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Mochilão depois do intercâmbio: as operadoras dão uma força

Entenda os diferentes tipos de viagem e saiba quais são as dicas das operadoras

Por Marcela Puccia Braz
Atualizado em 16 dez 2016, 08h32 - Publicado em 27 jul 2012, 22h38

Mochilão e intercâmbio são duas palavras que combinam entre si. A expressão “mochilão” remete a liberdade, a aventura, ao low-cost e aos consequentes perrengues de uma viagem mais barata. E é por isso que a modalidade é tão popular entre os intercambistas: os preços baixos são a pedida dos estudantes que não esbanjam, e os perrengues a condição aceita, ou até mesmo um charme às avessas para contar aos amigos e à família, como um rito de passagem para a maturidade.

Mas o cenário mudou de 20 anos pra cá: as agências brasileiras perceberam a demanda e o apelo de unir aprendizado a turismo, e o público dos cursos no exterior tem ampliado cada vez mais sua faixa etária. As operadoras agora oferecem diversas facilidades à árdua tarefa de planejar um mochilão, além de oferecer mais conforto de transporte e hospedagem. Nada de viajar sem rumo, dormindo com mais 15 pessoas no mesmo quarto. Esse tipo de viagem pode ser organizado pelas operadoras de intercâmbio, que conciliam liberdade e segurança na programação.

“O intercâmbio muda a gente. Eu nunca tinha trabalhado ou morado fora de casa. Foi uma experiência completamente diferente, e o mochilão é um bom momento pra voltar pra realidade, entrar em sintonia com você mesmo. Você volta do intercâmbio diferente, e a viagem é boa pra dar uma espairecida antes de voltar”, conta Lucas Wildhagen, de 26 anos.

Advogado em São Paulo, Wildhagen contratou uma viagem de mochila de 12 dias com o STB (Student Travel Bureau) em agosto de 2011, que começou em Berlim e terminou em Budapeste. Ele já havia feito um mochilão por conta própria antes, entre 2005 e 2006, por Londres e Lisboa, mas gostou mais da experiência do ano passado. “Sozinho fiquei meio perdido, com a sensação de que não aproveitei tanto. Com o guia, senti que fui a todos os lugares que eu queria ir, achei bem mais organizado, conheci muita gente, era um grupo de 50 pessoas.”

Ele escolheu o pacote de grupo, feito em parceria com a empresa Contiki e com roteiros pré-definidos, transporte de ônibus e estadia em hotéis inclusos no pacote. Deslocamentos e acomodação são divididos entre os viajantes, o que pode baratear as tarifas em relação a viajantes solo.

“O quarto de hotel individual é caro pro mochileiro. A grande jogada do Contiki é que, em alguns hotéis, o gasto pode ser metade de um quarto, pagando o mesmo preço de um albergue”, explica Bernardo Ramos de Lucia, gerente de Travel & Holidays do STB.

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Com perfil de viagem mais íntima e flexível, José Valim, de 40 anos, pagou o mochilão da CI para conhecer a Europa com a esposa. Valim definiu quais cidades e quantos dias ficaria em cada uma delas, e a operadora escolheu e reservou os hotéis disponíveis naquelas datas, dentro de uma seleção pré-estabelecida pela empresa.

Após 5 semanas de curso de inglês em Londres, Valim se encontrou com sua mulher e visitou Paris, Stuttgart, Munique, Frankfurt, Veneza, Roma e Milão. “A combinação dos dois [estudo e turismo] uniu o objetivo específico de melhorar meu conhecimento ao de aproveitar minhas férias. Foi perfeito. Preenchi muito bem meus 60 dias de férias e vou ficar com boas lembraças pro resto da minha vida”, avalia.

