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O relato de uma jovem que trabalhou como personagem na Disney

Trabalhar como Minnie ou Donald em Orlando não é um trabalho comum - é o cotidiano de fazer a alegria de crianças e adultos

Por Camilla Veras Mota (edição)
Atualizado em 7 jul 2021, 19h06 - Publicado em 17 set 2011, 18h27

Eu gostei muito de trabalhar como Minnie em um parque da Disney, em Orlando. Basicamente, você é pago para brincar! O Donald é o mais legal de interpretar. Ok, Mickey e Minnie são os mais assediados, mas eles são os “chefes da casa”. Então precisam ser muito corteses, diplomáticos. Já o Donald pode ser rabugento e bem mais brincalhão.Algumas fantasias pesam muito, é verdade, mas, ao contrário do que se pensa, elas não ficam suadas e fedidas. Como a gente tinha de colocá-las na lavanderia toda vez que as usasse, elas sempre estavam muito cheirosinhas.O público se divide por nacionalidade. Os “olhinhos puxados”, sempre hiperativos, empolgados. Os latinos, insaciáveis. Batiam logo cinco fotos. Pediam para a gente autografar vários caderninhos. Sempre diziam: “Uno más! Solo uno más!”.Os brasileiros dão o que falar. Vários “personagens” de outros países vieram me perguntar por que tanta gente chegava com uma câmera e pedia que eles começassem a dançar de um lado para o outro e repetissem “Ah, Moleque!”. Foi duro explicar que isso era um viral de um programa de TV.Crianças chatas? Aparecem bastante… Umas apalpam, outras batem ou tentam arrancar a cabeça da fantasia. Apesar do desejo de dar um belo de um beliscão nos moleques mais endiabrados, não podemos fazê-lo, claro. Em compensação, o código de conduta da Disney tem um truque para lidar com esses pequenos: agarrar as mãozinhas afoitas e fingir que estamos dançando juntos.Nesses programas de trabalho da Disney tem gente de toda parte. Eu dividi apartamento com quatro americanas, que eram meio caladonas. Fora alguns silêncios constrangedores, não tive muitos problemas.A gente não escolhe o personagem que vai incorporar. Tudo depende de entrevistas, de testes de dança e do biotipo. Para ser o Pateta, por exemplo, é preciso ser bem alto. Princesa? Só após anos de experiência. Os testes começam ainda no Brasil, quando fazemos entrevistas até em inglês.Para facilitar a comunicação diária, muita gente inventa outro nome. Minha amiga Eufrasina virou Fra, o Djalma, DJ. Engraçado é que os orientais, que têm os nomes mais curtos, são os que mais fazem isso, por fetiche, talvez. Conheci um cara que virou “Jack Lee” e uma menina que pediu para ser chamada apenas de “Apple”.A lanchonete era o pior lugar de trabalho, isso era unânime. Não exatamente pelo trabalho em si, mas porque os funcionários precisavam passar o dia inteiro em pé – se eles fossem pegos sentados seriam acusados de estar “descansando”.Quase todo dia tinha festinha depois do trabalho em algum apartamento do condomínio. Quem tinha mais de 21 estava safo, mas os menores tinham de beber escondidos e, se a “security” desse o menor sinal de vida, tinham de largar tudo. Ninguém queria correr o risco de ser excluído do programa. A ideia de ser “terminated”, causava arrepios em todo mundo.Com tanta gente entre 19 e 22 anos, os três meses de experiência são suficientes para viver um negócio meio Barrados no Baile. Comecei a ficar com um menino no começo do programa, mas rapidamente descobrimos que não éramos almas gêmeas, digamos. Um tempo depois, em uma das festas, me envolvi com outro rapaz. Nada premeditado, claro. Só no outro dia, quando fui confrontada pelo primeiro, descobri, para azar meu, que os dois dividiam o mesmo apartamento.Nossa Minnie secreta é estudante de arquitetura e tem 21 anos

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