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Mais que uma prainha bonita – Por uma cidade sem carro

Florianópolis: interrompemos esta reportagem para mostrar o que três escritores têm a dizer sobre sua musa - e o que aqueles que a visitam deveriam saber

Por Santiago Nazarian
Atualizado em 16 dez 2016, 09h12 - Publicado em 14 set 2011, 16h33

Quando você estiver passando seu sábado de sol dentro do carro, no congestionamento, com um calor escaldante, surfistas vencendo a pé seu avanço, lembre-se disso: largue seu carro.

Florianópolis é um paraíso preservado, ainda um lugar seguro, civilizado, limpo e repleto de natureza, mas parte de por que ela se mantém assim é o acesso restrito. Florianópolis, como você sabe, é uma ilha, e as ilhas precisam respeitar seus limites, controlar seus acessos, ou afundam. Muito do charme de Florianópolis se deve ainda a seu relativo isolamento e à dificuldade de circular por lá. Ainda que não incisivamente restritiva como outras ilhas que controlam o número de visitantes, tem vias simples de acesso às principais praias e a proibição de construção em grande parte de seus morros e montanhas.

Isso se reflete em uma imensa área verde… e congestionamentos.

Com a invasão anual de turistas argentinos, gaúchos e paulistas, os nativos manezinhos da ilha aprenderam a faturar construindo adendos a suas casas, puxadinhos, novos andares. A oferta de quartos, casas e pousadas improvisadas é uma fartura durante o verão, mas o acesso físico a isso é cada vez mais complicado.

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Quem dera os turistas apenas viessem de carro e o deixassem estacionado. Mas o carro não para de circular. “Vamos à padaria?” Carro. “Está levando guarda-sol pra praia?” Carro. Verdade que Florianópolis está longe de ser excelência em transporte público, são poucos ônibus, os táxis são raros e caros, mas você que é turista não devia se preocupar com isso. Devia é escolher sua praia. E andar.

Da Barra até a Lagoa da Conceição – trajeto costumeiro de congestionamentos no verão -, dá para fazer em uma hora e meia… a pé. De carro, em horários de pico, pode levar mais. Da Lagoa até a Mole, 50 minutos. Tem medo de andar? Vai te ajudar a queimar calorias, ficar em forma. Vamos lá, não é como andar na Avenida Santo Amaro, em São Paulo – você pode aproveitar a vista, reforçar o bronzeado, paquerar com os carros parados ou tirar onda do playboyzinho que ficou para trás de você. Se ainda assim andar não parece uma opção atraente, sugiro então que experimente remar – alugue um caiaque ou uma canoa. Também pode tentar o windsurfe ou mesmo o kitesurfe, aquele “surfe de pipa” em que você é puxado pelo vento. Há várias escolas pela ilha, e certamente são uma opção mais ecológica e mais divertida.

Já ouvi gente sugerindo “aterrar a Lagoa” para duplicar as pistas – talvez você também vá proferir essa insanidade se decidir ir à Joaquina de carro na véspera do Réveillon. Mas a melhor dica que posso dar para sua saúde e sua sanidade é esta: largue seu carro.

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O escritor paulistano Santiago Nazarian, de 33 anos, desde 2009 em Florianópolis, não tem carro: prefere voar sobre a Lagoa em uma pipa de kitesurfe

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