Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Restaurantes escondidinhos de Barcelona que valem a viagem: Martinez

O lugar é uma versão premium daquilo que aqui se chama chiringuito (algo como uma barraca de praia)

Por Adriana Setti
Atualizado em 26 set 2019, 15h47 - Publicado em 20 ago 2014, 17h58

São raríssimos os restaurantes com vistas panorâmicas em Barcelona. Portanto, estar de camarote para o porto e o mar é meio caminho andado. Se ainda por cima um restaurateur experiente (no caso, Josep Maria Parrado, dono do celebrado Cañetes) e bem conectado resolve adotar um espaço queridinho e abandonado… bingo. Aberto no verão passado, o Martinez é um dos restaurantes mais cool do momento em Barcelona, escondido num cantinho do vasto parque do Montjüic, a maior área verde da cidade.

Ir num final de semana de sol é burburinho garantido. De sexta a domingo, rola DJ pra embalar o fim da tarde. Mas o social pode não ser obrigatório. Outra bola dentro: de maio a outubro, o Martinez abre das 10h às 2h30, sendo que a cozinha funciona sem intervalo do meio-dia à meia-noite (outra raridade por aqui). Acabei estando por lá em horário de marajá, numa segundona às 3 da tarde. Sossego total em pleno mês de agosto.

O lugar é uma versão premium daquilo que aqui se chama chiringuito (algo como uma barraca de praia) e ocupa um edifício assinado pelo superarquiteto Oscar Tusquets que levava vários anos abandonado. Se não estiver ventando furiosamente, o mais gostoso é sentar no terraço. Mesas de madeira com cadeiras vermelhas bonitonas estão dispostas sobre um deque,  coberto com uma lona branca charmosa que deixa vazar um pouco o sol. Calor não costuma ser problema nessa parte alta e ventiladíssima da cidade. O espaço interno é protegido por vidros, tem um teto alaranjado divertido e é mais “arrumadinho” (com toalha de mesa e guardanapo de tecido). A vista é incrível dentro ou fora. Afinal de contas, o restaurante fica na encosta do morro do Montjüic, voltado para uma parte bonita do porto de Barcelona.

Panelinha de mexilhões da costa francesaPanelinha de mexilhões da costa francesa
Croquetes para começo de conversaCroquetes para começo de conversa
Cazuela de bogavantes (primo da lagosta) e rape: morri!Cazuela de bogavantes (primo da lagosta) e rape: morri!
As batatas nadando no molho, já coroadas com os ovos pochet: golpe de misericórdiaAs batatas nadando no molho, já coroadas com os ovos pochet: golpe de misericórdia
Crema catalana para arrematarCrema catalana para arrematar

O menu tem cara de verão. A ideia é pedir umas tapas calibradas com vermouth e depois traçar um dos pratos à base de arroz e/ou marisco. E é justamente essa a ideia da Fórmula Martinez, um menu de preço fixo que torna a brincadeira um pouco menos salgada (a garçonete não apresentou essa possibilidade logo de cara, mas havíamos visto no site e pedimos expressamente). Sim, para os parâmetros de Barcelona, o Martinez é caro. Mas você, paulistano ou carioca, vai ver vantagem. A tal fórmula custa € 40 e dá direito a duas entradas, prato principal, salada, sobremesa, vermouth (ou cerveja) e vinho ou cava (meia garrafa por pessoa, com opções de qualidade). Você sairá rolando, isso eu garanto. Comendo a la carte, calculo o preço em € 60 por cabeça (talvez por isso ela não tenha nos oferecido a fórmula logo de cara…).

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Vista "poesia concreta" para Barcelona dos arredores do restauranteVista “poesia concreta” para Barcelona dos arredores do restaurante
O restaurante se esconde num dos cantos desta praçaO restaurante se esconde num dos cantos desta praça
Jardim de cactos que se vê do terraço do restauranteJardim de cactos que se vê do terraço do restaurante
Vista para o portoVista para o porto

O festim começou com o vermouth da casa acompanhado de ensaladilla rusa, a boa e velha salada de maionese. É banal, mas é uma delícia quando bem feita. Como segunda entrada, dá pra escolher entre croquetes de jamón (provei o da minha amiga e achei divino, crocante e sequinho) e mexilhões da costa francesa com limão, vinho branco, louro e cebola. Pequenos e saborosíssimos, os moluscos são servidos numa panelinha charmosa, numa porção fartíssima.

Momento de glória. Por € 10 de suplemento, trocamos o tradicional arroz pela grande especialidade da casa, uma matadora cazuela Martínez, feita com bogavante (um primo da lagosta) e rape (um peixe nobre, carnudo, de sabor suave e consistência firme), sobre um leito de batatas. O delírio acontece em dois atos. Primeiro, você ataca os “bichos”. Uma vez devorados, o garçom leva o leito de batata que nada no molho para a cozinha, e volta depois de alguns minutos com “aquilo” coroado por ovos pochet. Nesse momento, eu já andava satisfeitíssima. Mas engatei uma quinta e corri para o abraço. Depois, pausa para jogar pebolim (há uma mesa no canto do terraço), porque era humanamente impossível pedir a sobremesa depois daquilo tudo. Vinte bolinhas e alguns roletões mal sucedidos depois, encaramos, entre três, um exemplar de cada: crema catalana perfeita, sorvete de iogurte e mouse de chocolate. Porta afora, você tem todo o parque do Montjüic, a maior área verde da cidade, para ajustar as contas com o seu sistema digestivo.

Como chegar: Se você for de táxi (uns € 10 a partir do centro), peça para o taxista deixá-lo no hotel Miramar. De costas para o edifício do hotel, tendo a vista para a cidade à sua frente, o restaurante fica no canto direito da linda Plaça de l’Armada. Também dá para pegar o funicular del Montjuic na estação de metrô Paral-lel e, a partir da parada final, caminhar cerca de 15 minutos.

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Não confunda: Na frente do hotel, há um outro restaurante panorâmico, péssimo, chamado Miramar.

O restaurante ruim, apesar da vista linda, com o qual você não deve confundir o MartinezO restaurante ruim, apesar da vista linda, com o qual você não deve confundir o Martinez

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