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Intercâmbio: embarque preparado para uma nova cultura

Saiba como conviver com as diferenças e driblar as saudades de casa quando estiver no exterior

Por Viviane Macedo
Atualizado em 2 jul 2021, 12h48 - Publicado em 31 jul 2012, 17h07

A experiência de um intercâmbio é sempre valiosa e, quando bem aproveitada, acrescenta boas histórias e ensinamentos na bagagem de volta para casa. Por outro lado, esse é um período que requer muita flexibilidade e alguma maturidade do viajante ­– que precisa se preparar para não ter um choque cultural tão intenso.

Aline Marin, 18 anos, sabe bem o que é viver esse primeiro momento de adaptação. Ela ficou durante cinco meses em Vancouver, no Canadá, e o primeiro contato pessoal com a família foi mais frio do que ela esperava. “Quando cheguei na casa onde eu ficaria, uma das filhas do casal me cumprimentou, me levou para o meu quarto e saiu. Não tinha mais ninguém lá. Neste momento eu me perguntei: o que estou fazendo aqui?”, conta.

Depois desse primeiro momento difícil, o dia a dia foi tranquilizando Aline. No entanto, datas comemorativas eram sempre um problema para ela, que sentia mais saudade de casa e a vontade de voltar apertava. “Dia das Mães, aniversários, essas datas mexiam muito comigo e me faziam querer voltar”, afirma. Outras dificuldades vividas no começo foram o clima e a temperatura. “Vancouver é a cidade da chuva. Então, era chuva e neve direto e os dedos congelavam”, lembra.

Aos poucos e com a chegada de novas colegas de quarto, ela se acostumou. “Me acostumei tanto que depois a vontade era de ficar por lá”, brinca.

Mariana Chibebe, intercâmbio na Flórida, Estados Unidos Mariana Chibebe, intercâmbio na Flórida, Estados Unidos

Mariana Chibebe, aos 17 anos, durante intercâmbio na Flórida – Foto: Arquivo pessoal

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A turismóloga Mariana Chibebe, 34 anos, também passou por alguns momentos de tensão até se acostumar com a vida em outro país. Aos 17 anos foi para a Clearwater, pequena cidade da Flórida, Estados Unidos, onde ficou durante um ano e meio. Os primeiros seis meses foram de high school (o equivalente ao ensino médio) e o período mais difícil para ela. “Eu sempre fui uma pessoa muito família, até mimada, e viajei pensando que seria tratada como minha mãe me tratava aqui, mas me enganei”, conta.

Inserida numa família com costumes, naturalmente, diferentes dos brasileiros, Mariana teve de ser firme para continuar a viagem. “Eu estranhei muito no começo. Eles querem que você seja adulto aos 16 anos de idade e isso era novo pra mim”, diz. Segundo ela, mesmo de longe, sua mãe foi quem a ajudou a permanecer firme. “Ao invés de apoiar aquele meu desespero, ela me desafiou a ficar e me mostrou que o meu choro não fazia sentido – era besteira”.

Com a ajuda da mãe e o passar do tempo, ela conseguiu acostumar-se e hoje tem dificuldades em citar pontos negativos nessa experiência. “Com certeza a experiência foi muito importante para minha vida”, afirma Mariana, que há quatro meses voltou de um intercâmbio de trabalho voluntário na Turquia.

Adaptação é questão de tempo

Situações como as vividas por Aline e Mariana acontecem com muita frequência com jovens que partem em busca de uma experiência no exterior. Saudade de casa, algum estranhamento com os costumes locais e até o medo são sentimentos absolutamente normais, segundo os especialistas ouvidos pelo viajeaqui. No entanto, para que a adaptação seja algo mais fácil, é importante que o aluno já saia preparado do Brasil. “Antes de viajar o estudante deve estar seguro de sua decisão e sentir-se preparado emocionalmente para ficar sozinho num país estranho e com pessoas desconhecidas”, aconselha a psicóloga Tatiana Pina.

Segundo a diretora de operações da agência de intercâmbio Experimento, Fernanda Zocchio Semeoni, fazer uma escolha baseada naquilo que gosta e tem fácil adaptabilidade também é imprescindível. “Não dá pra escolher um destino que no período da viagem estará num inverno rigoroso, se a pessoa não aguenta frio”, diz. “Se tem problemas com baixas temperaturas, por que passar por isso justamente num momento em que terá de enfrentar outros desafios?”, alerta Fernanda.

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Depois de chegar ao destino escolhido, o jeito é buscar relaxar e saber que os primeiros dias serão diferentes de todo o resto. “Na primeira semana, a gente é surdo. Até se habituar com o sotaque, com a maneira como eles falam”, alerta Fred Morais, gerente da STB. Ele aconselha “Neste momento, respire, mantenha a calma, porque o seu intercâmbio está apenas começando”, diz.

Para ele, estar receptivo a conhecer não só o lugar, mas as pessoas e seus costumes é primordial para uma experiência valiosa e um mergulho na cultura do outro. “Se vai viajar sozinho, você tem de estar aberto a conhecer gente. Quando começa a fazer amigos, a viagem passa a ser mais fácil e isso faz toda a diferença”, afirma. Fred acredita que desenvolver a questão da tolerância com a diferença é fundamental.

Mas, se mesmo estando preparado e aberto ao novo bater um desespero, o melhor é procurar conversar a respeito e não guardar o sentimento para si. “Nesse caso, a pessoa deve entrar em contato com a família, conversar e tentar se acalmar. Pode também procurar outros estudantes – eles costumam se apoiar bastante nessas horas, já que muitas vezes passam pelas mesmas dificuldades”, aconselha a psicóloga Tatiana Pina.

E a saudade?

Saudade vai bater e ela faz parte. Alguns truques, no entanto, ajudam a amenizar a vontade de ver os entes queridos. “Levar objetos que tragam a lembrança de casa e das pessoas pode ser uma alternativa muito válida. Travesseiros, fotos, um perfume de alguém, tudo isso pode ajudar o estudante a se sentir melhor e aproveitar essa experiência única”, diz a psicóloga.

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