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Um guia (gay!) para visitar Buenos Aires

Descubra as razões pelas quais Buenos Aires tem 20% do lucro turístico proveniente do público LGBT

Por Melissa de Miranda
Atualizado em 12 ago 2019, 17h17 - Publicado em 18 mar 2013, 19h01

Considerada o epicentro gay da América Latina, Buenos Aires vive à altura da fama conquistada na última década. Sua combinação de uma sociedade liberal com bons vinhos; bairros charmosos, recheados de galerias de arte; e uma vida noturna que não descansa nem durante a semana faz da capital argentina um destino irresistível para solteiros e casais do mesmo sexo.

O segmento já representa quase 20% dos lucros de todo turismo na cidade, de acordo com a Secretaria de Turismo de Buenos Aires. Em 2002, a capital foi a primeira da América Latina a aprovar legalmente a união civil entre homossexuais. Já o casamento com plena igualdade de direitos, inclusive à adoção e à herança, veio em 2010. Cada vez mais, Buenos Aires vem se esforçando para se tornar um destino reconhecido pela comunidade LGBT. E desde 2012, até mesmo os estrangeiros podem trocar votos na cidade (veja como abaixo).

A atitude bienvenidos certamente anima, mas são os pesos argentinos que convencem: Buenos Aires ainda é relativamente barata e mantém o posto de favorita entre os brasileiros. Preparamos então um guia rápido para o lado mais colorido desta cidade – bares, baladas, lojas, onde dançar tango e como se casar. E prometemos não fazer uma piada sequer com a sede do governo portenho, a Casa Rosada. Confira os destaques!

Por onde circular e comprar

Apesar de toda capital ser receptiva, os bairros mais frequentados pelos turistas gays são San Telmo e o animado reduto artístico de Palermo – com suas galerias e vielas históricas. Este último é cercado pelo Bairrio Norte e Recoleta, que também concentram atrações e serviços mais do que friendly. Uma dica na região é a livraria Otras Letras, em Palermo, especializada em títulos gays, lésbicos e também trans.

Os arredores guardam ainda lojas de novos designers e galerias para quem gosta de arte e moda, como o descolado shopping Alto Palermo. Para comer, as opções em Buenos Aires são excelentes. Há locais agradáveis abrigados pela bandeira do arco-íris, como a esquina tranquila do café Pride Hollywood ou a do Gôut, onde vale passar para uma sobremesa. Já para a hospedagem, existem hotéis portenhos dedicados quase unicamente a homens homossexuais, a exemplo do Axel. Vale ressaltar que a regra entre a maioria dos estabelecimentos em Buenos Aires é inclusiva.

As vielas antigas do bairro Palermo, em Buenos Aires, são conhecidas por suas paredes coloridas, decoradas com arte de rua. As vielas antigas do bairro Palermo, em Buenos Aires, são conhecidas por suas paredes coloridas, decoradas com arte de rua.

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As vielas antigas do bairro Palermo são conhecidas por sua arte de rua. Foto: Divulgação

Vida noturna

Sem ficar atrás de metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, as festas na capital argentina são animadíssimas e acontecem durante a semana toda. As calientes pistas portenhas decolam a partir das 2 da madrugada, se estendendo com fôlego até a manhã seguinte. Uma parada obrigatória é a clássica Sitges, a segunda casa noturna gay a abrir na cidade e que de velha não tem nada. Com estrutura para shows e uma decoração ousada, tomada por elegantes luminárias coloridas, a Sitges é uma aposta segura.

Já os mais bem-aventurados podem preferir a vanguardista KM Zero. Os figurinos e performances aqui são capazes de fazer enrubescer os mais desavisados e a balada logo se tornou a favorita entre moderninhos, promovendo uma pulsante noite pop eletrônica. Outras duas opções um pouco mais discretas são o lounge do Flux Bar, com destaque para seus coquetéis, e a pista sexy de tons avermelhados do Amerika. As mulheres podem preferir ainda o Bach Bar, enquanto os homens com mais de 40 anos frequentam o Contramano – que aos domingos oferece uma noite especial para ursos.

Pista do Amerika, balada gay de Buenos Aires, na Argentina Pista do Amerika, balada gay de Buenos Aires, na Argentina

Jogo de luzes e até espuma atraem público gay para o Amerika. Foto: Divulgação

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¡El tango gay!

Entre uma noitada e outra, vale reservar ao menos uma para bailar. Afinal, não seria a Argentina sem tango – e nem seria Buenos Aires sem uma alternativa gay! A cidade oferece milongas mistas ou mesmo exclusivas ao público homossexual, onde se pode dançar a noite toda e descolar algumas aulas com os professores locais. A nova prática vem desafiando a tradição e mudando os seus conceitos heteronormativos: ao invés de um papel masculino e outro feminino, todos os alunos são ensinados a “conduzir” e a “ser conduzido”.

Independentemente de gêneros, participantes são convidados a escolher qual papel preferem assumir durante a dança. Desde 2006, a cidade realiza anualmente o Festival Tango Queer, prova de que a modalidade vem ganhando adeptos. O evento acontece no final de novembro, no mesmo mês da Parada do Orgulho LGBT portenha, e é organizado pela Tango Queer. A milonga homônima abre suas pistas de dança também durante o ano, sempre às terças-feiras. Os turistas mais reservados podem procurar as aulas particulares da La Marshall.

Pista da milonga Tango Queer, em Buenos Aires, onde casais gays desafiam tradição. Pista da milonga Tango Queer, em Buenos Aires, onde casais gays desafiam tradição.

Casal de mulheres dança na milonga Tango Queer. Foto: Andy Bravo

Como se casar em Buenos Aires

A romântica capital da Argentina tem mesmo os seus truques, capazes de encantar até os mais incrédulos. As suas noites de tango vêm acompanhadas de boa gastronomia e de largas avenidas arborizadas, onde se passeia com liberdade superior a muitas cidades brasileiras. Aos que se deixarem envolver pelo clima portenho, a boa notícia é a possibilidade dos estrangeiros se casarem em Buenos Aires – inclusive pombinhos do mesmo sexo.

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O matrimônio ainda não é reconhecido pelo Estado brasileiro, mas há quem prefira atar os laços numa charmosa viagem a dois a ter que enfrentar a resistência de alguns cartórios brasileiros ou os demorados processos judiciais. Bastam cinco dias de hospedagem em hotel ou casa de amigos para que o casal obtenha um documento de moradia provisória. Este serviço é pago e, de acordo com o Registro Civil de Buenos Aires, o preço deve ser combinado diretamente com um escrivão.

Retirado na mesma hora, o documento dá aos turistas o direito de agendar um horário no cartório mais próximo de sua hospedagem. As unidades do Registro Civil não abrem nos fins de semana e o órgão recomenda que se reserve ao menos cinco outros dias para obter a data. Se uma das partes for natural da Argentina, este agendamento pode ser feito com antecedência pela internet.

Para mais informações, acesse o site do governo de Buenos Aires.

Multidão espera em frente ao Congresso argentino, em Buenos Aires, minutos antes da legalização do casamento gay. Multidão espera em frente ao Congresso argentino, em Buenos Aires, minutos antes da legalização do casamento gay.

Multidão espera em frente ao Congresso, minutos antes da legalização do casamento gay. Foto: Beatrice Murch

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