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Cumbuco: testamos o Vilá Galé, a um pulo de Fortaleza

Fortaleza, com os novos resorts Aquiraz e Cumbuco, faz quem chega só ter olhos agora para os lados

Por Fabrício Brasiliense
Atualizado em 30 jul 2021, 15h36 - Publicado em 15 set 2011, 17h41
A enorme piscina do Vila Galé Cumbuco em foto aérea
A enorme piscina do Vila Galé Cumbuco (Vila Galé/Reprodução)

Sexta melhor cidade do Prêmio VT 2010/2011, Fortaleza ficou à frente de todas as demais capitais do Nordeste na preferência do leitor. Apesar do crescimento desordenado, a cidade segue querida com suas megabarracas na Praia do Futuro, a silhueta das jangadas do Mucuripe ao sol poente e os 17 315 humoristas e imitadores que a cidade produz por minuto. Neste verão, Fortaleza radicalizou outra tendência: a de ser uma cidade-dormitório – ao menos para os turistas. Há muitas atrações próximas da cidade que valem o bate e volta. Na verdade você não precisa nem voltar.

Em 2011, a bola está com os dois destinos ao lado, para oeste e para leste, vizinhos de Fortaleza: Cumbuco e Aquiraz. Em Cumbuco, distrito do município de Caucaia, o Vila Galé Cumbuco, que abriu em outubro com suas 465 habitações, promete para janeiro o início das obras de um campo de golfe; em Aquiraz, o Dom Pedro Laguna inversamente começou com um campo de golfe de nove buracos. O hotel tinha previsão de inauguração no fim de dezembro, após o fechamento desta edição. O plano ainda é ter condomínios residenciais, centro comercial e clubes.

Tudo o que consegui ver do Dom Pedro foram o tal campo de golfe e o lounge que abriga os esportistas. Aproveitei o longo chá de cadeira que me foi servido para usar meu poder de abstração e imaginar as vilas conectadas por um canal artificial no lugar das dezenas de operários, caçambas e britadeiras que avistei de longe.

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Em Cumbuco tudo é mais palpável. O empreendimento do grupo português Vila Galé ocupa uma área de 480 hectares – o resort, apenas 2% disso. Condomínios residenciais e o tal campo de golfe vão se distribuir pelo resto do terreno. Em Cumbuco se vê o cenário que se estende até Jeri: pipas de kitesurfe despontando sobre lagoas e o Atlântico.

Instruído para ficar no Vila Galé, cheguei ao hotel, fiz o check-in e embarquei alegremente em um carrinho elétrico que me levou ao chalé a passos da piscina de 2 200 metros quadrados. Um lindo lugar cujo único incômodo era o barulho da aula de hidroginástica. Se você procura sossego, escolha uma das cabanas viradas para as dunas ou mesmo alguma das 416 unidades distribuídas em dois blocos de apartamentos que ficam mais afastados.

Meu quarto era imenso e tinha uma cama king-size e TV de LCD. E ainda mimos como chinelos e roupão com a logomarca do hotel. Ao lado da cama, uma porta de correr dava para uma varanda em que duas espreguiçadeiras me espiavam. Ganchos aguardavam pela rede. Um riozinho artificial separa os chalés vizinhos. Privacidade não é o forte ali.

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O grande diferencial do Vila Galé é uma área de 3 mil metros quadrados onde funciona o Satsanga Med, o primeiro spa efetivamente médico em um resort brasileiro. Atravessei uma porta de vidro para conhecer o lugar, que tem luz indireta e paredes em tom de adobe, tudo convidando ao relax. O spa é gigante: 14 salas de massagem, consultórios médico e dentário, academia, estúdio de pilates e até uma sala de “gameterapia”, com aqueles jogos de Wii que exigem esforço físico do praticante.

É difícil imaginar que alguém vá lá para emagrecer, uma das justificativas clássicas para ir a um spa. Seria preciso muito esforço mental considerando a fartura do que é servido nos restaurantes do Vila Galé. Mas a ideia é mesmo outra. “O que queremos é motivar o hóspede a criar um estilo de vida diferente. Estamos mais para centro de longevidade e vitalidade que de emagrecimento”, diz Marcus Maia, médico geriatra e do esporte responsável pelo spa. O negócio é mesmo sério. Os programas de três ou seis dias podem incluir consultas com clínico-geral, nutricionista, avaliação física e massagens. Há ali também estrutura para exames de sangue, eletrocardiograma, teste ergométrico, sessões de fisioterapia e acupuntura.

