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Um roteiro de 1 mês pelo Sudeste Asiático

Por Laura Capanema
8 dez 2014, 20h05

Pois é: viajar para a Ásia está tão ou mais barato do que rodar pelo Brasil, EUA e Europa. A competição entre as companhias aéreas, o aumento das conexões e o crescimento do interesse dos brasileiros pelos destinos asiáticos têm derrubado o preço das passagens. E uma vez por lá, os $$$ costumam ser bem camaradas. Ou seja, tá fácil ir dar uma olhadinha no outro lado do mundo!

Eu já tinha explicado aqui sobre as melhores formas de chegar ao Sudeste Asiático voando do Brasil. Agora vou contar qual seria o meu roteiro de 30 dias por lá, se estivesse indo pela primeira vez.

A região é enorme e vale um ano inteiro de viagem. Mas, de primeira, vamos de clássico. E o clássico é conhecer a Tailândia e a península da Indochina (região onde a França estabeleceu colônia no século 19, hoje formada por Camboja, Laos e Vietnã).

A Tailândia é a Tailândia, sucesso total – Bangcoc foi a cidade mais visitada do mundo em 2013, com 15,98 milhões de turistas (desbancando Londres, com 15,96 milhões, e Paris, com 13,92 milhões). E a Indochina é toda linda, histórica, gastronômica, barata… e de uma delicadeza só.
Partiu?

Eu faria a viagem em nove paradas, ficando no mínimo dois dias em cada. É cansativo, mas é o essencial para captar os highlights.
Prepare-se para, depois de voar por muitas horas, pegar carona de motos, tuk-tuks, bikes, canoas, barcos e ônibus leeentos.

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Para ter um primeiro “aperitivo” da região (que já dá um bom caldo), eu indicaria estas cidades, nesta ordem:

Vertigo Bar, na cobertura do Banyan Tree Hotel

Vertigo Bar, onde vertigem é mato, na cobertura do Banyan Tree Hotel, em Bangcoc

1. Bangcoc, Tailândia – 5 dias
Ela é a grande estrela do Sudeste Asiático e o principal hub de conexões para todo o continente. Ou seja, é bem provável que você vá parar lá em algum momento da viagem (se não chegar por lá). Os europeus já se amontoam em Bangcoc há anos, e agora os brasileiros estão descobrindo-a também. A diversão é garantida na babélica Khao San Road (ou “Caos” San Road), a rua das barraquinhas de comida, quinquilharias coloridas, baladas loucas que vendem cerveja por US$ 1, e muitos albergues. Tudo acontece ali, mas não só: Bangcoc tem restaurantes de pompa com muito peixe fresco, arroz doce, manga e receitas que levam leite de coco (a maioria com preços irrisórios), rooftops com drinks coloridos e vistas de babar, templos e mais templos com Budas deitados e dourados, um Mercado Flutuante curioso e famoso, hotelões icônicos, bazares mil. Eu diria que Bangcoc, por ser bem cosmopolita, talvez seja a melhor porta de entrada do Sudeste Asiático. Ali estão as mais belas amostras do que você verá pela frente – cores, sabores, aromas, sotaques, histórias. Se jogue.

2. Praias da Tailândia  – 5 dias
Desça para as praias do sudeste ou sudoeste antes de subir para o norte (e de lá emendar no Laos, depois no Vietnã, e por fim no Camboja). Os dois lados do sul do país são repletos de praias e ilhotas idílicas. Basta escolher a que mais tem a ver com você.
A ilha mais famosa do país, que encantou o mundo no tal filme do Leonardo DiCaprio, é Koh Phi Phi. Ela fica a duas horas de ferry boat da cidade de Phuket (e se eu puder te dar um conselho fervoroso é esse: pule Phuket, cheia de resortões e sem personalidade, e venha direto para cá). Os viajantes mais obstinados costumam dizer que a ilha “é lotada e turística demais” (especialmente a praia de Maya Bay, onde foi filmado o longa), mas acho imprescindível passar por lá para ver aquilo de perto, nem que seja só uma vez na vida. O visual, de fato, é um estrondo: são duas baías com água verde-esmeralda, em meio a rochedões que brotam do mar (e uma diária em um hotel com bangalô de bambu fincado na areia pode custar US$ 20). Difícil resistir, né? Ah, ali está a península de Railay, que foi eleita uma das praias mais bonitas da Tailândia.
Mas se você não quer correr o risco de praia lotada nas férias, fuja da muvvuca na vizinha Hat Yao.
Ou siga para  Krabi, Koh Lanta ou Koh Tao, todas deslumbrantes.
Ou descubra uma ilhota nova ainda pouco desbravada para chamar de sua… (e me conte, por favor!). A Tailândia ainda é cheia de segredinhos assim.

