Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Não, os lacres do duty free brasileiro não valem na União Européia

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h07 - Publicado em 5 dez 2008, 11h12

Aconteceu comigo na última viagem ao Brasil. Deixei para comprar umas coisinhas no free shop e, antes de qualquer coisa, perguntei à vendedora: “Estou indo para a Espanha com escala em Amsterdã, tem certeza de que posso levar recipientes de mais de 100 ml com líquidos, comprados aqui, na mão?”. “Sim, senhora, com este lacre não há problema algum”. E lá fui eu, feliz da vida, com vários creminhos, perfuminhos e etc.

Chegando em Amsterdã, a bomba: “Terei que jogar tudo isso no lixo”. Sabe quando você passa da tranqüilidade ao pânico em um milionésimo de segundo e a sua cara fica totalmente desfigurada? As lágrimas começaram a jorrar imediatamente. Acho que nunca fiz uma expressão tão capaz de despertar pena.

Então o oficial chamou a sua superior, uma holandesa parrudona com muita cara de má. “Danou-se”, pensei. Expliquei a situação, que tinha sido enganada pela víbora do duty free de São Paulo, que tinha gasto todo meu orçamento de um ano em cremes e que jamais teria feito tal estupidez sem me certificar de que era permitido, e blábláblá.

Com a piscadela de olho mais discreta da história, ela puxou o saco da minha mão, enfiou o pacote discretamente embaixo de umas outras coisas na minha mala e disse: “Isso jamais aconteceu, ok?”. Minha vontade era beijá-la na boca, mas me contentei em retribuir a piscadela discreta e segui rumo ao portão de embarque saltitante como Dorothy no Mágico de Oz.

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Por mais inacreditavelmente afortunada que eu tenha sido, vários amigos não toparam com a mesma sorte, e tiveram que deixar coisas queridas e caras pelos lixos dos aeroportos europeus. Um deles me contou ontem que ficou tão furioso que fez das tripas coração para que seu e-mail soltando fogo pelas ventas chegasse a um responsável pelo Duty Free de São Paulo. E conseguiu o dinheiro de volta.

Alguém já passou pela mesma situação? Alguém sabe se o Duty Free brasileiro já resolveu ser honesto colocando um aviso em letras garrafais avisando sobre este problema?

No site do Duty Free brasileiro há o seguinte aviso (safadíssimo!):
• Líquidos adquiridos em “free shops” podem exceder os limites acima (no item “acima” fala-se que o limite é de 100 ml), desde que dispostos em embalagens plásticas seladas e com o recibo de compra com a data de início do vôo. Esta medida não garante a aceitação da embalagem em outros países.

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