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Miniguia Viagem: Paris

Fique, coma, compre e se divirta por muito pouco (ou nada) na Cidade Luz

Por Igor Olszowski
Atualizado em 24 abr 2018, 20h10 - Publicado em 16 jan 2013, 12h00

A beleza e o esplendor de Paris são unânimes. Flanar por suas majestosas avenidas, perder-se em suas vielas, admirar o vai e vem dessa cidade que mantém o charme de outrora sem descuidar das benesses da vida contemporânea são alguns dos grandes prazeres que o viajante pode ter. Paris deixa na memória sons, cenas, cheiros, cores, imagens, gostos que o visitante dificilmente esquece. O poeta francês Victor Hugo escreveu certa vez que “respirar Paris conserva a alma”. Com tanta formosura em cada esquina, difícil é conservar seus euros na carteira. Mas não impossível. Ao terminar a leitura deste miniguia você vai se dar conta de que há uma Paris muito longe de praticar, digamos, preços parisienses. É possível degustar refeições completas de promessas da haute cuisine por € 25, mudar de look por € 10, encarar um muito bem servido brunch por € 20 e até comer cuscuz com procedência de origem e mexilhões com fritas sem pagar absolutamente nada por isso. Há aqui endereços para ficar, comer, passear, agitar e comprar para você sair com a autoestima lá em cima – e os bolsos muito bem protegidos.

  • FICAR

Mary’s Hotel Localizado numa rua tranquila próxima à Republique, é centralíssimo. A decoração é um pouco cafona, mas releve. Os melhores preços estão na internet. 15, Rue de Malte, metrô Oberkampf, marys-paris-hotel.com; desde € 58; o café da manhã é pago à parte e custa € 7,50.

Paris Modern Hotel Aos pés da colina de Montmartre, pertíssimo do Moulin Rouge, é perfeito para aproveitar a vocação boêmia do bairro. Todos os 35 quartos são simples, mas têm camas e duchas em ótimo estado. 3, Rue Forest, metrô Place de Clichy ou Blanche, paris-modern-hotel.com; desde € 59; permanência mínima de três noites; o café da manhã, pago à parte, custa € 5.

  • COMER

La Cordonnerie Com uma clientela bastante eclética, esse bar cabila (tocado por argelinos de origem berbere), verdadeira instituição parisiense, criou há anos uma fórmula genial que foi replicada pela concorrência: oferecer cuscuz e moules et frites (mexilhões e fritas) gratuitos uma vez por semana. Diz-se que tudo começou como pagamento de promessa. verdade ou não, o importante é que se pode comer gratuitamente e pagar um preço justo pela bebida (€ 4 pelo pint de cerveja). A boca livre é só às quintas, às 21h, mas é bom chegar com 1h30 de antecedência. 142, Rue de Saint- Denis, metrô Réamur-Sebastopol.

L’Afghani Em uma ladeira de Montmartre, um verdadeiro achado. Esse restaurante serve uma preciosidade, o ravióli de alho-poró com molho de feijão vermelho e carne moída bem condimentada com um toque de iogurte ao alho. O prato em questão é o ashak, tradicional na cozinha afegã. Bom motivo para conhecer esse charmoso e petit restaurant. O anfitrião tem sorriso marcante e adora dar canjas em seu bandolim. a decoração sugere um país de grandes maravilhas (ao menos em sua fase pré-talibã). o menu, com pratos desde € 9, faz a gente querer ir a Cabul no dia seguinte. 16, Rue Paul Aubert, metrô Château Rouge; 2a/sáb 20h/23h.

La Popote du 18 Depois de um sábado de excessos (ou não), o domingo pede conforto. o que, em Paris, pode ser traduzido por uma palavra inglesa: brunch. Para saciar as necessidades do corpo e da alma, os chefs Fred e noor propõem um brunch tradicional e generoso. os convivas podem escolher entre o petit, composto de sucos, pães, bebidas quentes e ovos mexidos, além de um prato temático acompanhado de batata sautée e salada verde (€ 12). Se o apetite for ainda maior, sirva-se nos bufês e coma à vontade por € 20. 184, Rue Marcadet, metrô Lamarck- Caulaincourt, lapopotedu18.fr; dom 11h30/17h.

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Our Kebab é aquele sanduíche turco barato que mata a fome na madrugada, algo muito desejável em uma metrópole cosmopolita. Agora considere conhecer um lugar onde o kebab é também uma refeição balanceada. Um antigo engenheiro nuclear está por trás deste kebab chique de Paris. No pão turco com grãos de papoula vão carne marinada em limão e especiarias e molho com um toque de gengibre. Coma sem moderação. 41, Rue de Londres, metrô Saint-Lazare, 98191-7829, ourkebab.com; 2a/3a 10h/16h, 4a/6a 10h/22h; desde € 5,90.

