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Férias frustradas

Ele comprou três noites de hotel em um site de compras coletivas, mas não conseguiu reservar na data anunciada. Tudo o que não funcionou, e as lições que tiramos daí

Por Fabrício Brasiliense (edição)
Atualizado em 16 dez 2016, 00h50 - Publicado em 17 set 2011, 21h22

Comprei pelo site do Click On três diárias para o hotel Costa do Sauípe por R$ 1 098. A oferta divulgada no site de compras coletivas mencionava algumas datas de embargo, mas que a hospedagem poderia ser realizada em qualquer outro dia até 30 setembro. A primeira frustração aconteceu quando recebi o voucher dizendo que a data-limite para usufruir da promoção era até 30 de junho. A segunda foi quando tentei reservar pelo site do hotel e não encontrei nenhum fim de semana disponível, mesmo eu tendo ligado na primeira manhã em que as reservas foram abertas. – Amauri Vidal dos Santos, Ipojuca, PE

Amauri Vidal é um habitué dos clubes de compras pela internet. “Já comprei mais de 20 ofertas. Mas essa foi a primeira vez que adquiri a estada em um hotel, e não sei se farei novamente”, diz ele. Encaminhamos o caso para a diretora de marketing do Click On, Cláudia Woods, que justificou o motivo da diferença entre as datas do site e do voucher. “A oferta entrou no ar à meia-noite. No dia seguinte, notamos um erro na data de divulgação, que foi prontamente corrigido”, explica. “Se por esse motivo o leitor ou qualquer outro consumidor decidir que não quer mais a oferta, basta entrar em contato com o Click On, e nós devolveremos o dinheiro”, garante ela. Amauri não percebeu a mudança porque descobriu a promoção do resort em um agregador de ofertas on-line. Esses sites fazem uma varredura automática de tudo o que está sendo ofertado nas empresas de compras coletivas. “A página não deve ter sido atualizado após a primeira varredura. Ou seja, quando fizemos a alteração da data no dia seguinte, o site agregador ficou defasado”, diz Cláudia. Vale lembrar que, nesse caso, os sites agregadores não podem ser culpados. “Como eles apenas anunciam as ofertas e não intermediam pagamentos, eles são isentos de responsabilidade”, afirma a advogada especializada em direito digital Patrícia Peck Pinheiro.

Com relação a não conseguir reservar em fins de semana, a diretora de marketing disse que a regra da promoção mencionava que as reservas estavam sujeitas à disponibilidade. “Não podemos garantir que haverá apartamentos em todas as datas.” No site reclame aqui, a oferta do Costa do Sauípe no Click On teve 28 queixas de clientes que também não conseguiram reservar. “Para uma empresa que negocia mais de 20 mil cupons por dia, essa quantidade de reclamações não é alta”, diz o diretor de operações do Click on, Lars Lebber.

Amauri disse à VT que preferiu usufruir da oferta e acabou reservando a hospedagem com início em um domingo.

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Em fevereiro, fiz um cruzeiro a bordo do MSC Opera, que fez Santos-Buenos Aires-Punta del Este-São Francisco do Sul-Santos. Estávamos em 11 pessoas, e reservamos quatro cabines. Eu e meu marido ganhamos upgrade para uma cabine mais espaçosa. Contudo, teríamos de dormir em camas separadas, pois era uma cabine adaptada a portadores de necessidades especiais. Explicamos a situação na recepção, pedimos que nos recolocassem na cabine originalmente reservada, mas o processo levou quatro horas. A cabine da minha mãe e a minha estavam com problemas na vedação. Cada banho resultava em alagamento. Duas cabines de amigos ficaram sem água na privada durante três dias. Das 17 às 21 horas, não havia onde comer. A previsão era de que chegaríamos a Buenos Aires às 9 horas. Recebemos um informativo na madrugada anterior que dizia que só atracaríamos às 6 da tarde, devido a problemas climáticos. Achei a explicação pouco plausível porque o dia estava lindo e firme, e, um dia antes, o navio MSC Lirica tinha atracado sem problemas. Resumindo: o roteiro previa dois dias em Buenos Aires e acabamos ficando apenas um. Perdemos o city tour que havíamos contratado por fora. Tentamos cancelar a van que havíamos alugado a bordo no segundo dia, mas não conseguimos. – Angelica Carneiro Dibo, Rio Verde, GO

Enviamos todas as queixas de Angélica para a MSC, que respondeu ponto a ponto por meio de sua assessoria de imprensa. A armadora: 1) admite que a cabine adaptada a portadores de necessidades especiais não permite junção de camas; 2) diz que não havia nenhuma reclamação formal nos relatórios do navio a respeito de alagamento de cabines ou falta de água nos vasos sanitários; 3) esclarece que o navio dispunha de serviço de quarto 24 horas; e 4) informa que as condições climáticas em Buenos Aires naquele dia eram ruins, e o canal de navegação no Rio da Prata estava fechado para navios até o dia seguinte. Ainda segundo a armadora, o MSC Lirica conseguiu atracar porque partira bem antes de seu porto de origem. Até aqui, então, o que ocorreu com a leitora faz parte de circunstâncias previsíveis em um cruzeiro (na próxima vez em que encontrar vazamentos ou falta de água, Angélica, procure formalizar sua queixa ainda a bordo, e guarde consigo uma cópia). Em relação à compra da excursão, a MSC lembrou das cláusulas previstas no contrato de prestação de serviços. Em caso de desistência, não é feita a devolução. Já sobre o city tour, a operadora que tinha contratado o receptivo em Buenos Aires aceitou devolver os US$ 196 que Angélica tinha desembolsado como metade do valor do passeio.

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