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Nova York sob medida

Um guia para extrair o máximo de Nova York para quem vai pela primeira, segunda ou enésima vez

Por Rosana Zakabi
Atualizado em 2 jul 2021, 12h12 - Publicado em 1 jul 2013, 14h41

Matéria revisada em 24/06/2015

Nova York, Times Square, 4 da tarde. A esquina da 42th Street com a Broadway fervia. Era gente indo e vindo por todos os lados, alguns com suas câmeras fotografando os luminosos da Toys’R’Us, da Coca-Cola, da Samsung, da Xinhua News Agency. Em meio à multidão surgiam figuras inusitadas como um sujeito fantasiado de esquilo de pelúcia fazendo algum tipo de promoção, um repórter de TV falando em árabe e um barbudo malvestido com um cartaz pendurado no pescoço em que estava escrito: “No new taxes” (“Não aos novos impostos”). Meu objetivo era chegar ao estande da TKTS para tentar conseguir um ingresso com desconto para alguma peça da Broadway. Depois de meia hora na fila, consegui 30% de desconto no preço da Once, ganhadora de oito prêmios Tony em 2012 (o “Oscar” da Broadway).

Não era minha primeira vez em Nova York. Estive ali por sete vezes, e fazia pouco mais de um ano que havia ido à cidade pela última vez. E ainda assim ela estava diferente. O High Line, parque construído sobre um viaduto desativado, estava sendo ampliado. Ao lado dele há uma área imensa coberta por tapumes que será o complexo Hudson Yards, com prédios residenciais e comerciais, shopping center, hotel, restaurantes e outro parque que será conectado ao High Line (previsto para 2015). O Eataly, sensação gastronômica da ilha, acabava de ganhar mais um restaurante, o Pranzo, de comida italiana regional, mais “rústica” e artesanal. No Brooklyn, lugar da moda entre nova-iorquinos e turistas, o destaque era o Barclays Center, estádio que também abriga grandes shows. Até a Times Square tinha algo a mais: um painel gigante que transmitia cenas da própria “praça” ao vivo. Olhei para o telão, dei tchauzinho e me vi nele, acenando para mim mesma.

Point dos brasileiros

Com tantas novidades surgindo a cada mês, não é de admirar que tanta gente escolha Nova York como destino de férias. Nós, brasileiros, lotamos a cidade. Em 2012, 826 mil brasileiros foram para lá, um aumento de 15% em relação ao ano anterior. Em 2014, o índice aumentou e a cidade bateu seu recorde anual de turistas, com 56,4 milhões de visitantes, dos quais 965 mil vinham de terras tupiniquins. Mas não é só isso. Mesmo que NY não tivesse novidade alguma, ainda assim seria um must graças à sua capacidade de se tornar mais vibrante a cada dia. Seu grande trunfo é o de conseguir satisfazer às necessidades de qualquer visitante, seja solteiro, casado, com filhos. Tem os cartões-postais, as grifes com peças mais baratas do que no Brasil, as baladas quentes. Ao contrário de muitas cidades europeias, Nova York pede menos contemplação e mais ação – nem que seja na hora de conseguir um provador para experimentar a roupa em um magazine. Há várias Nova York dentro da mesma cidade: a turística, para a primeira vez; a meca das compras, mesmo com o dólar ascendente; o destino para a família; e a fashion, para ver e ser visto. É só escolher a sua.

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Ah, sim, e naquele mesmo dia fui assistir ao musical Once. A peça não tem shows pirotécnicos, apenas o mocinho que canta e toca violão, a mocinha que convence o bonitão a acreditar em seu sonho e um bar muito simples como cenário. E ainda assim foi o melhor musical a que assisti na Broadway. Há quem goste, claro, de voos e trapezistas sobre o palco, mas a Broadway não precisa fazer força para impressionar. Exatamente como Nova York.

✲ Nova York pela primeira vez ✲

Empire State, Central Park, Times Square… Sim, se esta é sua estreia na cidade, nada disso pode faltar na lista. Cinco dias são o tempo ideal para conhecer os imperdíveis de Manhattan (e também revisitar os seus lugares preferidos, caso não seja a sua primeira viagem). Estender para um sexto dia seria bom para explorar o Brooklyn. Os roteiros também podem ser divididos por bairros. Assim, dá para fazer quase tudo a pé (ou de metrô, ônibus ou táxi).

