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Roteiro rodoviário – Vale do Café e Serra dos Órgãos

Uma viagem ao passado com direito a aulas de história sobre o Ciclo do Café em fazendas do século 19

Por Fernando Leite
Atualizado em 3 ago 2017, 21h02 - Publicado em 16 abr 2012, 18h35

Um roteiro com o formato de um semi-círculo com direito a belíssimos trechos rodoviários e atrações para toda a família. Dessa maneira podemos definir um tour pelos arredores da cidade do Rio de Janeiro, passando pelo histórico Vale do Café e pelas cidades serranas fluminenses.Se bater um desânimo ao deixar a linda cidade pela decrépita Via Dutra, um alento: a perna mais feia da viagem será somente os 55 km até o início da Serra das Araras. Entre à direita no trevo de Piraí e comece a sentir o clima do Vale do Café. As temperaturas não são baixas, mas as simpáticas cidadezinhas e suas fazendas do século 19 repletas de palmeiras imperiais estão de acordo com a estação mais fria do ano. Em julho ainda ocorre o Festival do Vale do Café em que as fazendas viram palco de espetáculos musicais.Barra do Piraí, Valença e Vassouras concentram as principais fazendas históricas e o esquema de visitação é basicamente o mesmo. Caracterizados como barões, atores explicam o Ciclo do Café e a aula de história termina em um café ou almoço. Como as três cidades ficam relativamente próximas, o ideal é usar uma como base para visitar as demais.Reserve o fim de semana para uma pausa no cafezinho e mergulhe na musicalidade de Conservatória. Basta cair a sexta-feira para uma multidão invadir a, até então, tranquila cidade e acompanhar as serenatas que saem em cortejo pelas estreitas ruas ao som de antigas canções. Grande intérprete musical da primeira metade do século 20, Vicente Celestino ganhou uma justa homenagem, com a exposição de seus discos no museu homônimo.Continue a volta ao passado, mas agora em Petrópolis. Para chegar à cidade em que Pedro II escolheu como refúgio do escaldante calor carioca, pegue a estrada Vassouras/Miguel Pereira e depois prossiga para Paty do Alferes. Lá siga por uma estradinha linda de morrer, a atravessar vales e um mar de montanhas até desembocar no distrito de Araras.Quem espera encontrar uma pacata cidade, pode esquecer. Existem distritos mais tranquilos, mas a cidade cresceu demais, são quase 300 mil habitantes. Mesmo com tanto carro e gente, é difícil não se encantar com uma área central repleta de palacetes e jardins bem cuidados. Lá estão o Museu Imperial (antiga residência de veraneio de D. Pedro II), o Palácio de Cristal, a Casa de Santos Dumont e a belíssima Catedral de São Pedro de Alcântara, em estilo gótico. Nos quesitos gastronomia, hospedagem e atrações naturais entram em cena os distritos, acessados pela BR-040 ou pela Estrada União e Indústria. Araras é o endereço natural para casais em busca de uma pousada romântica. Na hora de curtir um jantar a dois regado a um bom cabernet, Itaipava reúne um leque interessante de restaurantes. Quer se aventurar numa trilha na Serra dos Órgãos? Vá para o distrito de Bonfim.Serra que serve de cenário da mais bonita travessia rodoviária do país. Saindo de Itaipava, tendo Teresópolis como ponto final, os 35 sinuosos quilômetros da BR-495 são de uma beleza singular. De um lado, as curiosas formações da serra, do outro, um belíssimo vale. É tarefa impossível não perder a concentração na estrada. Por isso, aproveite os poucos mirantes ao longo do caminho e capriche na fotografia.Sem a opulência imperial da vizinha Petrópolis, Terê – como é carinhosamente chamada –  aposta suas fichas nas trilhas e piscinas naturais do Parque Nacional da Serra dos Órgãos: aquela famosa foto do Pico Dedo de Deus é clicada do Mirante do Soberbo, na entrada da cidade para quem chega do Rio de Janeiro.  Com boa gama de restaurantes, em Terê fica o único restaurante russo do país, o sensacional Dona Irene, agraciado com duas estrelas pelo GUIA QUATRO RODAS. Em três horas, o menu apresenta um banquete da época dos czares, acompanhado de uma inesquecível vodca caseira.Terefri é o sugestivo nome do trecho da RJ-130 que liga Teresópolis a Nova Friburgo. Se o visual não chega a empolgar, aparecem em profusão hotéis-fazenda e bons lugares para compras: queijo de cabra, chocolate, mel e sabonetes são encontrados em lojas nos 70 km da rodovia.Nova Friburgo ainda se recupera do terrível estrago causado pelas chuvas do início de 2011 – o famoso teleférico foi desativado, sem previsão de volta. Aproveite para conhecer os distritos em que a chuva passou longe. Próximo ao Centro, Mury é garantia de boa cozinha. Mais distantes, Lumiar e São Pedro da Serra reservam atrações em meio a natureza, como o encontro dos rios Macaé e Bonito e a Cachoeira Indiana Jones.Em Lumiar inicia-se uma das mais belas estradas do estado, a pouco movimentada e sinuosa Serramar que serpenteia o Rio Macaé e termina quase ao nível do a mar. No final, dobre à esquerda e pegue a estradinha de terra para Sana, que não tem grandes altitudes, mas sua tranquilidade, lojinhas de artesanato e natureza combinam em cheio com o inverno.LEIA MAIS:Parador Lumiar, em Nova Friburgo: no compasso da naturezaFugindo pra serra: roteiro de design e decoração em ItaipavaFotos de Teresópolis