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O Centro é o limite

Nova casa de Facundo Guerra, o Cine Joia promete fazer barulho na Liberdade

Por Marcela Puccia Braz
Atualizado em 16 dez 2016, 08h57 - Publicado em 28 nov 2011, 19h50

Uma pequena placa de “Aluga-se” chamou a atenção do produtor André Juliani para a fachada do curioso Cine Joia (Praça Carlos Gomes, 82, 3231- 3705, www.cinejoia.tv; Cc: D, M, V; Cd: M, R, V), perdido na via lateral da Rua Doutor Rodrigo da Silva, na Liberdade. O imóvel em forma de diamante, que estava sendo desocupado por uma igreja pentecostal, ia ao encontro das expectativas do empresário Facundo Guerra, sócio de André no Vegas Club, e do jornalista Lúcio Ribeiro para abrigar uma casa de shows diferente na capital. Inaugurado em 1952, o Cine Joia exibia os filmes premiados da vanguarda japonesa, principalmente os do diretor Akira Kurosawa, até virar templo religioso, nos anos 1980. “Estava todo destruído, mas dava para recuperar. Fomos à Cinemateca, pesquisamos o que tinha no Joia Antigo e nos inspiramos nele para fazer uma intervenção tecnológica e estética”, diz Facundo, dono também do Lions NightClub e dos bares Volt e Z Carniceria.

Localizado entre a Praça da Sé e a Liberdade (e respectivos metrôs), o Cine Joia prolonga a descida dos empreendimentos noturnos desde o Vegas, no Baixo Augusta, até o Centro da cidade, passando pelo fim da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, onde está o Lions. “Agora, só se a gente abrir alguma coisa no Pateo do Collegio”, brinca Facundo, sem esconder um brilho no olhar.

Em 11 de novembro, a abertura da casa, restrita a convidados em trajes de gala, revelou as inovações decorativas propostas pelos três sócios. Nas paredes com 15 metros de altura, uma projeção de imagens sobre os relevos em losango criava impressionantes imagens em terceira dimensão, algo como estar em um caleidoscópio gigante. A autoria do projeto, chamado de 3D mapping, é do coletivo argentino Estado Lateral. “Eles usam os recursos estilísticos da arquitetura para criar uma ilusão de ótica”, explica Facundo. A pista inclinada, ótima para ver o amplo palco, só não combina com salto alto. Fumódromo (interno, mas apertado), serviço de valet e ponto de táxi à porta estão entre as conveniências. “Além disso, nosso serviço é premium. Nada de cerveja em copo de plástico. Aqui você tem choperia, piso de madeira. Tudo isso traz conforto”, diz Facundo. Nos camarins, dotados de jukebox e máquina de fliperama, as gravuras eróticas ao estilo oriental shunga, do século 16, inspiraram a street art de Felipe Yung, conhecido como Flip.

Outro decantado diferencial da casa é o cardápio musical, composto de rock, jazz, blues, indie, punk, ska, soul, bluegrass, big band, música eletrônica e brasileira, sempre ao vivo. Quando não houver show, o Joia não abre. Entre as atrações confirmadas para dezembro está a banda americana Delinquent Habits, que mescla funk a ritmos latinos, e a dupla norueguesa de folk indie pop Kings of Convenience, já com ingressos esgotados – as entradas são vendidas pelo site da casa, pelo Facebook (www.facebook.com/cinejoia) e no Bar Volt (Rua Haddock Lobo, 40, 2936-4041).

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Com capacidade para 1 500 pessoas, o Joia comporta shows de médio porte, “característica única em são Paulo”, afirma Facundo. O Credicard Hall, por exemplo, abriga até cinco vezes esse público, e o Studio SP, na Rua Augusta, só um terço dele. “É um lugar com identidade, o que você não vê nas casas maiores. O cara vai querer fequentar o Joia, não só procurar a apresentação da banda da qual é fã”, acredita André.

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Dezembro de 2011 – Edição 194

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