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Barquinho típico de Koh Phi Phi

Barquinho típico de Koh Phi Phi

3. Chiang Mai, Tailândia – 3 dias
Depois de relaxar até o dedão do pé, volte a Bangcoc e suba para o norte de ônibus ou de trem (ou voe de alguma cidade do sul para lá). O próximo destino é Chiang Mai, essa cidade-delícia rodeada por arrozais, templos, aldeias e florestas com tirolesas. Aqui há ótimos hotéis, cursos de culinária, trekkings de elefante e mosteiros que recebem turistas em busca de silêncio. Nos arredores, também estão Chiang Rai e Pai, ambas purificantes e ótimas para dar uma relaxada depois do caos bangcoqueiro, ou continuar descansando até a última ponta depois de muitos dias de praia. Aproveite para visitar a tribo Kayan Lahwi (daquelas mulheres que cobrem o pescoço com argolas) e o templo dos tigres, onde pode-se dar mamadeira para um tigrinho-bebê e abraçar outro gigantão (há também um desses nas cercanias de Bangcoc, mas a experiência em Chiang Mai é, digamos, menos “muvucada”).
Dizem que os tigres são “bonzinhos” porque são bem cuidados pelos monges, mas vai saber qual é a verdade por trás disso (alguém sabe?). Esses templos dividem opiniões há anos.

4. Luang Prabang, Laos – 3 dias
No norte do Laos, essa cidadezinha com ares de vilarejo – que tem duas ruas principais e anda no ritmo leeento das bikes –  é a grande joia de todo o Sudeste Asiático. Ali você verá um belo ritual budista diário pelas manhãs e centenas de monjes em trajes cor de laranja descalços pelas ruas. E vai se divertir. Muito.
(alguns aproveitam a experiência no Laos para visitar a capital Vientiane, mas eu não passei por lá e ouvi muitos relatos de que não vale a pena. Mas acho que se você tiver tempo é um caso a se considerar).

5. Hanói, Vietnã – 4 dias
A capital do antigo Vietnã do Norte é o ponto de partida para o passeio mais bonito do país: o da baía de Halong (todas as agências de turismo de Hanói vendem o pacote, que também pode ser comprado na recepção da maioria dos hotéis e albergues). Não perca por nada a experiência de passar uma noite no barco entre a paisagem surreal de montanhas e ilhotas ao redor de uma água verde-esmeralda. Só por isso Hanói já se justifica, mas quem puder gastar uns bons diazinhos por lá vai poder provar com calma uma das melhores gastronomias do mundo. Nham.
(Ah, quem tiver mais tempo tem que ir a Sapa, cidadezinha no extremo norte cortada por campos de arroz. Dá para ir por conta própria, mas a dica é comprar nas agências de Hanói o pacote de 3 ou 4 dias, que tem pernoites na casa dos locais, alimentação e transporte incluídos).