  • PASSEAR

La Bellevilloise Essa antiga cooperativa de trabalhadores agitou a vida cultural do 20º arrondissement na primeira metade do século 20. Em 2005, a proposta ressurgiu em moldes menos engajados, mas com muita diversidade de espetáculos. Além do loft do bar e do espaço de exposições, a casa tem local para apresentações musicais semanais bem bacanas. Artistas promissores de jazz, folk, rock, electro e salsa podem ser degustados de graça. 19-21, Rue Boyer, metrô Ménilmontant, labellevilloise.com.

Le Petit Palais Legado da da Exposição Universal de 1900, abriga o museu da Escola de Belas Artes de Paris e seu acervo de mais de 1 300 obras do século 19. Há ali telas de Delacroix, Ingres, Géricault, Carpeaux e também algumas obras da Escola de Barbizon, na qual se destacaram pintores paisagistas como Corot e Millet. Ótimo lugar para um café são os jardins do Palácio. Avenue Winston Churchill, metrô Champs-Élysées-Clemenceau, petitpalais.paris.fr; 3a/dom 10h/18h.

Musée Carnavalet As diversas facetas históricas de Paris se conservam nas mais de 100 salas do majestoso edifício, um modelo da arquitetura renascentista, do século 17. Cumpre dizer que é, sem dúvida, um dos museus mais parisienses da cidade. A exposição permanente apresenta objetos arqueológicos, móveis, fotografias, retratos de personagens ilustres, maquetes de prédios, testemunhos da vida cotidiana de outrora, pinturas, tudo consagrado à memória da capital. Reúne ainda um material único sobre os detalhes da Revolução Francesa. Bastante agradáveis e bucólicos são os jardins do interior. Valem uma bela pausa. 23, Rue de Sévigné, metrô Saint-Paul ou Chemin-Vert, carnavalet.paris.fr; 3a/dom 10h/18h; grátis.

Musée Fragonard Um perfume pode colocar um tempero a mais no jogo da sedução. As mulheres do século 18 deviam saber bem disso. Elas carregavam entre os seios um pequeno frasco que as socorria inclusive em caso de desmaios. Os homens que as detinham nos braços eram encarregados de abrir o frasco e espargir seu conteúdo nas desconhecidas. Algumas mais espertas fingiam desvanecer para conquistar o amado. Artimanhas como essas, as diferentes técnicas de extração das fragrâncias, a evolução da fabricação de perfumes e outras curiosidades são contadas na visita guiada. 9, Rue Scribe, metrô Opera, fragonard.com; 9h/17h; grátis.

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  • AGITAR

104 Centquatre Centro de arte contemporânea, o 104 é palco de um interessante costume francês, o baile. Aqui, os antigos bailes populares voltaram na sessão Le Bal Pop. O lugar tenta reconstruir um ambiente fin-desiècle, com guirlandas e lampiões como parte da decoração. Valsa, java (estilo francês com predominância do acordeão), rumba, tango e até forró embalam os convivas. Não há idade mínima (nem máxima) para aproveitar os embalos, que acontecem sempre no primeiro sábado do mês. 104, Rue d’Aubervilliers, metrô Riquet, 104.fr.

Au Bon Plaisir Uma pequena associação para descobrir com moderação, a Au Bon Plaisir promove encontros entre os donos das caves e o crescente grupo de amantes e curiosos do vinho. São os próprios produtores que apresentam apaixonadamente as nuances, as cores, as castas, enfim, o paladar de suas obras. As degustações que seguem, em dois sábados por mês, ficam então mais prazerosas. 104, Rue des Pyrénées, metrô Buzenval, caves-aubonplaisir.fr; sáb 11h/13h e 15h/19h.

Le Bouillon Belge O “Vigésimo”, o 20º arrondissement, começa a ganhar uma cara nova com empreendimentos bacanas, diferentemente do cotê “Republique- dos-remediados” que sempre teve. Este bar se tornou um dos preferidos da juventude parisiense boêmio-burguesa. Tem uma carta com mais de 40 cervejas e também aposta na fórmula do cuscuz gratuito, aqui às quartas, sempre às 21h. 6, Rue Planchat, metrô Avron ou Buzenval, lebouillonbelge.fr.

Rosa Bonheur É a happy hour mais disputada de Paris – tente chegar antes das 18h. Cercado pelo ambiente bucólico do Parque Buttes-Chaumont, este bar faz uma opção pela alegria. Aqui é domínio da guinguette, um lugar para dançar. O DJ destila os últimos hits do rock, do electro e do synthpop. A dança ao ar livre atrai sobretudo profissionais do cinema, da arte e da moda. Uma experiência que se pode chamar de exclusiva. 2, Avenue de la Cascade, metrô Botzaris, rosabonheur.fr; 5a/dom 12h/0h.

Tribal Café Escondido em uma ruela de pedestres ao abrigo da confusão da adjacente Rue du Faubourg-Saint-Denis, esse bar reúne jovens hypados e senhores de origem berbere que aqui passam o tempo principalmente a jogar cartas. Às quartas e quintas, moules et frites são servidos de graça. Ponto positivo também para as batatas do cardápio, preparadas artesanalmente. Já às sextas e aos sábados reina um suculento cuscuz acompanhado das veneráveis linguiças merguez norteafricanas. 3, Cours des Petites- Ecuries, metrô Château d’Eau.