Se com tudo isso você preferir o menu de terapias, o que tenho a dizer é: ótima escolha. O circuito termal, por exemplo, combina saunas seca e a vapor e um hamman ótimo para esfoliação. Há também duas suítes com banheira e cama com dossel ideal para massagens a dois. Outro lugar difícil de arredar pé é a piscina aquecida com torneiras que jorram água com a força de uma catarata.

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Aproveitei que estava ali e me entreguei a uma massagem porque minhas costas gritavam (reflexo do cruzeiro que fiz a Fernando de Noronha, viagem que você lerá logo, logo na VT. Vida dura!). Aline, a massoterapeuta, perguntou se eu queria a massagem forte ou a fraca. “Fraca”, respondi por via das dúvidas. Mas logo notei que de massagista alemã dos Trapalhões ela não tinha nada, então mudei de ideia. Ela se jogou nas minhas costas a ponto de eu sentir a sua respiração ofegante. Eu não queria mais sair de lá.

Mas tinha de levantar. E, besuntado como um anão com aqueles óleos aromáticos, calcei os chinelos e vi que já era hora de jantar.

Eu havia feito a reserva no restaurante Inevitável, mas, olho-grande que sou, resolvi dar uma passada em outro restaurante, o Versátil. Havia um festival de comida portuguesa com açorda alentejana, leitão à pururuca, cação, arroz de polvo… De sobremesa, queijadinha, pastel de nata, trouxinha de nozes. Combinei comigo mesmo de voltar para traçar a sobremesa.

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Então fui ao restaurante Inevitável, o mais elegante do resort, em sistema à la carte. Quem se hospeda por três noites tem direito a um jantar ali. De entrada fui de salada de frutos do mar e pesto de manjericão, mas isso pouco emocionou. Depois, sim: eram divinos o filé ao molho de pimenta sobre um purê de banana-da-terra com gengibre e a musse de chocolate com frescor de menta que veio de sobremesa. Com isso os docinhos portugas do Versátil, antes inevitáveis, ficaram inviáveis.

Não digo que fui dormir pensando no café da manhã, mas acordar no dia seguinte não foi nenhum sacrifício. E resolvi começar o dia com uma degustação de geleias: goiaba, abacaxi, maçã, caju, ameixa e acerola, todas feitas ali. Havia também uma variedade cavalar de pães, bolos e frutas e tentadoras cumbuquinhas de mingau de aveia. Mandei ainda uma tapioca de carne de sol. Se eu fosse ao Vila Galé para perder peso, estava feito.

Na saída do restaurante fui abordado por Flavinha Astral – era o que dizia o crachá. “Caminhadinha ou uma aula de dança?”, perguntou. Hummm… Declinei dos dois, mas me apresentei na aula de hidroginástica duas horas mais tarde. A professora foi no estômago: “Vamos gastar calorias para depois encarar o pudim sem culpa”.

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Acabada a hidro, veja a coincidência, já era hora do almoço. E lá fomos eu e meus 62 quilos enfrentar o bufê dos restaurantes Cajuína (nordestino) e Amêndoa (português), que dividem a mesma área sob uma gostosa choupana ao lado da piscina. Deliciei-me com baião de dois, legumes e fritas.

Você talvez já esteja fatigado com o relato da comilança, mas é essa boa vida que você vai ter em uma estada de cinco dias, uma semana – bem mais que minha solitária noite no local. Mas, acredite, não passei minha estada só comendo. Achei um pretexto jornalístico para ficar um bom tempo nas piscinas. São três (na verdade quatro contando a do kid’s club), duas que lembram uma meia-lua e uma menor ovalada. Seriam elas olímpicas, semiolím­picas ou nada disso? Atravessei o que imaginei ser um extremo ao outro de uma delas em 45 braçadas. O que configurou pelos meus cálculos uns 30 metros. Se você fizesse metade do meu percurso, poderia parar no bar molhado e calibrar com uma caipiroska de abacaxi ou um coquetel de frutas.

Atrás da piscina, uma bonita passarela de madeira leva à praia, que é agitada em boa parte do ano. Antes de mergulhar, melhor consultar o salva-vidas. O bacana de Cumbuco é que há bons programas para fazer fora do hotel como passeios de bugue pelas dunas “com” ou “sem” – você sabe –, com direito ainda a esquibunda e, no mais caro, passeio de jet ski, banana-boat e caiaque.

Cumbuco está para Fortaleza, pode-se dizer, como Genipabu para Natal; e ainda há Aquiraz a leste: se você não joga golfe, pode muito bem passar horas com os filhos, sobrinhos e primos nas loucuras do enorme parque aquático Beach Park. Bem faz Fortaleza em tratar bem os vizinhos.

 

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