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Cães pelos ares

Viajar com pets: a história de Pinpoo, que ficou 14 dias perdido, expõe os temores de quem não voa sem o bicho de estimação. Veja dicas para embarcá-lo

Por Fernando Souza (edição)
Atualizado em 16 dez 2016, 00h50 - Publicado em 17 set 2011, 19h54

No último 2 de março, em Porto Alegre, a aposentada Nair Flores embarcou em um voo da Gol para Vitória, no Espírito Santo, após despachar seu cãozinho Pinpoo no check-in da empresa aérea. Dona Nair chegou ao destino; Pinpoo, não. Desesperada, ela antecipou sua volta à capital gaúcha, montou vigília numa casa de parentes próxima ao Aeroporto Salgado Filho e viveu um calvário de duas semanas, até que o pet fosse localizado. Segundo a Gol, o animal forçou a porta da caixa de transporte e ficou vagando pelo aeroporto gaúcho. No calor dos acontecimentos, a aposentada prometeu processar a empresa em nome dos “dias de vida” que lhe foram tirados. Muito diferente de ter uma bagagem extraviada, que acarreta transtornos momentâneos e prejuízos reparáveis, perder um animal de estimação, para muita gente, é como perder um membro da família – uma ausência insubstituível.

Dicas para voar com animais

Nas viagens internacionais, o certificado do Ministério da Agricultura brasileiro não vale para o embarque de volta. Para emitir novo documento, procure a autoridade sanitária do aeroporto estrangeiro.

Se fizer questão de voar ao lado de seu cão, faça reserva antecipada, já que as companhias costumam limitar a quantidade de animais por cabine de passageiros.

Evite despachar raças de focinho curto, como boxer e buldogue, que podem ter dificuldades respiratórias.

Verifique se o tamanho da caixa (kennel) é adequado ao porte do animal e se as maçanetas e travas estão bem fixas.

Antes de viajar, familiarize o pet com o kennel, levando-o dentro da caixinha de transporte em outros passeios. Coloque também uma peça de roupa com o cheiro do dono ou um cobertor com o qual o bichinho já esteja acostumado. Ele viajará mais tranquilo e protegido do ar-condicionado.

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Ponha uma coleira no pet com nome, telefone e e-mail do proprietário. Identifique também o kennel com essas informações.

Exercitar o bicho antes da viagem, medicá-lo com calmante natural e optar por voos noturnos podem proporcionar a ele uma experiência mais tranquila.

O yorkshire Spinoza, de 2 anos, tem dupla nacionalidade (foi registrado no Brasil e na Holanda) e já conhece 12 países. Sua dona, a advogada Christianne Spek, mora na Europa desde 2007 e sempre viaja com a “família”: o marido, holandês, e o inseparável bicho de estimação. “Quando decidimos ter um cachorro, optamos por uma raça menor, que pudesse ser transportada na cabine do avião”, conta. Para embarcá-lo com os passageiros, Christianne segue à risca as regras estipuladas pelas companhias. “A caixa com o cão dentro, por exemplo, não pode pesar mais de 8 quilos e tem de caber sob a poltrona”, diz ela. “O Spinoza foi acostumado a ser transportado em bolsas desde filhote; nem de sedativo ele precisa para dormir. Eu gosto de pingar um colírio nos olhinhos e um remédio no ouvido para que ele não sofra com ressecamentos e com a altitude.”

A jornalista Fernanda Con’Andra é a “mãe” de Nina, uma pinscher de 10 anos habituada a voar a rota Rio-Vitória. Para que sua “filhota” pudesse viajar mais tranquila, Fernanda já propôs comprar uma poltrona só para Nina, mas nunca conseguiu embarcá-la com os passageiros. “Para despachá-la, pago, em média, R$ 140, o preço de uma passagem inteira”, diz a jornalista. Fernanda explica que, apesar de o cão voar junto com as malas, ele é entregue ao dono em mãos. “Uma vez, no Galeão, deixaram a caixinha da Nina atrás de uma pilastra. Foi um desespero. Ao encontrá-la, 20 minutos depois, quase chorei”, lembra. “Quando a mala é extraviada, eles reembolsam. Mas e o cachorro, como fica?”

DOCUMENTAÇÃO

Voos nacionais

Em todas as companhias, certificado de vacinação antirrábica (vacina datada de 30 dias a um ano do voo) e atestado de saúde emitido pelo veterinário no máximo dez dias antes do embarque. Azul e Gol só embarcam pets com idade mínima de 4 meses (na TAM e na Avianca, animais com menos de 3 meses precisam de autorização do veterinário para voar).

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Voos internacionais

Com a documentação exigida nos voos nacionais, procure o posto do Ministério da Agricultura para a emissão do Certificado Zoossanitário Internacional (CZI), válido para embarque em até dez dias. Para União Europeia e Japão, e nos voos da Emirates, também é necessário um laudo de sorologia antirrábica emitido pelo Instituto Pasteur (www.pasteur.saude.sp.gov.br) e pelo Laboratório de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores (link em www.prefeitura.sp.gov.br). Providence-o cerca de 90 dias antes do embarque para a Europa ou o Japão e um mês antes do voo para Dubai. Europa e Japão exigem ainda um microchip de identificação (consulte um veterinário).

PETS NA CABINE DE PASSAGEIROS

Voos nacionais

Avianca: reseva de 48 horas, somente um animal por trecho e peso máximo de 5 quilos com kennel.

Azul: máximo de três pets na cabine por voo, limite de 5 quilos por animal com kennel.

Gol: não permite animais na cabine.

TAM: com reserva de no mínimo 24 horas, são permitidos apenas dois pets por aeronave e desde que animal mais kennel não excedam 10 quilos.

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Voos internacionais

Air Canada: máximo de quatro animais na cabine por voo, peso máximo de 10 quilos (animal e kennel).

Air France: máximo de três pets na cabine por voo (reseve uma semana antes), limite de 6 quilos por animal com kennel.

Emirates: não permite animais na cabine.

TAM: com reserva de 24 horas (são permitidos só dois pets por voo) e desde que o peso do animal com o kennel não exceda 10 quilos.

TAP: limite de 7 quilos (animal e kennel); reservar 72 horas antes.

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United: não há limite de peso, somente de dimensões do kennel.

TAXAS

Voos nacionais

Na TAM, R$ 90 mais a soma do peso do animal e do kennel multiplicada por 0,5% da tarifa cheia. Na Gol, sob a mesma fórmula, a taxa é de R$ 70, e a porcentagem, de 1%. Pela Avianca, paga-se apenas o peso do pet e do kennel multiplicado por 0,5% da tarifa. A Azul cobra somente uma taxa fixa (R$ 100).

Voos internacionais

Na Air Canada, a tarifa é de CAD 100 em voos para a América do Norte. Na Air France, de € 20 (na França) a € 200 (trechos intercontinentais). Na Emirates, o preço depende do destino e do tamanho do kennel. Na TAM, US$ 50 mais os impostos cobrados pelo destino e o eventual custo de excesso de bagagem. Na TAP, a taxa é de US$ 150 para até 23 quilos (animal mais kennel). Na United, de US$ 100 (até 32 quilos) a US$ 200 (acima disso).

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