Manaus

Por Adrian Medeiros Atualizado em 14 jul 2021, 15h50 - Publicado em 9 set 2011, 19h06

Manaus não é uma cidade pacata no meio da selva. A metrópole, de 2 milhões de habitantes, já mostra os sintomas de um centro urbano que cresceu muito rapidamente (prepare-se para o trânsito carregado). No lugar da floresta, ergueu-se uma capital de concreto, marcada pela chegada das indústrias após a criação da zona franca durante o regime militar.

Mas, é claro, a natureza está ali pertinho, seja nos parques que foram preservados, como a Reserva Florestal Adolpho Ducke e o Bosque da Ciência, seja no calçadão revitalizado da Ponta Negra, onde o belíssimo Rio Negro abraça a cidade convidando para um passeio na orla. Além disso, os inúmeros hotéis de selva localizados nos arredores de Manaus tornaram-na uma das principais portas de entrada para explorar a Amazônia. Dos tempos áureos da borracha restou o esplendor de construções históricas como o impressionante Teatro Amazonas e o Mercado Municipal, reaberto após sete anos de reforma.

UM DIA PERFEITO

Comece o dia com o café da manhã no Café Regional Priscila – e não deixe de provar o sanduíche de tucumã, a comidinha mais famosa da cidade. Depois, você pode passear a pé pelo Centro e visitar o Teatro Amazonas, o Palacete Provincial e o Palácio Rio Negro, todos próximos. À tarde, pegue um barco até o passeio mais clássico de Manaus, o encontro das águas dos Rios Negro e Solimões. À noite, experimente a culinária local no Banzeiro, o melhor da especialidade.

O GUIA RECOMENDA

Você pode gastar mais dois dias na cidade e visitar o Seringal Vila Paraíso, que mostra como era a vida dos seringueiros na época da borracha, ou programar uma visita ao Museu da Amazônia, parque com exposições sobre fauna e flora. Programe refeições nos restaurantes amazonenses ou de pescados, para provar os deliciosos peixes da região, como o tambaqui e o matrinxã. Escolha um dos passeios de um dia, como o que leva às Cachoeiras de Presidente Figueiredo ou o que segue pelo Rio Negro até Anavilhanas. Depois, dedique ao menos três dias para ficar em alguma hospedagem na selva, e conheça mais de perto a maior floresta tropical do mundo.

Dica: enquanto estiver na capital, verifique se há algum espetáculo no Teatro Amazonas, para que você possa vê-lo em funcionamento e com todo o seu esplendor artístico.

COMO CHEGAR

A melhor maneira de chegar à capital é de avião – o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, parcialmente reformado para a Copa (e ainda não entregue totalmente até setembro de 2014), recebe voos das principais regiões brasileiras. De táxi, o trajeto de 14 km até o Centro custa R$ 65.

Duas rodovias conectam outras capitais a Manaus: a BR-174 faz a ligação a partir de Boa Vista (RR), passando pelo território indígena Waimiri Atroari (o tráfego dentro da reserva é interrompido entre 18h e 6h); e a BR-319 vai de Porto Velho (RO) a Manaus depois de uma travessia por balsa – os quase 900 km da estrada apresentam trechos precários, interrompidos nos períodos de chuva. De barco, a viagem desde Belém (PA) pelo Rio Amazonas pode levar cinco dias.

COMO CIRCULAR

O trânsito pesado e o sistema viário confuso tornam os deslocamentos muito difíceis para quem não conhece Manaus. Ruas bloqueadas e retornos fechados complicam ainda mais a situação. E não basta confiar no GPS, pois há ruas com mesmo nome em bairros diferentes e numeração irregular nos imóveis. A solução é usar o táxi, mas até os motoristas às vezes ficam confusos, pois muitas ruas tiveram seus nomes trocados recentemente. No Centro Histórico, vale caminhar. A turística Praia de Ponta Negra e o Distrito Industrial distam 16 km e 10 km, respectivamente, do Centro da capital.

ONDE FICAR

Nos últimos anos, a rede hoteleira de Manaus recebeu 1 800 apartamentos, parte por ser uma das sedes da Copa de 2014. Durante o evento, a ocupação teve picos de 84%, mas, passada a competição, havia superoferta de quartos.

Fique atento: tarifas podem cair. Para ficar mais perto das melhores atrações, hospede-se no Centro. E quem reserva hotel em Vieiralves ou Adrianópolis está próximo de shoppings e restaurantes.

Cuidado com as pousadas muito simples, localizadas na selva. Elas oferecem preços baixos para compensar a infraestrutura precária. Nos hotéis de selva indicados no GUIA BRASIL 2015 há diferenciais: boa estrutura para passeios, maior conforto e baixo impacto na natureza.

ONDE COMER

Adrianópolis e Vieiralves, próximos ao Centro, reúnem a maior parte dos restaurantes, mas alguns estão escondidos em bairros residenciais, como os italianos Cantina Dom Domenico e Trattoria da Margô. A cidade tem boas opções de cozinha amazonense – aproveite para provar a costela de tambaqui na brasa e o matrinxã.

COMIDA TÍPICA

Farinha de Uarini — É conhecida também como “farinha ovinha” devido à semelhança com as ovas de peixes locais. A matéria-prima é a mandioca amarela, colocada na água por até sete dias, quando se transforma em uma massa chamada puba. Ela é então espremida, moída e peneirada em formas com grandes orifícios. Ao fim do processo, os grãos são secos e depois hidratados. Onde comer: Nos restaurantes de cozinha amazonense.

