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Os prós e contras das plataformas de carona compartilhada (ridesharing) para viagens

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h16 - Publicado em 17 ago 2015, 14h54

Sou uma entusiasta da chamada economia compartilhada e faço bom uso dela, principalmente através do AirBnb. Por outro lado, sou consciente de que o assunto é complexo, de que gera sérios efeitos colaterais e de que cada modalidade (acomodação, caronas, jantares etc) precisa ser discutida e regulamentada urgentemente – tomem como exemplo a polêmica que o Über está gerando no Brasil e a revolução que o AirBnb está promovendo em cidades como Barcelona.

Já levantei a bola dos prós e contras do AirBnb aqui no Blog (veja os links abaixo). Agora vou filosofar sobre as plataformas de ridesharing (carona compartilhada, na falta de tradução melhor) para viagens. Em outras palavras, algo mais ou menos como um Über de longa distância.

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A ideia é genial: reduz gastos de motoristas e viajantes, diminui a emissão de CO2 (e possivelmente o trânsito) e não tem grande impacto em nenhuma categoria profissional, como no caso Über X taxistas. Há várias plataformas do gênero. Na Europa, a mais utilizada é a Bla Bla Car, disponível em 19 países e com mais de 20 milhões de inscritos. Segundo as informações fornecidas pelo próprio site, as caronas compartilhadas através da plataforma já geraram uma “economia” de 700 mil toneladas de CO2.

O funcionamento é muito parecido com o do AirBnb. Cada usuário tem um perfil, com email e telefone certificados (através de link e código de confirmação recebido por SMS). Também é possível acrescentar uma pequena descrição pessoal e preferências como “gosto de conversar”, “gosto de ouvir música”, “permito fumar”, “animais de estimação aceitos” etc.

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Para encontrar uma carona, basta digitar o destino e a data da viagem e escolher entre os motoristas que farão o trajeto desejado. Cada trecho acaba tendo um preço padrão, que pode variar um pouco conforme a época e o tipo de carro. Às vezes, custa muito mais barato do que ir de trem. Para San Sebastián, no País Basco, por exemplo, um Bla Bla Car de Barcelona sai € 15 euros mais barato do que um bilhete de trem e você chega quase duas horas antes. Já para Madri, mais vale comprar a passagem do trem bala com antecedência, porque a diferença de preço não compensa o risco.

Risco? Até ontem, embarcaria num Bla Bla Car sem hesitar. Mas a aventura de uma amiga (heavy user de ridesharing) a caminho da França nesta madrugada me fez pensar sobre alguns perrengues e riscos do serviço. Resumindo a história: a carona deveria passar no ponto combinado, em Barcelona, às 19h. Vindo de Alicante (ou seja, já tendo rodado 540 quilômetros), o cara chegou meia-noite, de mau humor, para encarar mais uma jornada de 500 quilômetros. De quebra, ele tinha um jet-ski no reboque (o que implica reduzir a velocidade), o carro era apertado e a mala dela (para a qual tinha reservado espaço com antecedência) por pouco não coube no bagageiro abarrotado até o teto. Ah, e ele também fumava cigarro eletrônico com cheiro de morango.

Sem se importar com o atraso, o motorista parou longamente várias vezes durante a viagem, uma delas para comprar caixas e caixas de cigarro para levar de muamba para a França (na Espanha é bem mais barato). Diante da reclamação da minha amiga, o sujeito disse que ela poderia descer e pegar um táxi se quisesse (a essas alturas, estavam em La Jonquera, na fronteira com a França, numa zona famosa por ter o maior bordel da Europa). Daí pra frente rolou um bate-boca pesado e a viagem seguiu no maior climão. No fim das contas, ela chegou em Aix-en-Provence quase seis da manhã, cinco horas depois do previsto. Não foi nenhuma história escabrosa, mas certamente teve uma dose muito maior de tensão do que ela merecia na volta de um retiro budista (sim!).

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Discutindo com minha amiga sobre medidas de precaução ao usar o serviço (e semelhantes), elaboramos essa listinha esperta de sobrevivência:

– Só escolha motoristas experientes e acostumados a usar o serviço de carona compartilhada, que tenham várias resenhas positivas (tudo isso está indicado no perfil do motorista).

– Não viaje de carona quando você tiver data e horário certo para estar em certo lugar. Cancelamentos de última hora e atrasos acontecem com certa frequência.

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– Evite viajar sozinh@ – o aplicativo mostra se algum outro usuário vai pegar carona no mesmo carro.

– Viaje de carona apenas quando o preço da passagem for bem mais em conta do que o trem/ônibus, e/ou se o trajeto for muito mais rápido de carro.

– Você não tem como saber o que os outros usuários estão carregando na mala, certo? Então etiquete e tranque a sua bagagem para evitar maiores problemas no caso de controle policial e coisas do tipo. Ainda assim, esse é sempre um risco que você sempre corre…

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– Evitar viajar à noite.

– Dê preferência a motoristas que fazem o trajeto em questão habitualmente (o aplicativo avisa quando é o caso).

– Evitar pegar um carro que vem de outra cidade, o que reduz as chances de atraso e de fatiga do motorista.

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– Antes de pagar, mande uma mensagem para o motorista perguntando se você pode mesmo contar com a pontualidade. “Sentir” o tom da pessoa pode ser um bom começo.

– Reserve com a maior antecedência possível par escolher um carro maior, um motorista mais experiente etc.

– Se o motorista chegar bêbado, exausto, nervoso, fumado, babando na gravata ou com qualquer tipo de esquisitice que faça os seus alarmes internos dispararem, invente uma desculpa e desista da viagem.

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