1º dia: Uptwon e Harlem → Talvez a sensação que você tenha ao chegar seja a de que está a todo momento passando da Avenida Paulista à Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. Há um arranha-céu ao lado do outro fazendo sombra na calçada. Por isso, começar a viagem no Central Park pode ser um alento. A pedida: tomar café da manhã no Le Pain Quotidien (69th Street, 646/233- 3768), a padaria chique que tem filiais em todo o mundo (inclusive em São Paulo) e, nesse caso, fica dentro do parque. Depois, vale seguir para o Museum Mile, o trecho da 5ª Avenida que reúne alguns dos principais museus da cidade. Se tiver de escolher um, fique com o Metropolitan Museum of Art, o Met. Mais para o norte, no Harlem, fica a maior igreja anglicana do país, a Cathedral of St. John the Divine (1047 Amsterdam Avenue, 212/316-7540), na altura da 112th Street. E, no fim do dia, volte a Uptown para curtir uma happy hour no Pier I Café (212/362-4450), no Riverside Park, à beira do Rio Hudson. Se for domingo, mude a ordem: comece pelo Harlem e assista a uma missa gospel na Abyssinian Baptist Church (132 Odell Clark Place, 212/862- 7474; 9h e 11h).

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2º dia: Midtown → Tire a manhã para percorrer a 5ª Avenida. Suba no Empire State e tire muitas fotos dentro da Grand Central Terminal, que comemorou 100 anos em 2013. Almoce lá mesmo, no elegante Grand Central Oyster Bar, de frutos do mar. À tarde, vá até o quiosque da TKTS, na Times Square, e compre ingresso para uma das peças da Broadway. Vale reservar algumas horas para visitar o Museu de Arte Moderna, o MoMA (11 W 53rd Street, 212/708-9400, US$ 25), antes do espetáculo. Comece o tour pelo último andar, local das exposições temporárias, e depois vá degustando os Picasso, Chagall, Matisse e Klee do lindo acervo.

3º dia: Chelsea, Union Square e região → O Chelsea e a região de Union Square têm alguns dos melhores endereços para comer bem. Prepare-se, então, para um dia gourmet, que pode começar com um breakfast no Friend of a Farmer (77 Irving Place, 212/477-2188), com omeletes, pães e bolos caseiros. Dali dá para ir a pé, em uma boa caminhada, até o High Line (Gansevoort Street, 212/500-6035), a antiga via férrea suspensa que foi adotada pelos moradores e virou parque com bancos de praça e jardins. O complexo de restaurantes Chelsea Market (75 9ª Avenida) fica pertinho do parque, a duas quadras da saída da 16th Street. É a pedida para o almoço. Depois, a boa pode ser visitar alguma galeria de arte do Chelsea, como a David Zwirner (19th Street). Para fechar o dia, jante em um dos restaurantes italianos do Eataly (200 5ª Avenida, 212/229- 2560), a sensação gastronômica de Nova York.

4º dia: East e West Village → O dia pode começar com um café do carrinho mais famoso da cidade, o Mudtruck (Astor Place, 4ª Avenida com a 8th Street, 718/781- 7913), que vende um expresso melhor que o de muitas redes nova-iorquinas. O símbolo do East Village é a St. Mark’s Place, rua que reúne tipos pouco convencionais. Na hora do almoço (ou do jantar), vale ir ao Café Loup (105 W 13th Street, 212/255-4746), bistrô que tem desde pato assado até hambúrguer com fritas, ou, para uma refeição fast food, ao Gray’s Papaya (6ª Avenida, esquina com a 8th Street, 212/260-3532), que vende dois cachorros-quentes mais um suco de papaya ou banana daiquiri (bem artificiais). Para a sobremesa, a pedida é a Magnolia Bakery (401 Bleecker Street, 212/462-2572), que tem os cupcakes mais famosos do planeta.

5º dia: Lower Manhattan → Se o tempo estiver bom, um passeio clássico e agradável é atravessar a Brooklyn Bridge a pé. A ponte tem 1,8 quilômetro, e a travessia não dura menos que meia hora. O percurso pode começar em Manhattan (estação Brooklyn Bridge-City Hall) ou no Brooklyn (estação High Street). A partir dela dá para ver a Estátua da Liberdade (Liberty Island) de longe. Se quiser chegar até o monumento, você pode pegar um ferry no Battery Park. Depois, vale pegar a balsa para Staten Island (Whitehall Street), que passa ao lado da estátua. A viagem de ida e volta dura uma hora e é grátis. O memorial do 11 de Setembro, o National 9/11 Memorial and Museum, também fica perto. O parque ocupa o Ground Zero e tem duas fontes gigantes nos locais em que ficavam as duas Torres Gêmeas do World Trade Center. Em volta delas estão gravados, em bronze, os nomes das 2 977 vítimas. Bem em fente à sua entrada principal está o One World Trade Center, hoje o prédio mais alto dos Estados Unidos, com 104 andares e 541 metros de altura. Se der tempo, vale também conhecer o bairro chinês de Chinatown, cuja rua principal é a Canal Street, cheia de lojinhas. Para o almoço ou o jantar, há na região o Delmonico’s (56 Beaver Street, 212/509-1144), de carnes, o mais antigo de Nova York (de 1837), ou, mais informal, o empório gourmet Dean&Deluca, com tortas e sanduíches.