Guaraná — O que se bebe aqui não é refrigerante: guaraná em Manaus é sinônimo de um suco de água com o amargo pó – feito da semente da frutinha, torrada e moída em processo similar ao do café – ou com seu xarope, bem adocicado. As marcas regionais mais conhecidas são Baré, Regente, Tuchaua e Real. Onde beber: Casa do Guaraná Saterê, Ponto do Guaraná, Café Regional JoelzaCafé Regional Priscila e nos bares e lanchonetes da cidade.

Peixes do Rio Amazonas — Nos rios da Amazônia há cerca de 2 mil espécies de peixes. E pelo menos dez delas podem ser provadas nos restaurantes da cidade. Entre as receitas mais conhecidas estão a costela de tambaqui na brasa, a caldeirada de tucunaré, clássicos locais, e o pirarucu de casaca, em que o peixe é servido entre camadas de farofa – de preferência, feita com a típica farinha ovinha. Neste prato, o peixe é preparado em sua versão ”bacalhau da Amazônia”. Matrinxã, jaraqui e acari (que, quando assado e socado, se transforma numa farinha de base para receitas de bolinhos e caldos) também são facilmente encontrados nos menus manauaras, quase sempre acompanhados por tucupi, farofa e um molhinho de pimenta – a amarela, feita de murupi, é bem típica. Onde comer: Nos restaurantes de cozinha amazonense.

Sanduíche de Tucumã — Em qualquer lanchonete, é fácil encontrar o tal x-caboclinho – em Manaus, aliás, os mais regionalistas leem “x-caboquinho”. A receita não tem segredo: no meio de um pão francês colocam-se lascas de tucumã, fruto de uma palmeira amazônica. Oleoso, o ingrediente funciona como uma espécie de manteiga (com sabor totalmente diferente) e pode vir acompanhado de queijo coalho ou banana. Onde comer: Waku Sese, Café Regional JoelzaCafé Regional Priscila, Café Regional Tapiri e em lanchonetes ao redor do Teatro Amazonas.

O QUE FAZER

As principais atrações da capital ficam na região central. Ali, a força econômica do período da borracha (1880-1914) deu origem a construções imponentes – o melhor exemplo é o belo Teatro Amazonas. Para conhecer os palácios e centros culturais de Manaus, programe um dia para caminhar sem pressa pelo bairro, que também concentra as melhores compras, como a Galeria Amazônica, que vende peças indígenas.

As agências Amazon Explorers e Fontur levam para atrações mais distantes, como as Cachoeiras de Presidente Figueiredo, o Encontro das Águas e o Seringal Vila Paraíso – os dois últimos podem ser feitos com a associação de barqueiros Acamdaf (3658-6159), a preços mais baixos (e com economia de tempo). Quem viaja para a selva pode realizar o ecoturismo da Amazônia.

NOITE

Um dos programas mais clássicos de Manaus é o Bar do Armando, que, por ser na Praça do Teatro Amazonas, reúne turistas e locais. Para dançar, há o All Night Pub, com pop rock e country, e o Copacabana Chopperia (Avenida do Turismo, sem número, Tarumã, 3584-4569/9274-6400), com sertanejo e pagode. No Jack’n’Blues Snooker Pub, as atrações são as bandas de blues e rock. Onde a madrugada também vai longe, ao som de rock, é o Porão do Alemão (Estrada da Ponta Negra, 1986, São Jorge, 3239-2976).

FOTOGRAFIA

O Museu da Amazônia, na Reserva Florestal Adolpho Ducke, inaugurou em 2014 uma torre de observação com três plataformas. A mais alta tem 42 metros de altura e fica acima do nível das copas das árvores, com ótima vista para a floresta e parte da cidade.

HISTÓRIA

O piso de pedras portuguesas do Largo São Sebastião, onde fica o Teatro Amazonas, lembra o calçadão de Copacabana (RJ). Mas foi Manaus que inspirou o Rio, já que o famoso desenho do piso, em forma de ondas pretas e brancas, surgiu primeiro aqui, em 1901.

QUANDO IR

Prepare-se para sentir muito calor durante o ano todo. No inverno amazônico (dezembro a junho) chove bastante e é quando os rios ficam cheios e a floresta alaga. Na seca (julho a novembro), praias formam-se na selva e nas proximidades da cidade.

SAIBA MAIS

Como faço para me hospedar? Os telefones e e-mails funcionam bem nos hotéis. Os pacotes variam de um a sete dias, e as tarifas caem de modo inversamente proporcional ao número de noites.

O que levo na mala? Na Amazônia, o sol é inclemente. Protetor solar, óculos escuros e bonés são imprescindíveis. Para aproveitar as atrações, reserve roupas leves.

Há muitos mosquitos? Nos arredores do Rio Negro, repelentes simples funcionam para espantá-los. No Rio Solimões, procure protetores potentes.

Preciso tomar vacina? É recomendável tomar vacina contra a febre amarela dez dias antes do embarque.

Como ocorre o traslado a partir de Manaus? Na reserva você combina o horário do traslado, que ocorre a partir do aeroporto ou do seu hotel em Manaus. O transporte é feito em vans e, no rio, em lanchas.

Dá para viajar com as crianças? Sim, e alguns hotéis têm boa área de lazer e quartos amplos. Mas alguns trajetos de barco para os hotéis levam até três horas.

Qual o perfil dos hotéis? Há os com conforto parecido aos dos resorts. Outros focam na experiência de imersão na floresta – neste caso, os mais indicados são o Juma Amazon Lodge, o Malocas Lodge e o Amazon Tupana Lodge.

Quais as restrições nos hotéis mais selvagens? Há restrição de energia elétrica e banhos quentes, mas não o tempo todo.

Como são as refeições nas hospedagens? Tambaquis e pirarucus são servidos frescos. Acompanham feijão, arroz e farinha de mandioca uarini, típica do Amazonas. No café da manhã há frutas locais.

Por Luana Lila

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