Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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S.O.S. Ramblas de Barcelona: fotos de sexo explícito (pago) são a gota d’água

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h02 - Publicado em 14 set 2009, 09h09

Por aqui, não se fala em outra coisa nos últimos dias. Desde que a imprensa local e nacional compraram a briga, a decadência lamentável em que se encontra um dos principais cartões postais de Barcelona, as Ramblas, virou o assunto do momento.

A gota d’água foi a reportagem publicada pelo jornal El País, com fotos de prostitutas praticando sexo com clientes em via pública, nos arredores do lindo Mercat de la Boqueria. Clique aqui para ver a reportagem e as fotos, impressionantes.

(Ao contrário do que algumas reportagens publicadas mundo a fora dão a entender, essas fotos de sexo explícito não foram tiradas no meio das Ramblas, mas sim numa parte escondidinha na entrada do mercado que, fechado durante a noite, é ponto de junkies, mendigos, travestis, etc – você, brasileiro, jamais passaria por ali de madrugada, instintivamente).

Mas não é de hoje que as Ramblas assumiram o papel de boca do lixo da cidade durante a noite. Se no turno diurno o calçadão mais famoso da capital catalã ainda cumpre o seu gasto papel de cartão postal (com suas estátuas vivas, pintores e vendedores de flores entre), há tempos que durante a noite a avenida se transforma em um desfile de misérias humanas.

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Já era assim quando me mudei para Barcelona, no ano 2000. Mas a onda de imigração ilegal que a Espanha viveu nos últimos anos e a crise econômica mundial, que acertou o país em cheio, contribuíram para agravar o problema.

Além de ser um dos principais focos de ação de batedores de carteira (é bom ficar com os olhos bem abertos também durante o dia, diga-se), vendedores ambulantes, traficantes e salafrários em geral, as Ramblas são palco de um mercado de prostituição a céu aberto. As profissionais são, em grande maioria, mulheres africanas miseráveis exploradas por máfias de tráfico de seres humanos, que abordam os turistas de maneira cada vez mais agressiva. Uma verdadeira tristeza.

Eu nunca entendi o descaso do governo da Catalunha em relação às Ramblas, uma vitrine da Espanha para o mundo. A única hipótese plausível, ao meu ver, é que essa vista grossa (há uma delegacia enorme nas Ramblas!) funcione como uma maneira (absurda) de manter as prostitutas e os ladrões nas Ramblas – uma região freqüentada predominantemente por turistas — para que não se espalhem pelo resto da cidade afetando, assim, os moradores (que são quem elegem os prefeitos, deputados…). Será?

Foi só começar a gritaria que a polícia apareceu em massa. As pobres prostitutas africanas, por sua vez, se mudaram para outras regiões da cidade, como a Plaça de Glòries e os arredores do Camp Nou (outras regiões já célebres pela prostituição de rua), varrendo parte do problema para baixo do tapete. Os Mossos de Esquadra (a polícia militar Catalã) estarão nas Ramblas até pelo menos o fim do outono, dando uma mão à Guardia Civil, responsável pela vigilância da área normalmente.

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Saem temporariamente prostitutas, chegam os Mossos de Esquadra e pelo menos uma coisa permanece inalterada: o baixo astral.

Melhor evitar.

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