso, à luz de vela, serve a exótica cerveja verde (aromatizada com ervas) produzida no mosteiro, acompanhada por tábuas de frios e receitas tchecas.

No país com maior consumo de cerveja per capta do mundo, as cervejarias também são uma excelente pedida para comer (além de beber pivo, obviamente). O menu costuma ter pratos bem tradicionais (e “levinhos”), como salsichas variadas, goulash, presunto de Praga (curado, ensopado e defumado), sopas cremosas e porções de carne de porco para ogro nenhum botar defeito. A U Fleku, por exemplo, é uma das mais famosas, com 500 anos de tradição e presença garantida no roteiro de todo turista (faça reserva!). Vale conferir, pela atmosfera festiva com música ao vivo, pelo jeitão medieval da decoração e, claro, para provar um canecão da boa cerveja preta produzida in loco. Em plena Stare Mesto, a U Supa se gaba de ser a cervejaria-restaurante mais antiga do centro de Praga, com origens no século 15. Ocupa um belíssimo edifício que literalmente transpira malte e lúpulo, onde a mágica acontece diante dos clientes, em majestosos tanques posicionados no centro do bar. Para algo mais moderninho, nada bate a Dva Kohouti, no Karlín, onde hambúrgueres e afins são devorados com cervejas artesanais de mão-cheia. Tem pegada hipster e um animadíssimo pátio com mesonas compartilhadas ao ar livre. Ao visitar o mosteiro de Strahov, não deixe de ir no Klášterní pivovar Strahov, que ocupa o mesmo lugar onde os monges residentes produziam cerveja no século 17.

Para comer com vistas espetaculares, poucos superam o Marina Ristorante, que prepara os clássicos da cozinha italiana, ofuscados pela imagem da Ponte Carlos e do castelo. Para uma noite especial com um visual parecido, invista no também italiano Cotto Crudo, do hotel Four Seasons,.

Em qualquer caso, vale guardar um espacinho para um café e, quem sabe, um docinho. Venerado pelos entendidos, o Můj šálek kávy é o lugar ideal para tomar um expresso ou um filtrado tirado à perfeição. Para um sorvete, tome fôlego para encarar a fila da

Angelato, em nome dos sabores à base de leite do sul da Boêmia, pistache siciliano e baunilha de Madagascar. Outra tentação é a Cukrář Skála, a maravilhosa fábrica de doces do famoso pâtissier Lukáš Skála, que executa à perfeição tanto as receitas tradicionais de seu pai (e mestre), como criações vanguardistas inspiradas em suas viagens pelo mundo. E na categoria “clássicos imortais”, você será teletransportado ao cenário de um filme de época ao adentrar o Café Savoy. Sob um lindo lustre de cristal e o teto ricamente decorado, devore os doces assinados pelo pâtissier Lukáš Pohl. Vale saber, também, que os preços do menu de almoço e jantar parecem bastante moderados se comparados à pompa do lugar, fundado em 1893. Já no Waffle Poin u Kajetana, o segredo do sucesso é o  cheirinho que emana do assador de trdelnik (doce típico da Eslováquia, feito de massa assada recheada de sorvete e outras tentações). Também manda bem nos waffles e crepes.

COMPRAS

Praga pode até não ser conhecida como um destino focado em compras. Mas, assim como em qualquer grande cidade europeia, na capital tcheca você encontrará boa parte das redes internacionais de fast fashion (H&M, Zara, Mango e afins) concentradas ao redor da rua Na Příkopě, ou no shopping Palladium. Já as grandes grifes, enfileiram-se na elegante Parizka. E se a ideia for comprar artigos de luxo com desconto, vale afastar-se um pouco do centro para ir até o Fashion Arena Prague.

Também há uma série de “coisinhas” típicas interessantes, como os cristais da Boêmia, que você encontra em lojas como a Rony Plesl e a Moser. Outro ícone local é a granada, uma pedra semipreciosa da cor do rubi. Uma joalheria na qual você pode confiar é a Granát Turnov, que tem dois revendedores no centro de Praga. Para brinquedinhos de madeira, uma boa é a Amadea. E também vale conferir a Manufaktura, de cosméticos naturais, que tem lojas por toda cidade e criou uma linha de tratamentos a base de cerveja.

DOCUMENTOS

Brasileiros não precisam de visto para visitar a República Tcheca (país membro da União Europeia) por até 90 dias. Basta apresentar o passaporte com validade de pelo menos seis meses a contar da data do final da viagem. Em alguns casos, o agente de imigração ainda pode solicitar outros comprovantes: passagem de volta, reserva do hotel, seguro-saúde e evidências que confirmem que você tem meios financeiros para bancar a temporada em Praga (CZK1.110, o equivalente a €42 por pessoa para cada dia de viagem, em limite de cartão de crédito/débito internacional, saldo de cartão pré-pago ou dinheiro em espécie).

DINHEIRO

A moeda da República Tcheca é a coroa tcheca (CZK). Como é difícil encontrá-la no Brasil, leve euro ou, como segunda opção, dólar. Evite trocar dinheiro no aeroporto, na estação de trem e no terminal de ônibus Florenc, onde as taxas e cotações costumam ser menos favoráveis que no centro da cidade. Fique atento: há muitas casas de câmbio desonestas em Praga, que anunciam com estardalhaço “Comissão 0”, mas operam com cotações até 50% abaixo da oficial! Para não ter erro,  três empresas nas quais você pode confiar são Praha Exchange, Alfa Prague e Xchange Grossmann, que informam as cotações do dia através de seus respectivos sites. Jamais compre coroas tchecas de pessoas na rua. É fraude na certa!

Os cartões de crédito e de débito internacionais são aceitos em grande parte dos estabelecimentos e caixas eletrônicos de Praga (ATM, na sigla em inglês). Para sacar dinheiro, procure máquinas vinculadas a bancos, como UniCredit, CSOB e Česká spořitelna. Apenas em último caso utilize a rede EuroNet, que você verá por todos os lados, inclusive dentro da área de recolha de bagagem do aeroporto, nos arredores do hotel e em lojas de conveniências. A pegadinha é que ela cobra taxas altas e oferece cotações bem mais baixas.

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Informações ao viajante

Línguas: Tcheco e eslovaco. O inglês é amplamente difundido

Saúde: Não há demandas específicas

Melhor época para visitar: Primavera e outono, quando as hordas de turistas não estão na cidade

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