Mas e a experiência old school do mochilão? Victor Freire, gerente de produto da EF, recomenda não fazer nada sozinho quando o aluno estiver indo pela primeira vez. “Se país é desconhecido pode bater o desespero”, diz. (veja mais dicas das operadoras no fim do texto). Bem, a internacionalista Cíntia Galbiati Ramos, de 24 anos, fez de tudo: em 2007, uma viagem com mais oito amigas pela Europa com a ajuda do STB, e em 2011, uma sozinha pela Alemanha sem planejamento algum. Ou seja, exatamente o oposto do aconselhado.

E deu certo? “Deu porque não tem tanto problema de segurança, e a Alemanha no verão é mais tranquila, então eu sempre achava acomodação. O problema é que tudo é mais caro de última hora e às vezes não tem passagem de trem, então você tem que esperar o próximo”, lembra. Mesmo assim, ela prefere a viagem por conta própria à ajuda de operadoras. “Hoje eu saberia aproveitar muito melhor aquele dinheiro. A pesquisa, as passagens, o seguro: eu poderia ter feito tudo aquilo sozinha. A internet tá aí pra isso.”

Hoje a paulistana trabalha na organização internacional de estudantes Aiesec, da Dinamarca. Ano passado fez intercâmbio na Holanda por fora da universidade (a PUC-SP, onde estudava). Quando o curso acabou, Cíntia aproveitou o dinheiro que sobrou para viajar sem rumo pela Alemanha. “Quem fica em albergue normalmente é muito receptivo. A dica principal é ser aberto a pessoas diferentes e puxar assunto, pensar em coisas que te dão força.”

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Mochileiro viajante solo

Foto: Thinkstock

Operadoras de mochila

O STB, que monta viagens de mochila há 15 anos, tem dois pacotes diferentes. O pacote em grupo, como o contratado por Lucas Wildhagen em 2011, é feito em parceria com a Contiki e inclui roteiros pré-definidos, transporte, hospedagem em hotéis e seguro médico. Há uma restrição: apenas podem fazer esse tipo de viagem pessoas entre 18 e 35 anos, mas nenhum desses pacotes do STB é restrito a intercambistas, ou seja, dá pra fazer a viagem com amigo ou namorado.

O individual, como o feito pela Cíntia em 2007, não tem pacote fechado de destinos e inclui passagens de trem, promoção nas tarifas aéreas e estadia em albergues recomendados pelo STB. Os preços de ambos os tipos de pacotes variam de 1.200 dólares (por 8 dias) a 5.395 dólares (por 30 dias), sem aéreo. Os chamados “short breaks” (de 4 dias) podem ser contratados a partir de 295 dólares sem passagem de avião incluída.

Nos mochilões da CI, que tem sido feitos desde 2007, o cliente (que também não precisa ser intercambista) escolhe entre 9, 14, 21 ou 28 noites, sem roteiro fechado. Mas as acomodações, sempre escolhidas pela operadora, são em hotéis de categoria turística e localização central, com banheiro privativo e café da manhã. Passes de trem, seguro de saúde e transfers de chegada e partida da Europa também estão inclusos. Os preços variam de 979 euros a 3.199 euros por pessoa, em apartamento triplo, no caso do Mochilão Europa, por exemplo.

Dicas da CI, STB, EF e Bex:

  • reservar hotéis e albergues com antecedência;
  • pesquisar frases e perguntas básicas do idioma;
  • quando o intercâmbio incluir curso de língua, fazê-lo antes do mochilão, para dominar o idioma e se acostumar com a cultura local;
  • combinar a viagem antecipadamente com a escola, caso seja feita durante o curso;
  • ter cabeça aberta e receptiva;
  • observar as regras de imigração e de visto;
  • ter cuidado com as leis dos países a serem visitados;
  • não levar muita bagagem, pois alguns trajetos serão feitos à pé, como na troca de trens;
  • em deslocamentos de mais de sete horas de duração, preferir trem noturno para não perder um dia de passeio;
  • se atentar para horários de passeios e transportes, pois alguns serviços são extremamente pontuais.

A EF e a Bex não disponibilizam pacotes de viagem de mochila, mas têm departamentos que auxiliam os intercambistas a reservar hotéis e a programar roteiros, sem custo adicional.

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