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  • COMPRAR

Epistrophê Café O chocolate quente e os biscoitos de forno não são os únicos motivos para vir aqui. No Marais, este local é um misto de brechó chique com salão de café charmoso. No menu, as guloseimas disputam espaço com peças de Marc Jacobs, Chloé e raridades de coleções vintage. É a anfitriã Aurélie quem garimpa as peças, usadas ou não, e as expõem em perfeito estado. 17, Rue de Picardie, metrô Filles du Calvaire, epistrophe17.tumblr.com; 3a/sáb 12h/20h, dom 12h/18h.

Kilo-Shop Um local que é preciso conhecer. A loja tem uma maneira um tanto peculiar – e atraente – de vender roupas. Já imaginou colocar no carrinho 500 gramas de cachecol, 700 de escarpins, 2 quilos de camisas xadrez e 3/4 de jeans?!? O conceito empregado é o mesmo do mercadinho ao lado de casa: é a balança que dá o preço final. Esse brechó gigantesco com cara de butique fina propõe uma caça ao vintage em seções divididas em categorias, cores e motivos. E você não encontrará nada empoeirado: os artigos são previamente selecionados e lavados. No jogo do peso, uma camisa de seda leva vantagem sobre um casaco de pele, e um jeans Levi’s 501 de 700 g sai por € 14. 69-71, Rue de la Verrerie, metrô Hôtel de Ville, 96713-7954, kiloshop.fr; 2a e dom 13h30/20h15; 3a/sáb 11h30/20h15.

  • SÓ PARA MULHERES

Camille Albane A escola de cabeleireiros presente em mais de 14 países busca passar a seus alunos o espírito rive gauche da marca: ousadia, energia e modernidade com a pretensiosa proposta de revelar a personalidade de cada mulher por meio do look de seus cabelos. 50, Rue de la Chausséed’Antin, metrô Chaussée-d’Antin, 14359-3132, camillealbane.com; 2a/5a 9h/18h; desde € 10.

Dessange Formation Monsieur Jacques Dessange abriu seu primeiro salão em um endereço ultraluxuoso, a movimentada Avenue Champs- Elysées, nos anos 1950. Seus cortes e penteados acabaram por se transformar em uma referência na indústria de luxo – pode-se dizer que são verdadeiras obras de arte. Elegância e vanguardismo são as premissas deste lugar. 51, Rue du Rocher, metrô Europe, 14470-0808, dessange.fr; 2a/4a 10h/17h; desde € 10.

Toni&Gui Academie Inaugurado em Londres, nos anos 1960, por dois irmãos italianos, este salão conquistou diversos prêmios em competições de beleza na Inglaterra. O estilo descolado e urbano dos fratelli e de seus discípulos difunde o visual londrino pelas madeixas de muita gente moderna mundo afora, já que existem mais de 400 salões da marca espalhados por 50 países. 1, Place André Malraux, metrô Palais Royal – Musée du Louvre, 14020-1593, toniandguy-academy.fr; grátis. Agende com duas semanas de antecedência pelo e-mail toniandguy.academy@ wanadoo.fr.

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. . : Estrelas sem cifrões : . . Coma em um futuro Michelin desde € 25

Uma simples garfada é coisa séria em Paris. Ainda mais quando se fala em alta gastronomia. Pense na qualidade dos ingredientes, na apresentação dos pratos, na criatividade do chef, no serviço, na decoração. Toda a enorme indústria que há por trás da haute cuisine começa nas diversas escolas hoteleiras francesas, celeiros também de grandes chefs. Foi nessas escolas que gente como Jacques Lameloise, do três-estrelas Lameloise, e Mathieu Viannay, do La Mère Brizier, recebeu suas primeiras críticas. Nós entramos na parte boa: experimentando essa futura cozinha de autor por uma quantia simbólica. Amuse bouche, entrada, prato, tábua de queijos, pré-sobremesa e sobremesas (à volonté) por apenas € 30. A École Ferrandi, conhecida pela excelência dos cursos de gastronomia, abriga o Le 28 (8, Rue de l’Abbé-Grégoire, metrô Saint- Placide, 14954-1731, reservas pela manhã, ferrandi-paris.fr; 2a/6a 12h30/14h, 2a/3a 19h30/21h30; almoço € 30 e jantar € 40). No menu, musse de aipo, suflê de topinambour (tubérculo com gosto de alcachofra) com baunilha, bochechas de boi reduzidas no vinho e peras recheadas com roquefort. Já no Institut Vatel (122, Rue Nollet, metrô La Fourche ou Brochant, vatel.fr; 2a/6a 20h/22; desde € 25), o primordial é a qualidade do serviço, pois a escola é especialmente hoteleira. Por isso, “bonjour” e “monsieur” são repetidos em coro pelos aprendizes sorridentes. Tem foie gras no pão de especiarias, medalhão de mignon ao molho de trufas, uma seleção de queijos artesanais e um bufê com mais de 15 sobremesas a escolher, como mil-folhas, torta de figo, musse de chocolate…

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