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a belezura enlouquecedora de Halong Bay

a belezura enlouquecedora da Baía de Halong

6. Hoi An – 3 dias
Sem dúvida, a parada mais imperdível da meiuca vietnamita. Geralmente passa-se por ela de ônibus na viagem entre o norte e o sul – de Hanói a Ho Chi Minh. Perca, fácil, três dias por seus emaranhados de ruelas, lojas de luminárias coloridas e de antigos pôsteres de propaganda comunista. Hoi An também é conhecida por seus alfaiates, e a grande brincadeira é mandar fazer uma roupa “perfeita” para as suas medidas – uma amiga encomendou dois vestidos de festa lá, de seda pura, por US$ 50. Por reunir muitos mochileiros, costuma ter uma noite agitada, concentrada em um ou dois bares do momento (aquelas festas em que você encontra de noite todas as pessoas que conheceu pela cidade de manhã).
Quando estive por lá apelidei-a de “cidade dos ratos”: nunca vi tantas ratazanas circulando livres e tranquilonas. Mas ninguém se incomoda e, diante de um lugar tão delicado, as histórias dos ratos acabam virando piada (mas evite sentar nas almofadas de futón no chão dos restaurantes. Mesmo).

7. Ho Chi Minh City – 2 dias
A antiga Saigon, no extremo sul do país, é uma metrópole de 6 milhões de habitantes – e muitas vezes ela é cortada dos roteiros de viagem mais corridos por sua supercara “de cidadezona difícil, cheia de motocicletas barulhentas”. Mas dá-lhe feiras coloridas de frutas e barraquinhas de macarrão feito na hora. Ho Chi Minh é simpática, e ainda tem o divertido Mercado Ben Thanh, que é um dos mais legais da Ásia. Mas sua verdadeira importância é outra: a força do passado de guerra, presente no Museu dos Remanescentes da Guerra, onde estão expostos tanques e armamentos reais do conflito; e no histórico Palácio da Reunificação, onde foi selada o fim da batalha, em 1975. Uma aula de história.

8. Phnom Pehn – 2 dias
O Camboja tem um dos passados mais tristes do mundo. Entre 1975 e 1979, o país foi governado pelo Khmer Vermelho, facção extremamente violenta que foi responsável pelo genocídio de 3 milhões de pessoas. Logo, Phnom Penh, a capital de 1,5 milhão de habitantes, ainda exibe memórias dessa história no Museu Tuol Sleng, visita obrigatória para quem quiser entender melhor a complexidade do país. (E nos Campos de Concentração de Choeung Ek, um lugar mais pesado mas não menos interessante, são exibidos os crânios dos prisioneiros).

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9. Siem Reap, Camboja – 3 dias
Essa é a cidade-base para explorar os famosérrimos tempos de Angkor Wat. Ou seja, imperdível né? Tem gente que viaja centenas de milhares de quilômetros só para ver isso, então uma vez que você veio parar aqui, nesses arredores asiáticos, tem a obrigação de ir visitá-los. Os santuários da antiga capital do Império Khmer entre os séculos 9 e 13 são nada mais que o maior templo religioso já erguido pelas mãos do homem – são 1000 quilômetros quadrados. Se hospede em algum hotel ou albergue local e vá (de bike, tuk-tuk ou na garupa de alguma moto) até a entrada dos templos, a 7 quilômetros de lá. Vale ir de manhã bem cedo, quando o sol nasce dourado.
Há passes para 1 ou 3 dias. Se você tiver toda a curiosidade do mundo, vá de 3. Se não, vá um dia só mesmo (é cansativo, mas já dá para ver muita coisa) e descanse nos outros, andando de bicicleta e conhecendo gente pelos bares e restaurantes da cidade. Afinal, essa é a última parada de uma longa jornada e a volta para casa será… longa.

No fim, você voa de Siem Reap de volta para Bangcoc, e de lá pega o voo para o Brasil. E volta feliz da vida.

A entrada dos templos de Angkor Wat, a atração que colocou o Camboja no mapa do turismo mundial

A entrada dos templos de Angkor Wat, a atração megalomaníaca que colocou o Camboja no mapa do turismo mundial

 

Já fez essa “primeira viagem” para o Sudeste Asiático? Como foi o seu roteiro? E qual cidade você não deixaria de incluir? Mande as suas dicas para nós!

 

 

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