Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Plataforma: a melhor pior balada de Barcelona

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h02 - Publicado em 28 set 2009, 16h09

A pista do Plataforma: repare que está todo mundo rindo e não tem ninguém com cara blasé, así me gusta.

Ninguém sai de casa bonitinho e perfumado com a intenção de ir ao Plataforma. “Acabei no Plataforma” e não “fui ao Plataforma” é a maneira como você relata a inesquecível experiência. É mais ou menos como o Love Story de São Paulo. Ninguém vai ao Love Story, mas todos acabam lá alguma vez na vida (ou várias).

“É o típico antro onde te deixam entrar quando todas as discotecas da região estão abarrotadas”, definiu um habitué acidental em um fórum da internet onde fui buscar o endereço da casa (é óbvio que o Plataforma não tem site, um lugar desses não pode ter site).

É isso mesmo. O “Plata” não requer planejamento prévio. Mesmo porque não requer nenhum figurino ou comportamento padrão para passar pelo porteiro. Quem questiona “entrar ou não entrar” é sempre você mesmo. “Potz, nós vamos messsmo entrar no Plataforma?” se perguntam todos enquanto a fila anda absurdamente rápido (tática de marketing, se desse tempo de pensar mais uma vez talvez o lugar vivesse vazio), mesmo no ápice do sábado à noite.

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Calça de moleton com chinelo, smoking ou fantasia de colombina. Dá tudo na mesma. Na escuridão infernal da pista de dança todos os gatos são pardos. A flexibilidade estética também se aplica à seleção musical, que transita sem papas na agulha entre heavy metal basco (que rendeu um momento Should I Stay or Should I Go e algumas queimaduras de cigarro no meu braço no último sábado), YMCA’s da vida, flamenco, pop trash, a fina flor da movida madrilenha e outras porcarias que fizeram as ombreiras espanholas chacoalharem nos anos 80.

“Es tan malo que es bueno” é a definição perfeita. E o resultado de tantas receitas despretensiosas aplicadas ao mesmo lugar é um bando de gente dançando até se descabelar, às gargalhadas, até as 7 da matina.

Eu já gostei de frequentar aos clubes mais chachi piruli (uma das expressões mais engraçadas do espanhol, que dispensa tradução). Mas hoje em dia troco feliz da vida um salto por uma risada, um porteiro carrancudo por uma porta aberta e “gente bonita” por gente animada de verdade.

Vá por mim: acabe no Plataforma.

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Plataforma: Calle Nou De La Rambla, 145 (duas quadras depois da famosa Apolo). 11 euros com uma bebida.

Atenção: a única noite com coerência musical é a de quinta, dedicada ao Drum and Bass (um prato cheio para quem gosta desse “ritmo sem ritmo”, mas que pode não ser tão divertida).

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