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Pompéia, 100

As atrações de Pompéia, um dos bairros mais simpáticos da cidade, no ano de seu centenário

Por Guy Corrêa
Atualizado em 10 jul 2019, 15h20 - Publicado em 8 set 2011, 15h40

Não é só o Corinthians que celebra seu centenário neste ano. Um bairro tradicional de São Paulo, a Vila Pompéia, ou simplesmente Pompéia, também surgiu em 1910. A região é nova se comparada a outras da cidade. Pinheiros, por exemplo, data do século 16. O lugar é limitado pelas ruas Alfonso Bovero, Turiaçu, Ribeiro de Barros, Guiará e Diana – é por isso que ruas da vizinha Perdizes, sem qualquer razão aparente, mudam de nome após cruzarem a Diana. Não há consenso sobre a origem do nome Pompéia. Há a versão que afirma ter sido uma homenagem a Aretusa Pompéia, mulher do empresário que urbanizou a região; ou um tributo à cidade italiana dizimada na Antiguidade. Por causa da proximidade de fábricas, como a da Santa Marina e as das Indústrias Matarazzo, a Pompéia paulistana passou a ser ocupada por operários – imigrantes europeus em sua maioria. Alguns postais do bairro já existiam – ou estavam em vias de existir – há 100 anos. Como o clube de lazer dos funcionários da Companhia Antártica Paulista, que mais tarde se tornaria o Clube Palestra Itália, atual Sociedade Esportiva Palmeiras. Na Avenida Pompéia, a capela que daria origem à Igreja de Nossa Senhora do Rosário da Pompéia apareceu em 1922. Na época, a avenida ainda não tinha as frondosas tipuanas de sua ilha central, que começaram a ser plantadas há 50 anos. Na década de 1930, padres italianos da Ordem Camiliana criaram um pequeno centro de saúde que, em 1960, se tornaria o Hospital e Maternidade São Camilo. E também nos anos 60 surgiram as famosas bandas de rock da região, como Os Mutantes, Tutti Frutti e Made in Brazil, que deram ao lugar o apelido de Liverpool brasileira. A casa da Rua Venâncio Aires, 408, onde viveram os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, dos Mutantes, segue de pé, mas num aspecto deplorável.

Marcante também foi a década de 1980. Em 1982, em meio à redemocratização e à recessão econômica, apareceu o Sesc Pompéia, um arrojado projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi que mudou a vida cultural do bairro. Seis anos depois aconteceu a primeira edição da Feira de Artes, organizada por Cleber Falcão, na época garçom de uma creperia, a Pourquoi Pas, um dos pouquíssimos points noturnos da região naqueles tempos. A feira, que acontece sempre em maio, agigantou-se e agora ocupa 16 quadras do bairro. “É na Feira de Artes e nos dias de eleição que todos os locais se encontram”, diz Falcão, hoje coordenador do Centro Cultural da Pompéia.

Como aconteceria depois com sua vizinha Vila Romana, o bairro passou na virada dos anos 2000 por uma feroz verticalização. Luiz Paulo Pompéia, diretor da Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp), observa que a valorização do lugar está ligada à presença de dois shoppings na região (Bourbon e West Plaza) e à facilidade de acesso à Marginal Tietê. O metro quadrado na Pompéia chega a valer hoje 5 500 reais.

Milton Concílio, morador do bairro há mais de 50 anos, alterou o perfil de seu negócio em razão da verticalização do bairro. Proprietário de uma adega na Rua Tucuna, percebeu que os moradores de apartamentos não têm o hábito de comprar bebidas para confraternizar com a família e os amigos, como sempre fizeram aqueles que usavam o quintal de suas casas. Resultado: seu comércio tornou-se um híbrido de adega e mercearia. Mais uma local, a professora universitária Lúcia Soares, faz outra constatação sobre as mudanças no cotidiano do bairro: “Agora tem trânsito nas nossas ruas”.

Patrimônio desde os anos 1970 da Vila Anglo-Brasileira, o enclave classe C da Pompéia, a Escola de Samba Águia de Ouro (Avenida Francisco Matarazzo, 1986, 11/3872-8262, www.aguiadeouro.com.br), que terminou o seu Carnaval de 2010 em homenagem a Ribeirão Preto em 11º lugar, só abre em outubro sua quadra para os ensaios do Carnaval de 2011. Mas, antes disso, há as feijoadas, que chegam a atrair até 1 500 pessoas. A última vedete da região é o Bourbon Shopping (Rua Turiaçu, 2100, 11/3874-5050, www.bourbonshopping.com.br), que tem 11 salas de cinema, todas do Espaço Unibanco – uma delas Imax, com recursos em 3D; há ainda uma grande Livraria Cultura, um teatro para 1457 espectadores e um supermercado Zaffari, de uma rede gaúcha com uma coisa raríssima em São Paulo: cucas (bolos típicos) diversas.

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