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✲ Nova York para compras ✲

1º dia: Outlets → Se você é daqueles que gostam de resolver rápido os “problemas”, vá logo aos outlets fora de Manhattan. O mais completo é o Woodbury Commons (498 Red Apple Court, 845/928-4000), a uma hora da ilha. O Jersey Gardens (651 Kapkowski Road, 908/354-5900), em Nova Jersey, fica a 30 minutos. Em Manhattan há dois outlets: a Nordstrom Rack (E 14th Street com a Broadway, 212/220-2080) e a Century 21 (22 Cortland Street, 212/227-9092).

2º dia: Roupas e afins → Dá para encontrar as grifes mais badaladas na Barneys (660 Madison Avenue, 212/826- 8900), na Bloomingdale’s e na Macy’s.

3º dia: Crianças e enxoval do bebê → As lojas de brinquedos de Nova York parecem parques de diversões. A F.A.O. Schwarz tem um piano gigante igual ao do filme Quero Ser Grande, com Tom Hanks. E na Toys’R’Us (1514 Broadway Avenue, 646/366-8800) há até roda-gigante. Para o enxoval das crianças, tem a Babies’R’Us (24-30 E Union Square, 212/798-9905) e a Buy Buy Baby (270 7ª Avenida, 917/344- 1555).

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4º dia: Eletrônicos → Vale muito conhecer a B&H, especialmente se você for louco por fotografia. Vá também a uma das lojas da rede Best Buy (1 S Union Square, 212/466- 4789) e à J&R (23 Park Row, 212/238-9000). A loja-cubo da Apple é imperdível até para quem vai a passeio.

5º dia: Cosméticos e decoração → Para cosméticos, há a Victoria’s Secret e a Sephora. E, para objetos de decoração, a ABC Carpet Home.

✲ Nova York em família ✲

1º dia: Uptown → A viagem com as crianças pode começar pelo Central Park Zoo (Esquina da 65th Street com a 5ª Avenida, 212/310-6600; US$ 18), com ursos-polares, macacos e leopardos. Perto dali fica o Children’s Museum (212 W 83rd Street, 212/721-1223, cmom.org; US$ 11), museu interativo com exposições educativas. Para almoçar, uma boa opção é o Carmine’s (2450 Broadway, 212/362- 2200), de massas, com pratos para até quatro pessoas. Reserve a tarde para explorar o American Museum of Natural History (Central Park West com 79th Street, 212/769-5100; US$ 22), com animais empalhados e o esqueleto de um Tiranossaurus rex, ponto alto da visita.

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2º e 3º dias: Midtown → Há tantas atrações para a garotada nessa região que é melhor pensar em dois dias. Uma delas é o Intrepid Sea-Air-Space Museum (Pier 86 W 46th Street com 12ª Avenida, 212/245-0072), o maior museu naval e aeroespacial do mundo. Outra é o Madame Tussauds, com réplicas de cera perfeitas de quase 200 celebridades. Até as lojas infantis fazem parte do passeio. Além da F.A.O. Schwarz e da Toys’R’Us, vale visitar a M&M’s World New York (1600 Broadway Avenue, 212/295-3850), a loja da M&M, e, para as meninas, a American Girl (609 5ª Avenida, 877/247-5223), com cabeleireiro e “hospital” para as bonecas. A Broadway tem vários espetáculos infantis em cartaz, entre eles os clássicos O Rei Leão e Cinderella. Para comer, a boa é o Empanada Mama (763 9ª Avenida, 212/698- 9008), com vários tipos de empanadas, sopas e shakes de futas.

4º dia: Union Square e Lower Manhattan → A região de Union Square ganhou no final de 2012 o Mo- Math (11 E 26th Street, 212/542-0566; US$ 15), um divertido museu dedicado à matemática. A dez minutos de caminhada dali está o City Bakery (3 W 18th Street, 212/366-1414), que parece uma fábrica de chocolates, mas também tem comidinhas que são uma boa pedida no almoço. Nessa área também fica o Shake Shack (23rd Street com Madison Avenue, 212/889-6600), com o melhor hambúrguer de Nova York. Em Lower Manhattan, grande passeio é o South Street Seaport (Lado norte do Píer 17, 212/732-8257), uma “vila” do século 19 com navios históricos, restaurantes e ruas de pedra.

5º dia: Bronx → A estrela do lugar é o Bronx Zoo (2300 Southern Boulevard, 718/220-5100), zoológico em que os animais vivem em habitats quase naturais, fora das jaulas. Há ainda o New York Botanical Garden (2900 Southern Boulevard), uma área verde com 50 jardins e 30 mil árvores, e o Yankee Stadium (880 River Avenue), o estádio do time de beisebol Yankees. Os melhores restaurantes da região ficam na Arthur Avenue, a Little Italy do Bronx.

 

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